Fusões e aquisições têm ano recorde
Foram anunciadas 879 transações (8,2% mais do que em 2013), que movimentaram cifra superior a US$ 108 bilhões
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2015 às 08h12.
São Paulo - Enquanto o mercado de ações ficou quase no zero a zero em 2014, fazendo com que o ano passado fosse o pior da última década, o negócio de fusões e aquisições teve o melhor ano da história no Brasil.
Nem o calendário de Copa e a indefinição com as eleições presidenciais atrapalharam a decisão dos investidores de comprar ou dos empresários de colocar seus negócios à venda.
Segundo levantamento da consultoria PwC, foram anunciadas 879 transações (8,2% mais do que em 2013), que movimentaram cifra superior a US$ 108 bilhões.
Em 2015, as fusões e aquisições devem repetir o ritmo. O jornal O Estado de S. Paulo entrevistou executivos de sete diferentes bancos de investimentos.
Todos avaliam que o nível de negócios vai pelo menos ser mantido. Marcus Silberman, do Bank of America, diz que, neste momento, há mais diálogos sobre operações do que havia no início do ano passado.
O diretor de um grande fundo de pensão confirma: "Em 2014, dava para limpar as gavetas no mês de janeiro, de tão parado."
Alguns fatores explicam o entusiasmo dos bancos com as fusões e aquisições neste início de ano. Um deles está ligado à operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga contratos superfaturados com a Petrobrás: as construtoras envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em função de suas restrições de crédito.
Completam o cenário as empresas de óleo e gás, o setor elétrico com dificuldades de financiamento, a baixa taxa de ocupação dos imóveis comerciais e o preço dos ativos locais na Bolsa. Além disso, o dólar valorizado frente ao real deixa as empresas mais baratas para os gringos.
Preço
Ainda assim, há desafios no curto prazo. Quem quiser fechar negócio neste ano terá de enfrentar um cenário macroeconômico mais difícil, com pressão inflacionária, juros altos e preços enfraquecidos de matéria-prima, diz o diretor do Goldman Sachs, Antonio Pereira.
O ponto crucial dessa equação é que o investidor, ao olhar uma empresa, pensa no longo prazo e no patamar de preços dos ativos - que, neste momento, têm se mostrado atrativos no Brasil.
Os vendedores estão sob pressão, o que pode fazer com que negócios há muito esperados sejam finalmente concretizados. Um deles é a consolidação do setor de papel e celulose.
"Toda vez que tem escassez de capital em algum setor é preciso tomar alguma decisão estratégica, seja consolidar ativos, fazer capitalização ou mesmo vender ativos. Isso está mais evidente no setor elétrico e de infraestrutura", diz Patrícia Moraes, que comanda o banco de investimentos do JP Morgan no Brasil.
Segundo ranking da consultoria Dealogic, o JP, no ano passado, ficou em quinto lugar no ranking dos bancos que estiveram à frente do maior volume de negócios anunciados.
Mas Patrícia diz que, mesmo assim, os resultados do negócio para o banco cresceram entre 20% e 25%, quase compensando o fato de os lançamentos no mercado de ações terem ficado à deriva. Em 2014, foram feitos apenas dois lançamentos.
Compensação
Também no Itaú BBA, a redução dos negócios no mercado de ações foi quase toda compensada. Segundo o diretor Roderick Greenlees, esse foi o melhor ano de sua história em negócios de compra e venda de empresas.
Foram 64 ao todo - dez anunciadas somente em dezembro. Pelo ranking da Dealogic, entretanto, o banco ficou em quarto lugar.
Greenlees diz que isso se deve ao fato de cerca de 20 operações lideradas pelo banco não terem tido seu volume anunciado. Uma das mais importantes foi a fusão que a CSN promoveu entre Namisa e Mina de Pedra, em que o banco assessorou o grupo asiático sócio da Namisa.
Fica melhor no ranking quem participa das grandes operações do ano. Foram 22 acima de US$ 1 bilhão. A maior delas, segundo a PwC, foi a da GVT com a Telefônica, que movimentou US$ 9,7 bilhões.
A segunda foi a venda dos ativos da Portugal Telecom para a francesa Altice - transação anunciada no fim de novembro e que ainda depende da aprovação dos acionistas da PT (a assembleia que tratará deste assunto está marcada para o dia 22).
O terceiro maior negócio foi a fusão da própria PT com a Oi - o anúncio foi feito em outubro de 2013, mas concretizado com o processo de capitalização realizado em abril, quando os ativos da PT foram incorporados à Oi.
Os negócios envolvendo a supertele brasileira e a operadora portuguesa definiram o ranking dos bancos que mais ganharam com fusões e aquisições no ano passado.
Foi assim que o Bradesco, por exemplo, ficou de fora e o Credit Suisse tomou a liderança do BTG Pactual. O Credit pediu à Dealogic que recontasse sua participação na operação da PT e passou o BTG, que é assessor da Oi.
Em quantidade, no entanto, o BTG saiu na frente, com o dobro de operações. O diretor Marco Gonçalves, enfatiza que algumas delas não tiveram valores anunciados. Mas, independentemente do ranking, ele está otimista com 2015, assim como seu concorrente, Fabio Mourão, do Credit.
Ele lembra que há anos os investimentos estrangeiros diretos para o Brasil têm se mantido estáveis na faixa dos US$ 65 bilhões, o que atrai muito capital de fora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Enquanto o mercado de ações ficou quase no zero a zero em 2014, fazendo com que o ano passado fosse o pior da última década, o negócio de fusões e aquisições teve o melhor ano da história no Brasil.
Nem o calendário de Copa e a indefinição com as eleições presidenciais atrapalharam a decisão dos investidores de comprar ou dos empresários de colocar seus negócios à venda.
Segundo levantamento da consultoria PwC, foram anunciadas 879 transações (8,2% mais do que em 2013), que movimentaram cifra superior a US$ 108 bilhões.
Em 2015, as fusões e aquisições devem repetir o ritmo. O jornal O Estado de S. Paulo entrevistou executivos de sete diferentes bancos de investimentos.
Todos avaliam que o nível de negócios vai pelo menos ser mantido. Marcus Silberman, do Bank of America, diz que, neste momento, há mais diálogos sobre operações do que havia no início do ano passado.
O diretor de um grande fundo de pensão confirma: "Em 2014, dava para limpar as gavetas no mês de janeiro, de tão parado."
Alguns fatores explicam o entusiasmo dos bancos com as fusões e aquisições neste início de ano. Um deles está ligado à operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga contratos superfaturados com a Petrobrás: as construtoras envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em função de suas restrições de crédito.
Completam o cenário as empresas de óleo e gás, o setor elétrico com dificuldades de financiamento, a baixa taxa de ocupação dos imóveis comerciais e o preço dos ativos locais na Bolsa. Além disso, o dólar valorizado frente ao real deixa as empresas mais baratas para os gringos.
Preço
Ainda assim, há desafios no curto prazo. Quem quiser fechar negócio neste ano terá de enfrentar um cenário macroeconômico mais difícil, com pressão inflacionária, juros altos e preços enfraquecidos de matéria-prima, diz o diretor do Goldman Sachs, Antonio Pereira.
O ponto crucial dessa equação é que o investidor, ao olhar uma empresa, pensa no longo prazo e no patamar de preços dos ativos - que, neste momento, têm se mostrado atrativos no Brasil.
Os vendedores estão sob pressão, o que pode fazer com que negócios há muito esperados sejam finalmente concretizados. Um deles é a consolidação do setor de papel e celulose.
"Toda vez que tem escassez de capital em algum setor é preciso tomar alguma decisão estratégica, seja consolidar ativos, fazer capitalização ou mesmo vender ativos. Isso está mais evidente no setor elétrico e de infraestrutura", diz Patrícia Moraes, que comanda o banco de investimentos do JP Morgan no Brasil.
Segundo ranking da consultoria Dealogic, o JP, no ano passado, ficou em quinto lugar no ranking dos bancos que estiveram à frente do maior volume de negócios anunciados.
Mas Patrícia diz que, mesmo assim, os resultados do negócio para o banco cresceram entre 20% e 25%, quase compensando o fato de os lançamentos no mercado de ações terem ficado à deriva. Em 2014, foram feitos apenas dois lançamentos.
Compensação
Também no Itaú BBA, a redução dos negócios no mercado de ações foi quase toda compensada. Segundo o diretor Roderick Greenlees, esse foi o melhor ano de sua história em negócios de compra e venda de empresas.
Foram 64 ao todo - dez anunciadas somente em dezembro. Pelo ranking da Dealogic, entretanto, o banco ficou em quarto lugar.
Greenlees diz que isso se deve ao fato de cerca de 20 operações lideradas pelo banco não terem tido seu volume anunciado. Uma das mais importantes foi a fusão que a CSN promoveu entre Namisa e Mina de Pedra, em que o banco assessorou o grupo asiático sócio da Namisa.
Fica melhor no ranking quem participa das grandes operações do ano. Foram 22 acima de US$ 1 bilhão. A maior delas, segundo a PwC, foi a da GVT com a Telefônica, que movimentou US$ 9,7 bilhões.
A segunda foi a venda dos ativos da Portugal Telecom para a francesa Altice - transação anunciada no fim de novembro e que ainda depende da aprovação dos acionistas da PT (a assembleia que tratará deste assunto está marcada para o dia 22).
O terceiro maior negócio foi a fusão da própria PT com a Oi - o anúncio foi feito em outubro de 2013, mas concretizado com o processo de capitalização realizado em abril, quando os ativos da PT foram incorporados à Oi.
Os negócios envolvendo a supertele brasileira e a operadora portuguesa definiram o ranking dos bancos que mais ganharam com fusões e aquisições no ano passado.
Foi assim que o Bradesco, por exemplo, ficou de fora e o Credit Suisse tomou a liderança do BTG Pactual. O Credit pediu à Dealogic que recontasse sua participação na operação da PT e passou o BTG, que é assessor da Oi.
Em quantidade, no entanto, o BTG saiu na frente, com o dobro de operações. O diretor Marco Gonçalves, enfatiza que algumas delas não tiveram valores anunciados. Mas, independentemente do ranking, ele está otimista com 2015, assim como seu concorrente, Fabio Mourão, do Credit.
Ele lembra que há anos os investimentos estrangeiros diretos para o Brasil têm se mantido estáveis na faixa dos US$ 65 bilhões, o que atrai muito capital de fora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.