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Após fusão, Brenco será engolida pela ETH

Empresa sucroalcooleira do grupo Odebrecht vai incorporar a Brenco, que deixará de existir

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A ETH Bionergia, braço sucroalcooleiro da Odebrecht, e a Brenco, criada em 2007 por um pool de investidores, já definiram como irá funcionar a empresa resultante da fusão anunciada no início de outubro. Oficialmente, o discurso será que as empresas se fundiram. Mas, na prática, a Brenco será incorporada pela ETH e deixará de existir.

A ETH Bionergia, que tem ainda a trading japonesa Sojitz como sócia, ficará com 64% da nova empresa. Os sócios da Brenco ficarão com os 36% restantes. A gestão ficará a cargo da ETH. O executivo José Carlos Grubisich é quem vai comandar a nova empresa.

O atual presidente da Brenco, Phillipe Reichstul, vai deixar o cargo até o fim do ano. Seus sócios terão sete dos dez assentos no conselho de administração da nova empresa. Pela Brenco, participarão do conselho apenas três representantes - um do BNDES, um da Ashmore e outro a ser definido entre os sócios.

A auditoria que está sendo feita nas duas empresas deve ser finalizada na próxima semana e a previsão é que, até o fim de dezembro, os contratos estejam assinados. Na negociação, a ETH está sendo assessorada pela Estater Gestão e Finanças em conjunto com o escritório Linklaters. A Brenco, pela Itaú BBA e pelo escritório Pinheiro Neto.

Criada por investidores como o indiano Vinod Khosla, da Sun Microsystems, o ex-presidente do Banco Mundial James Wolfensohn, a americana Ashmore e o fundo de investimentos Tarpon, a Brenco enfrentava dificuldades desde janeiro, por causa da crise financeira internacional e por problemas de gestão. No mesmo período, gigantes do setor, como SantelisaVale e o grupo Moema, também entraram em crise.

Pelo projeto inicial, até 2015 seriam inauguradas dez usinas de etanol e energia renovável na região centro-oeste do Brasil, para atender principalmente ao mercado internacional. A ideia era atingir uma produção de 4 bilhões litros de etanol por ano, construindo todas as usinas, ao invés de comprar as já existentes, como era a prática do setor. Com isso, a empresa planejava ser ambientalmente correta e mais eficiente do que a concorrência.

Mas, até agosto deste ano, a Brenco já havia consumido 700 milhões de reais sem conseguir colocar em operação nenhuma das quatro usinas previstas, como mostrou reportagem de EXAME. Entre maio e agosto, os acionistas foram convocados a fazer um aporte extra de 450 milhões de reais e começaram a procurar compradores. A britânica BP, a francesa Total e a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool se apresentaram como interessadas, mas apenas Petrobras e a ETH fizeram propostas de aquisição. A proposta da ETH foi considerada mais vantajosa.

 

Ao iniciar a negociação com a Brenco, a ETH Bioenergia tinha duas usinas em operação em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Juntas, moeram 3,2 milhões de toneladas e produziram 200 milhões de litros de etanol na última safra. Outras duas usinas entraram em operação de agosto para cá, em Mato Grosso do Sul e Goiás e uma terceira será inaugurada na próxima segunda-feira em São Paulo. A meta é expandir a produção das cinco usinas para alcançar a marca de 28 milhões de toneladas de cana processadas por ano em 2012. Para isso, será necessário investir cerca de 2,1 bilhões de reais nas novas usinas.

 

Com a formação da nova empresa, a expectativa da ETH é moer 37 milhões de toneladas de cana, produzir 3 bilhões de litros de etanol e 2.500 gigawatts-hora (GWh) por ano de energia elétrica a partir da biomassa. Pelo acordo feito em outubro, as empresas se comprometem a manter o cronograma de investimentos que já estava previsto até 2014. Isso quer dizer que caberá somente aos acionistas da antiga Brenco financiar a entrada em operação da usinas. Eles concordaram em converter os 450 milhões aportados na empresa, por meio de debêntures, em investimento. Ou seja, abriram mão de receber de volta esse capital, o que zerou a dívida da Brenco. E ficaram responsáveis ainda por injetar mais 150 milhões de reais para a construção das quatro usinas da Brenco no Mato Grosso do Sul e em Goiás.

Segundo representantes dos atuais acionistas da Brenco, o acordo foi a melhor chance que se apresentou de garantir a sobrevivência da empresa. Se tudo correr bem, a ETH espera fazer a abertura de capital da nova empresa em 2012, quando todas as noves usinas estarão em operação. Para os acionistas da Brenco, pelo menos será uma chance de tentar reaver parte do capital investido.

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