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Funerais dão a bilionários última chance de ostentar riqueza

Muitos empresários e bilionários são agressivamente competitivos na vida “e isso não acaba quando eles pensam que vão morrer”, diz psicólogo.

Morte: Letreiro onde se lê "In Memory" (elinedesignservices/Thinkstock)

Mariana Desidério

Publicado em 26 de agosto de 2018 às 07h00.

Última atualização em 26 de agosto de 2018 às 07h00.

Viva no luxo, morra com extravagância.

Para muitos ricos e poderosos, os funerais estão se tornando a última oportunidade de ostentar uma riqueza imensa, em concorrência com casamentos e aniversários como rito de passagem digno de uma pequena fortuna. Eles estão escolhendo ser enterrados em caixões banhados em ouro de US$ 60.000 e levados por carruagens funerárias puxadas por cavalos ou carros funerários da Rolls-Royce. Alguns até pagam passagens de avião para amigos e familiares irem a funerais em locais exóticos.

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Existe uma indústria artesanal de assessores para satisfazer a demanda, e alguns gerentes de patrimônios estão incentivando os clientes a enfrentar a própria mortalidade e fazer planos com antecedência – não apenas para aliviar o luto de quem fica para trás, mas também por motivos impositivos.

“Há certas expectativas sobre como uma pessoa deve morrer”, disse Ted Klontz, CEO da Klontz Consulting Group. “Isso se transformou na última exibição de poder e riqueza.”

Muitos empresários e bilionários são agressivamente competitivos na vida “e isso não acaba quando eles pensam que vão morrer”, disse Klotz, um psicólogo financeiro que trabalha em Nashville, Tennessee.

Luxo

Alguns recebem serenatas de coros gospel em grandes salões, em meio a um mar de suas flores favoritas trazidas em aviões privados. Outros levam entes queridos ao exterior para verem como seu corpo é empurrado ao mar e o bote é incendiado, como guerreiros vikings.

David Monn planejou alguns dos funerais de mais alto perfil, como as exéquias cheias de celebridades de Oscar de la Renta na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em 2014.

Muitos desses funerais são apenas por convite, disse Monn. Como se fosse um casamento, ele notifica os convidados por correio – muitos são ex-presidentes, políticos no governo e celebridades.

Questão impositiva

Gestores de fortunas privadas e contadores aconselham seus clientes ultrarricos “a lidar com o assunto da própria mortalidade”, disse Elizabeth Meyer, que trabalha como consultora de funerais para famílias ricas e empresas que querem investir no setor.

“Antes, não lidar com a morte era um luxo”, disse Meyer, autora de umas memórias intituladas “Good Mourning”. “Mas em certo patamar econômico, o planejamento do fim da vida é uma questão impositiva.”

Especialmente quando isso pode chegar a custar milhões.

Uma cripta sob a Catedral Velha da Basílica de São Patrício em Nova York está disponível por US$ 7 milhões. Não é uma cripta qualquer: é uma das últimas covas para corpos inteiros disponíveis em Manhattan e pode abrigar oito caixões e 10 restos cremados.

Três famílias proeminentes já manifestaram interesse, disse Frank Alfieri, que supervisiona o cemitério da igreja.

Passar a eternidade em um caixão banhado em ouro nas catacumbas sob uma igreja de 200 anos poderia ser o zênite de uma vida bem vivida.

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