JBS pela Amazônia: pela primeira vez, o fundo apoiará um projeto em terras indígenas (JBS/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2022 às 17h36.
Última atualização em 21 de setembro de 2022 às 11h38.
Com R$ 60 milhões já comprometidos em 12 projetos apoiados, o Fundo JBS pela Amazônia (FJBSA) segue em sua missão de fomentar e financiar ações que contribuam com o desenvolvimento sustentável do bioma Amazônia, o maior do país.
Neste mês de setembro, o FJBSA anunciou sete novas iniciativas que se juntam ao projeto e passam a contar com apoio financeiro para promover suas ações de preservação da floresta amazônica, melhora da qualidade de vida das comunidades tradicionais e indígenas e incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico do bioma. As novas iniciativas se somam a outras cinco que já estavam recebendo apoio financeiro do fundo, além da parceria técnica com a Embrapa.
Nesta nova seleção, a equipe técnica do FJBSA analisou mais de 100 propostas a partir de critérios objetivos, seguindo a lógica de selecionar iniciativas que trabalhem inovação com propósito, uma inovação que atenda as demandas das comunidades de forma inclusiva e participativa.
Pela primeira vez o fundo apoia um projeto em terras indígenas. Seu foco é estimular a cadeia da castanha-do-pará, a produção de artesanato e a formação de uma rede de sementes florestais.
“Os novos projetos apoiados fomentam a pesquisa e o desenvolvimento de ingredientes e produtos a partir da biodiversidade do bioma amazônico, gerando negócios para a região”, destacou em nota Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia. “São projetos inovadores que, sem dúvida, trarão grandes contribuições para a cadeia produtiva amazônica e para as comunidades locais”, completou Andrea Azevedo, diretora de Programas e Projetos do FJBSA.
A iniciativa do Corredor de Cacau é criar um modelo de Arranjo Produtivo Local (cluster ou APL) na região do sudoeste do Pará. Atualmente, há diversos projetos, geridos por diferentes organizações, que operam no local. O objetivo da iniciativa é criar um plano de negócios para um piloto do Corredor de Cacau, integrando as iniciativas. Este seria o passo inicial para criar o primeiro Corredor de Cacau do mundo, combinando a conservação florestal e a restauração. Validado o modelo, em 10 anos, o projeto pretende chegar a 45 mil hectares de áreas restauradas por sistemas agroflorestais no sudoeste do Pará; promover aumento de renda direta, na ordem de 30%, aos produtores via melhoria de produtividade; e gerar R$ 686 milhões em valor agregado, incluindo a criação de 60 mil postos de trabalho e a formalização da cadeia. Por fim, aumentar a produção de cacau nacional em até 90 mil toneladas. O parceiro do fundo neste projeto é a Systemiq, uma consultoria com foco em soluções para problemas complexos que identifica e investe em inovações que possam promover mudanças essenciais no sistema.
O projeto vai financiar projetos de pesquisas para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e ingredientes a partir da biodiversidade da Amazônia, que possam ser utilizados no setor de alimentos vegetais (plant-based). Ao todo, serão financiadas seis pesquisas pelo FJBSA, que terão como objetivo avaliar o potencial de utilização de espécies nativas do bioma Amazônia, como Cupuaçu, Guaraná, Castanha-do-Pará, Babaçu, Cogumelos, entre outras. Serão priorizados projetos de pesquisas que tragam processos tecnológicos inovadores, envolvam comunidades locais e utilizem resíduos das cadeias de produção já existentes com o objetivo de agregar valor a essas cadeias, de acordo com as premissas da economia circular. O parceiro do fundo neste projeto é a The Good Food Institute (GFI), uma instituição sem fins lucrativos que trabalha para acelerar transformações na cadeia de produção de alimentos para torná-la mais sustentável, segura e justa.
Visa dinamizar a bioeconomia em terras indígenas, através da potencialização de cadeias de valor da sociobiodiversidade e do estímulo ao protagonismo de mulheres e jovens no fortalecimento da governança territorial indígena. O projeto busca promover a conservação florestal de 4,5 milhões de hectares localizados em 16 terras indígenas no centro-sul de Rondônia e noroeste do Mato Grosso. Cerca de 650 famílias devem ser beneficiadas pelo projeto, com incremento anual de 5% em suas rendas familiares em 18 meses, por meio da bioeconomia. Também é esperado o aumento em cerca de 20% da produção das três cadeias (castanha, artesanato e sementes florestais). As parceiras do fundo neste projeto são a Forest Trends, organização sem fins lucrativos com mais de 18 anos de atuação com os povos indígenas, a Greendata, um centro composto por 20 associados que atuam com o desenvolvimento de projetos na Amazônia, e a Ecoporé, organização brasileira que atua para compatibilizar os interesses socioeconômicos com a conservação da biodiversidade amazônica.
Este projeto endereça a necessidade de se desenvolver um material sustentável (biocomposto) para substituição parcial e total do polipropileno (PP), a partir do aproveitamento de fibras amazônicas, como o pó de madeira e a casca e o ouriço da castanha-do-pará. O objetivo é estimular a economia da floresta e garantir a sua preservação, ao mesmo tempo em que gera renda para comunidades da região e contribui para promover a inovação no Polo Industrial de Manaus. Os parceiros do Fundo neste projeto são a WTT, que apoia cientistas e inovadores a desenvolver soluções de base científico-tecnológica para desafios do desenvolvimento sustentável, o Idesam, uma organização não governamental com mais de 15 anos de atuação na Amazônia promovendo uma nova economia de base inclusiva e sustentável, e a Tutiplast, especializada em promover soluções em injeções plásticas. As instituições acadêmicas envolvidas na pesquisa são a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O projeto de pesquisa aplicada busca o desenvolvimento de alternativas para a extração de proteína (extratos proteicos) da semente de cupuaçu e da castanha-do-pará para aplicações na indústria alimentícia. O fundo apoiará a primeira fase da iniciativa, que consiste na avaliação preliminar de viabilidade técnico-econômica dos processos, com prova de conceito e estudo de viabilidade técnico-econômica. O piloto será desenvolvido na Cooperativa RECA (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado) em Nova Califórnia (RO). Os parceiros do Fundo são o Senai e a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).
Apoio ao projeto “Pesca Justa e Sustentável” por meio de capacitação de técnicos multiplicadores e da aquisição de equipamentos para os cursos, voltados à boas práticas de processamento e à diversificação da linha de produtos da Asproc (Associação dos Produtores Rurais de Carauari – no Amazonas). Além disso, desenvolverá um diagnóstico do uso da água e geração de resíduos na indústria do pescado, identificando os pontos críticos e direcionando ações para redução da demanda hídrica. Esse projeto será implementado por mais de uma filial da Embrapa: Pesca e Aquicultura, Pecuária Sudeste e Amazônia Oriental. As atividades serão realizadas com engajamento e apoio da Asproc.
A pesquisa visa conhecer a dinâmica do carbono em diferentes usos da terra por meio de tecnologia de ponta para o monitoramento de emissão de gases de efeito estufa e do desmatamento, bem como a valoração de ativos ambientais e crédito de carbono, entre outros usos, servindo de maneira estruturante para a cadeia da restauração. O projeto será realizado em parceria com a Embrapa Acre.
As duas iniciativas em parceria com a Embrapa são resultado do primeiro ciclo de investimentos do fundo – em 2021, o FJBSA e a estatal assinaram um Acordo Geral de Cooperação.
Além do aporte de até R$ 500 milhões feito pela JBS, o fundo conta também com contribuições de outras organizações da iniciativa privada. No fim de 2021, Elanco Foundation e XP anunciaram doações para o projeto. A meta é levar os recursos do fundo a um total de R$ 1 bilhão até 2030.