O interesse dos brasileiros na Cimpor vem de longa data, desde a oferta da CSN, que fracassou em 2010 (Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2012 às 14h27.
Lisboa - O terceiro maior acionista da Cimpor, o fundo de pensão do banco Millennium BCP, decidiu vender a participação de 10 por cento que tem na cimenteira portuguesa, como parte do processo de compra do controle lançado pela brasileira Camargo Correa, informou o BCP.
O fundo de pensão do Millennium BCP é o segundo acionista relevante da Cimpor a dar indicação de que venderá a sua posição, depois de a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), na sexta-feira passada, ter anunciado que está disponível para vender os 9,6 por cento que detém na cimenteira à Camargo Corrêa.
"O BCP comunica ter recebido informação da Pensõesgere, sociedade gestora do fundo de pensões do Grupo BCP, sobre decisão de alienar, no processo de ofertas iniciado pela OPA anunciada pela Intercement (...) as 67,2 milhões de ações representativas do capital social da Cimpor detidas por aquele fundo", informou o BCP em comunicado.
A Intercement, da Camargo Corrêa -maior acionista da Cimpor com 32,9 por cento- lançou, na sexta-feira passada, uma oferta pública de aquisição de 100 por cento da Cimpor, oferecendo 5,5 euros por cada ação. O objetivo seria criar uma estrutura acionista "coerente e estável" na cimenteira, que tem também como sócia a rival Votorantim.
Segundo analistas, este processo de compra lançado pela Camargo Corrêa sobre a Cimpor está "fadado" ao sucesso. O processo deverá levar a um desmembramento da cimenteira líder de Portugal e oitava europeia, numa partilha entre aquele o conglomerado e seu rival Votorantim, os dois atuais maiores acionistas.
O interesse dos brasileiros na Cimpor vem de longa data, desde a oferta da CSN, que fracassou em 2010, mas teve como resultado a alteração da estrutura societária com as duas empresas brasileiras tomando posições estratégicas.
A Camargo Corrêa entrou na Cimpor em 10 de fevereiro de 2010, levando a Votorantim a adquirir sete dias depois também 21,2 por cento e a estabelecer um acordo com o banco estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Mas, a CGD anunciou, na sexta-feira passada, que decidiu vender a sua participação de 9,6 por cento na OPA da Camargo Corrêa, "subordinada a que a Votorantim a dispense do cumprimento de todos os deveres previstos no acordo parassocial, em vigor entre as duas partes".