Funcionário tem braço amputado em usina da Usiminas após novo acidente
Empresa confirmou acidente com eletricista "que realizava atividade de manutenção programada no local " e disse que apura as causas do ocorrido
Reuters
Publicado em 13 de agosto de 2018 às 20h14.
São Paulo - A usina da Usiminas em Ipatinga (MG) teve nesta segunda-feira um novo acidente grave, três dias após a explosão de um equipamento que deixou 34 feridos, informou o sindicato local.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região afirmou que um funcionário da empresa terceirizada Inner sofreu acidente na correia transportadora da sinterização e acabou um braços amputado. A entidade não deu detalhes sobre a empresa terceirizada e não foi possível contatá-la para mais informações.
A Usiminas confirmou o acidente com o eletricista de 36 anos "que realizava atividade de manutenção programada no local quando se acidentou".
"A empresa ressalta que a sinterização não tem ligação com as áreas das ocorrências anteriores e que já está apurando as circunstâncias do acidente", informou a companhia.
Na sexta-feira, um gasômetro, tanque que armazena gases gerados pelo processo de produção de aço, explodiu por volta das 12h. A força da explosão, que pôde ser vista a quilômetros de distância, causou pânico em Ipatinga, cidade que tem a Usiminas como principal empregadora. A explosão deixou 34 feridos e paralisou a produção de aço bruto da companhia.
Antes da explosão, na quarta-feira, um funcionário, também terceirizado, morreu prestando serviços de manutenção em equipamento na área de aciaria da usina.
"Os acidentes, todos eles, são gerados pelas mesmas situações. A empresa não está treinando os funcionários, a empresa insiste em aumentar o lucro a todo o custo aumentando jornada de trabalho por meio de bancos de horas e após a reforma trabalhista, terceirizando a quem oferece o menor preço", afirmou o presidente do sindicato, Geraldo Magela Duarte. "Podemos esperar mais acidentes", acrescentou.
A usina de Ipatinga está em operação desde a década de 1960. O complexo tem três alto-fornos, dos quais o número 1 foi reativado em abril deste ano após ficar parado desde 2015 em meio à queda na demanda brasileira por aço.
Os acidentes ocorrem enquanto a Usiminas discute um plano estratégico de longo prazo, após vários anos de uma intensa disputa entre os sócios Ternium e Nippon Steel pelo controle do dia a dia das operações da companhia.
Na pauta estão discussões que vão desde pesados investimentos para garantir continuidade de operações de mineração , a instalação de uma nova linha de galvanização na unidade e o tipo de reforma que a empresa terá de fazer no alto-forno 3, o maior da unidade, com capacidade para 3 milhões de toneladas de ferro gusa por ano.
Os incidentes também ocorreram cerca de um ano após a companhia concluir uma renegociação de dívida com bancos e outros credores após um processo de refinanciamento que incluiu um aumento de capital de 1 bilhão de reais e um aporte de 700 milhões de reais da unidade de mineração do grupo.
Duarte afirmou que o sindicato enviou à Usiminas pedido para participar das apurações sobre as causas dos acidentes.
Mais cedo, a Usiminas informou que espera a retomada da operação do alto forno 3 até quarta-feira e que já reiniciou operações dos alto fonos 1 e 2 e de laminação a frio e galvanização. As operações com laminadores de chapas grossas e tiras a quente devem retornar na terça e quinta-feiras desta semana.
"Voltar a produção a qualquer custo, sem saber o que aconteceu nos acidentes, é continuar tendo risco de mais acidentes", disse Duarte.
Procurada, a Usiminas afirmou que "segue as melhores práticas internacionais de segurança, alinhadas às da siderurgia mundial. As causas do acidente seguem em apuração pelas equipes técnicas e os trabalhos estão sendo acompanhados pelas autoridades competentes".