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Frenesi chinês por camisinhas levanta a libido no Japão

Em um país onde o desejo sexual cai, uma fabricante local de preservativos está aliviada com a demanda por preservativos estrangeiros da China


	Homem ri: a Sagami subiu 9,6 por cento, para fechar em 583 ienes em Tóquio na segunda-feira, o maior ganho desde 5 de outubro
 (mamahoohooba/Thinkstock)

Homem ri: a Sagami subiu 9,6 por cento, para fechar em 583 ienes em Tóquio na segunda-feira, o maior ganho desde 5 de outubro (mamahoohooba/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 18h31.

No Japão, o desejo sexual caiu tanto que os homens jovens, de libido alterada, são muitas vezes chamados de “soushokukei-danshi” ou meninos herbívoros.

Se isso parece complicado, imagine a situação do fabricante local de preservativos, Sagami Rubber Industries Co., que luta contra uma clientela japonesa cada vez mais reduzida, envelhecida e, agora, também frígida.

Não é de admirar o alívio que a empresa está recebendo com a popularidade que seus preservativos vêm desfrutando além-mar.

A demanda por preservativos estrangeiros aumentou na China e como o número de turistas chineses em visita ao Japão não para de bater recordes, o produto de poliuretano mais fino da Sagami está esgotado.

Agora, a empresa, com sede em Kanagawa, no Japão, está limitando os volumes que saem do estoque para evitar que falte produto nas lojas antes de 8 de fevereiro, Ano Novo Lunar, disse o presidente Ichiro Ohato.

“Graças à entrada deste novo mercado, estamos enfrentando uma escassez repentina", disse Ohato, 67, cuja avó fundou a empresa em 1934.

"Os varejistas vêm nos bombardeando com chamados todos os dias, dizendo que querem mais e mais”.

A Sagami subiu 9,6 por cento, para fechar em 583 ienes em Tóquio na segunda-feira, o maior ganho desde 5 de outubro, enquanto o índice Topix subiu 1,3 por cento.

Os consumidores chineses são atraídos pela “alta qualidade” do produto japonês, especialmente após preocupações em relação à segurança de artigos chineses similares, disse Masashi Mori, analista de ações do Credit Suisse Group AG em Tóquio, em entrevista por telefone.

Meca das compras

Cerca de 5 milhões de chineses visitaram o Japão no ano passado, o dobro que em 2014, segundo a Organização Nacional de Turismo do Japão. Isso reforçou as vendas de bens de fabricação japonesa, desde fraldas e produtos de higiene feminina até panelas para fazer arroz e assentos sanitários.

“O Japão tornou-se uma meca de compras para os turistas chineses devido ao desejo de produtos 'Made in Japan', à experiência de compras única que o país oferece aos turistas chineses, além do recente status de duty-free, agora concedido a turistas”, disse por e-mail Jared Conway, gerente de pesquisa para o Japão da Euromonitor International.

A Sagami, segundo maior fornecedor de preservativos do Japão, também se beneficiou. Suas ações subiram 137 por cento, para 1.071 ienes em Tóquio nos primeiros 10 meses do ano passado, enquanto sua maior rival, a Okamoto Industries Inc., subiu 156 por cento, para 1.099 ienes.

Ambas as ações perderam lucros na sequência da turbulência dos mercados financeiros chineses e de um enfraquecimento do yuan.

Mercado em alta

Para aumentar a produção, Sagami está expandindo uma de suas duas fábricas em Ipoh, na Malásia. Também planeja construir ali uma terceira unidade, disse Ohato.

Até a primavera, ele quer dobrar o volume de preservativos extra-finos que produz para o mercado japonês e chegar a 80 milhões por ano.

Esses produtos, feitos de poliuretano de 0,02 milímetros de espessura, vendidos no varejo pelo dobro do valor do produto de látex padrão da Sagami, custam 1.000 ienes (US$ 8,50) o pacote de seis.

É a demanda chinesa por esses preservativos mais caros que vem causando a escassez frequente de produtos, disse Ohato. Foi isso também o que o levou a começar a distribuí-los diretamente na China no início deste mês.

Os japoneses são menos amorosos e fazem sexo, em média, 45 vezes por ano de acordo com pesquisa feita em 2015 pela Durex Global Sex, que entrevistou mais de 317.000 pessoas de 41 países.

Os gregos, por outro lado, fazem sexo uma média de 138 vezes por ano, em comparação com 96 vezes na China, segundo a pesquisa.

Menos desejo adolescente

Uma pesquisa feita em 2014 pela Associação de Planejamento Familiar do Japão descobriu que 47 por cento das mulheres de 16 a 24 anos de idade não estavam interessadas ou desprezavam o contato sexual - um sentimento compartilhado por 18 por cento dos homens.

O levantamento também descobriu que os casais estavam fazendo menos sexo, com 45 por cento relatando nenhuma atividade sexual no mês anterior, contra 41 por cento em 2012 e 32 por cento em 2004.

Uma pesquisa da própria Sagami em 2013 revelou que 41 por cento dos homens na faixa dos 20 anos foram identificados como virgens. "Eu acho que há um problema real com os homens: eles são tímidos", disse Ohato.

A Sagami tenta ajudar. A empresa promove a “sabishinbo” ou noites para pessoas solitárias em casas noturnas de Tóquio para que os solteiros se encontrem.

O último evento, no Natal, atraiu cerca de 5.000 pessoas, segundo a empresa. Ela doou amostras de seus produtos e as mulheres tiveram entrada grátis.

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