Filho de Buffett banca hidrelétrica para salvar gorilas
Howard Buffett, filho do bilionário investidor Warren, poderá em breve abastecer cidade de energia e também proteger gorilas da montanha
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 22h18.
Nas montanhas arborizadas da parte leste da República Democrática do Congo, um ambientalista belga aposta que uma série de usinas hidrelétricas pode salvar o parque nacional mais antigo da África , proteger os gorilas da montanha que a habitam e levar desenvolvimento econômico e estabilidade para uma região pobre e violenta.
Em 2010, Emmanuel de Merode, diretor do Parque Nacional Virunga, realizou uma pesquisa que concluiu que o parque poderia gerar mais de 100 megawatts de energia.
Trata-se de um volume 25 vezes maior de energia do que a capital regional, Goma, com 1,5 milhão de habitantes, recebe atualmente, diz ele.
Desde então, as autoridades do parque apoiaram o desenvolvimento de uma microusina de 0,4 megawatt em Mtwanga e uma instalação de 14 megawatts, a um custo de US$ 19,7 milhões, em Matebe. A primeira abastece uma fábrica de sabão que gera 400 empregos. A segunda, financiada pelo filantropo americano Howard Buffett, filho do bilionário investidor Warren , poderá em breve abastecer Goma de energia.
“O Virunga é um daqueles parques que não pode ser protegido pelos ambientalistas”, disse De Merode, em entrevista em seu escritório em março.
“Para sobreviver, precisamos de um modelo econômico que atenda as necessidades da população”.
A reserva de 7.800 quilômetros quadrados, tema de um documentário de 2014 nomeado ao Oscar intitulado Virunga, foi fundada em 1925 e abriga alguns dos últimos 700 gorilas de montanha do mundo.
Ela também fica em uma região densamente povoada deste vasto país com 75 milhões de habitantes, onde as oportunidades econômicas são escassas e cada centímetro de terra fértil é cobiçado. O exército do Congo combate dezenas de milícias locais e estrangeiras que operam na região há duas décadas.
Receita perdida
De Merode diz que sua abordagem o tornou impopular perante os demais ambientalistas, mas ele considera que a construção de uma economia local é a única forma de proteger esse lugar, classificado como Patrimônio Mundial pela Unesco.
A reserva de 486.000 hectares de terra fértil e explorável do parque para conservação custa à população local mais de US$ 1 bilhão em receita agrícola perdida, segundo estimativas da equipe de gestão do parque.
“A área coberta pelo Virunga tem um valor excepcional para toda a humanidade, mas também tem um custo e esse custo está sendo bancado localmente por algumas das pessoas mais pobres da Terra”, disse De Merode. “Nossa meta é criar uma indústria que seja dependente do parque e que possa compensar esse custo”.
De Merode disse que, além da hidrelétrica e de setores agrícolas associados, o turismo também pode impulsionar o desenvolvimento. A receita com o turismo chegou a US$ 1,7 milhão no ano passado, contra US$ 500.000 em 2014, e deverá aumentar em pelo menos 50 por cento neste ano, disse ele.
Demanda por energia
Matebe é o primeiro projeto hidrelétrico a ser concluído após a aprovação de uma lei, em junho de 2014, que prevê a liberalização do setor elétrico do país.
Embora o Congo tenha uma capacidade instalada de geração de energia de 2.442 megawatts, os anos de baixos investimentos fizeram a produção real cair para cerca de 1.329 megawatts em 2014. Atualmente, a usina abastece vilas próximas e a sede do parque por meio de uma linha de energia de 40 quilômetros.
“Após trabalhar com parceiros na República Democrática do Congo nos últimos 14 anos, estamos convencidos de que criar empregos em setores sustentáveis por meio de instituições do Congo é fundamental para criar uma paz duradoura na região”, disse Buffett, que financiou a usina de Matebe, em comunicado publicado no site da organização Save Virunga.
Na ausência de outras fontes de energia confiáveis, a usina Matebe é pressionada pela empresa estatal de energia a enviar eletricidade para Goma, disse De Merode.
“Nossa responsabilidade inicial é com as comunidades rurais dos arredores do parque”, disse ele, acrescentando que está otimista em relação ao potencial alcance futuro da eletricidade gerada pelos rios que fluem do interior montanhoso do parque.
“Realmente existe potencial para desenvolver um setor transformador”, disse ele. “O parque pode se tornar um motor por trás de uma nova economia”.
Nas montanhas arborizadas da parte leste da República Democrática do Congo, um ambientalista belga aposta que uma série de usinas hidrelétricas pode salvar o parque nacional mais antigo da África , proteger os gorilas da montanha que a habitam e levar desenvolvimento econômico e estabilidade para uma região pobre e violenta.
Em 2010, Emmanuel de Merode, diretor do Parque Nacional Virunga, realizou uma pesquisa que concluiu que o parque poderia gerar mais de 100 megawatts de energia.
Trata-se de um volume 25 vezes maior de energia do que a capital regional, Goma, com 1,5 milhão de habitantes, recebe atualmente, diz ele.
Desde então, as autoridades do parque apoiaram o desenvolvimento de uma microusina de 0,4 megawatt em Mtwanga e uma instalação de 14 megawatts, a um custo de US$ 19,7 milhões, em Matebe. A primeira abastece uma fábrica de sabão que gera 400 empregos. A segunda, financiada pelo filantropo americano Howard Buffett, filho do bilionário investidor Warren , poderá em breve abastecer Goma de energia.
“O Virunga é um daqueles parques que não pode ser protegido pelos ambientalistas”, disse De Merode, em entrevista em seu escritório em março.
“Para sobreviver, precisamos de um modelo econômico que atenda as necessidades da população”.
A reserva de 7.800 quilômetros quadrados, tema de um documentário de 2014 nomeado ao Oscar intitulado Virunga, foi fundada em 1925 e abriga alguns dos últimos 700 gorilas de montanha do mundo.
Ela também fica em uma região densamente povoada deste vasto país com 75 milhões de habitantes, onde as oportunidades econômicas são escassas e cada centímetro de terra fértil é cobiçado. O exército do Congo combate dezenas de milícias locais e estrangeiras que operam na região há duas décadas.
Receita perdida
De Merode diz que sua abordagem o tornou impopular perante os demais ambientalistas, mas ele considera que a construção de uma economia local é a única forma de proteger esse lugar, classificado como Patrimônio Mundial pela Unesco.
A reserva de 486.000 hectares de terra fértil e explorável do parque para conservação custa à população local mais de US$ 1 bilhão em receita agrícola perdida, segundo estimativas da equipe de gestão do parque.
“A área coberta pelo Virunga tem um valor excepcional para toda a humanidade, mas também tem um custo e esse custo está sendo bancado localmente por algumas das pessoas mais pobres da Terra”, disse De Merode. “Nossa meta é criar uma indústria que seja dependente do parque e que possa compensar esse custo”.
De Merode disse que, além da hidrelétrica e de setores agrícolas associados, o turismo também pode impulsionar o desenvolvimento. A receita com o turismo chegou a US$ 1,7 milhão no ano passado, contra US$ 500.000 em 2014, e deverá aumentar em pelo menos 50 por cento neste ano, disse ele.
Demanda por energia
Matebe é o primeiro projeto hidrelétrico a ser concluído após a aprovação de uma lei, em junho de 2014, que prevê a liberalização do setor elétrico do país.
Embora o Congo tenha uma capacidade instalada de geração de energia de 2.442 megawatts, os anos de baixos investimentos fizeram a produção real cair para cerca de 1.329 megawatts em 2014. Atualmente, a usina abastece vilas próximas e a sede do parque por meio de uma linha de energia de 40 quilômetros.
“Após trabalhar com parceiros na República Democrática do Congo nos últimos 14 anos, estamos convencidos de que criar empregos em setores sustentáveis por meio de instituições do Congo é fundamental para criar uma paz duradoura na região”, disse Buffett, que financiou a usina de Matebe, em comunicado publicado no site da organização Save Virunga.
Na ausência de outras fontes de energia confiáveis, a usina Matebe é pressionada pela empresa estatal de energia a enviar eletricidade para Goma, disse De Merode.
“Nossa responsabilidade inicial é com as comunidades rurais dos arredores do parque”, disse ele, acrescentando que está otimista em relação ao potencial alcance futuro da eletricidade gerada pelos rios que fluem do interior montanhoso do parque.
“Realmente existe potencial para desenvolver um setor transformador”, disse ele. “O parque pode se tornar um motor por trás de uma nova economia”.