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Fibria prevê recuperação de polpa do menor nível em 31 meses

A maior produtora de celulose do mundo prevê que os preços da matéria-prima utilizada na fabricação do papel se recuperem após chegarem ao fundo do poço

Fibria: a empresa aumentará os preços da polpa de eucalipto que exporta em até US$ 30 por tonelada (Ricardo Teles/Fibria/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 14h52.

São Paulo - A Fibria Celulose SA, a maior produtora de celulose do mundo, prevê que os preços da matéria-prima utilizada na fabricação do papel se recuperem após chegarem ao fundo do poço com seu menor valor em 31 meses, disse o CEO Marcelo Castelli.

A Fibria aumentará os preços da polpa de eucalipto que exporta em até US$ 30 por tonelada, o primeiro ajuste desde um aumento parcial em janeiro, disse Castelli em entrevista. O excedente de produção criado pela abertura de novas fábricas na América do Sul, incluindo a planta da Suzano Papel e Celulose SA no Maranhão, já foi absorvido pelo mercado, disse ele.

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“A estrutura de custos do setor não permite mais que os preços caiam tanto”, disse ele, do escritório da Bloomberg em São Paulo.

O excesso de oferta fez com que o preço de referência da celulose caísse 21 por cento, para US$ 725,11 por tonelada, o menor nível desde fevereiro de 2012, depois de bater recorde em julho de 2010, segundo o índice BHKP, da FOEX Indexes Ltd..

Ainda que a Fibria, com sede em São Paulo, continue gerando fluxo de caixa livre após reduzir dívidas, cerca de 20 por cento dos pares no Brasil não podem continuar operando com esses preços, disse Castelli.

“Nós estamos preocupados – os outros estão desesperados”, disse o diretor financeiro Guilherme Cavalcanti na mesma entrevista.

O melhor fluxo de caixa

A Fibria registrou o melhor fluxo de caixa por ação entre 14 produtoras latino-americanas nos últimos 12 meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A recuperação dos preços, à medida que produtores europeus fecham usinas e a demanda da Ásia continua forte, deve impulsionar as ações da Fibria após uma queda de 4,5 por cento neste ano, disse Alan Glezer, analista da corretora do Banco Bradesco SA.

A queda das ações da Fibria, também influenciada pela valorização do real, se compara a um ganho de 7,9 das ações da Suzano, que se beneficiou do início das operações em sua usina no Maranhão, disse ele.

“A tendência de queda para preço da celulose pode estar perto do fim", disse Glezer, que em agosto elevou sua avaliação sobre a Fibria para o equivalente a uma recomendação de compra, em entrevista por telefone.

Desde que foi criada, a partir da fusão entre a Votorantim Celulose e Papel SA e a Aracruz Celulose SA, em 2009, a Fibria se concentrou em reduzir dívidas após sofrer perdas de US$ 2,1 bilhões com derivativos de câmbio.

No último trimestre, a dívida líquida caiu para o equivalente a 2,3 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, a menor proporção entre os competidores brasileiros, de 7,2 vezes em 2009.

Nova linha de produção

Em 2010, a Fibria anunciou a intenção de adicionar uma segunda linha de produção na usina de Três Lagoas, o que elevaria a produção total da unidade para 3,05 milhões de toneladas e faria dela a maior usina de celulose do mundo.

A estimativa da empresa é de que projeto, que visa a atender a crescente demanda da Ásia, custe US$ 2,5 bilhões. Enquanto o projeto ainda espera pela aprovação do conselho, a empresa está pronta para considerar aquisições se surgirem oportunidades.

“Nossa preferência é crescer através de fusões e aquisições”, disse Castelli.

Castelli afirma que a demanda por celulose dos fabricantes de papel na China, que hoje representa cerca de 19 por cento das exportações da Fibria, vai crescer a uma taxa de “dois dígitos” durante “vários anos”.

Embora a economia da China venha crescendo a um ritmo mais lento nos últimos anos, com o menor dinamismo dos investimentos em infraestrutura e das exportações, a expansão do mercado doméstico deve assegurar uma demanda crescente por papeis, sobretudo para uso higiênico, disse ele.

A demanda global por celulose deve crescer das atuais 29 milhões de toneladas para até 42 milhões de toneladas em dez anos, impulsionada principalmente pelo consumo de papéis higiênicos na China, que deve mais do que dobrar nesse período, disse Carlos Farinha e Silva, vice-presidente executivo no Brasil da consultora Pöyry Oyj, com sede na Finlândia, em entrevista por telefone.

“A mudança de foco para o consumo é boa para nós”, disse Cavalcanti.

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