Vender bebida alcóolica pode não ser o caminho mais rápido para amealhar uma fortuna, mas uma família pode ganhar bastante dinheiro se permanecer no ramo por muito tempo.
Famílias acumulam US$ 70 bilhões após séculos vendendo álcool
Essas dinastias — algumas com 1.300 anos de existência — mostram como famílias conseguem se manter nesse setor, apesar de muitos IPOs
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2019 às 06h00.
Última atualização em 11 de abril de 2019 às 06h00.
Um exemplo é a família Bacardi. O entusiasmo mundial pelo rum da marca inunda os cofres da família desde 1862, enriquecendo centenas de membros do clã, agora espalhados por todo o planeta.
Todos os dias, 6 milhões de copos de rum Bacardi com Coca-Cola são preparados ao redor do mundo. Em 2017, a popularidade da Cuba Libre ajudou a Bacardi Ltd. a vender 17 milhões de engradados do produto.
Quem prefere tomar um Negroni — coquetel preparado com uma dose de Campari — enriquece outra família, os Garavoglia, da Itália. Quem bebe Cointreau recheia os bolsos dos Heriard Dubreuils, da França. Com o whisky não é diferente. A família Brown, do Estado americano de Kentucky, é bancada por quem bebe Jack Daniel’s. No Japão, o clã Saji Torii é dono da Suntory, que faz o Jim Beam. A família Beckmann produz a José Cuervo, tequila mais vendida do mundo. Os franceses de sobrenome Ricard controlam as marcas de aperitivos Pernod e Ricard, o whisky Jameson e a vodka Absolut.
Essas dinastias — algumas com 1.300 anos de existência — mostram como famílias conseguem se manter nesse setor, embora muitas dessas empresas tenham feito abertura de capital. Esse grau de controle e participação societária tão maior do que em outros segmentos é incrivelmente lucrativo. A soma das participações das sete famílias mais ricas do mundo no ramo de bebidas alcóolicas chega a US$ 70 bilhões, segundo cálculos do Bloomberg Billionaires Index.
A natureza do negócio exige planejamento de longo prazo e isso funciona bem quando uma família está no comando, explicou Alexandre Ricard, presidente da Pernod Ricard e neto de Paul Ricard, que criou o pastis de mesmo nome em 1932.
“Temos bilhões de euros em estoque estratégico, com idade média de sete anos”, disse ele. A empresa revelou neste mês seu mapa de sustentabilidade e responsabilidade — para 2030.
“Ter uma base de acionistas comprometida, engajada e de longo prazo, ancorada pela família Brown, nos proporciona uma vantagem estratégica importante, particularmente em um negócio com produtos envelhecidos e marcas que atravessam múltiplas gerações”, disse Elizabeth Conway, porta-voz da Brown-Forman, fabricante do Jack Daniel’s.
Mesmo com coquetéis e destilados puros ganhando popularidade entre os jovens, pode ficar mais difícil manter o controle familiar.
A consolidação é disseminada e reinvestir e comprar marcas atraentes é mais fácil para gigantes como a Diageo, que tem US$ 12 bilhões em receita anual e marcas como Johnnie Walker e Smirnoff.
A história dos Bronfman, que fizeram fortuna fabricando whisky no Canadá quando era proibido vender bebida alcóolica, é um alerta. A empresa da família, a Seagram, conseguiu se manter na liderança até a década de 1990, mas a decisão equivocada de entrar na indústria de entretenimento, tomada por Edgar Bronfman Jr., da terceira geração, levou ao desmembramento e à venda da companhia. A divisão de bebidas foi para Pernod Ricard e Diageo em 2000.