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Fábrica de cartões-postais

A Método Engenharia espalha sua marca pela cidade e bate recorde de produção

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A Método Engenharia está trabalhando a toque de caixa para encerrar 2002 com chave de ouro. Até dezembro, pretende entregar várias obras grandiosas em São Paulo. A maior delas é o Brascan Century Plaza (BCP), um complexo de 150 milhões de dólares na esquina das ruas Joaquim Floriano e Bandeira Paulista, no Itaim-Bibi. Com 90 000 metros quadrados, o empreendimento do grupo Brascan reúne dois edifícios de escritórios e uma torre de flats, além de uma área de entretenimento com seis salas de cinema. No mesmo bairro, na esquina das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Juscelino Kubitschek, um dos trechos mais caros da cidade, a Método está terminando uma torre de escritórios de 33 000 metros quadrados, o International Plaza, cujo projeto prevê ainda um hotel cinco-estrelas da rede alemã Kempinski. Na rua Oscar Freire, nos Jardins, está praticamente pronta a nova sede da Casa de Cultura de Israel, um prédio de 4 531 metros quadrados no formato de um pergaminho aberto de Torá, o livro sagrado judaico. No Shopping Center 3, na avenida Paulista, deve terminar em dezembro a reforma das salas de cinema da Playarte, com 1 600 lugares. Algumas obras ainda cheiram a tinta fresca, como o prédio do Grand Hyatt, hotel cinco-estrelas inaugurado em agosto no Brooklin. Outra obra recente é o Unique, hotel na avenida Brigadeiro Luiz Antônio que chama a atenção pelo inusitado formato de barca.

"Nunca produzimos tanto como nos últimos 12 meses", diz o empresário Hugo Marques da Rosa, que fundou a Método com seu amigo Victor Henrique Foroni em 1973. Engenheiros, os dois se conheceram na época em que estudavam na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Hoje se revezam no comando da Método -- Marques da Rosa é o presidente executivo, enquanto Foroni preside o conselho de administração.

Em três décadas, a Método construiu 4 milhões de metros quadrados. Só neste ano foram 336 000 metros quadrados, dos quais 291 000 -- ou 87% -- na cidade de São Paulo. Isso corresponde a aproximadamente 150 000 metros quadrados de área privativa em obras diversas -- prédios de escritórios, hotéis, centros culturais, hospitais e escolas. Para ter uma idéia da dimensão, é como se a cada sema-na a Método construísse um prédio de 14 andares com 56 apartamentos de três dormitórios. No segmento de escritórios, a capital paulista ganha, no total, não mais que 300 000 metros quadrados novos por ano em área útil, segundo a consultoria CB Richard Ellis.

A Método deve bater seu recorde de produção física -- o valor dos serviços executados no período. A previsão é fechar o ano com 479,8 milhões de reais, um aumento de 33% em relação ao valor do ano passado. A Grande São Paulo representa 68% do total. A concentração se explica. "São poucas as cidades no Brasil que comportam escritórios triple A", diz Marques da Rosa, referindo-se aos prédios de altíssimo padrão, com lajes grandes, ar-condicionado central e elevadores inteligentes.

Se São Paulo é o grande mercado da Método, é fácil observar a força da empresa na metrópole. "Nenhuma construtora deixou tanta marca na cidade com obras diferenciadas como a Método", afirma Foroni. Basta percorrer os bairros nobres de São Paulo para entender o que ele quer dizer. Vários edifícios da Método viraram cartões-postais da cidade. Um deles é a Torre Norte, o arranha-céu de 160 metros de altura no Centro Empresarial Nações Unidas, onde a Método instalou sua sede. Inaugurada em 1999, a Torre Norte foi o primeiro empreendimento da joint-venture que, três anos antes, uniu a Método com a incorporadora americana Tishman Speyer. Com 100% de ocupação, a Torre Norte abriga mais de 30 multinacionais, como Microsoft, Compaq e Volvo. "Não adianta um prédio ser maravilhoso e ter baixa ocupação", diz Walter Cardoso, presidente da CB Richard Ellis. "O sucesso da Torre Norte mostra que a Método conseguiu construir um prédio de altíssima qualidade a um custo condizente."

"Fazeção e pensação"

A Torre Norte consagrou a atuação da Método no segmento de escritórios e edifícios comerciais de classe A, um nicho em que começou a investir agressivamente no fim dos anos 80. Antes disso, a Método crescera escorada em obras públicas. Depois de sofrer vários calotes, deixou as obras do governo e centrou o foco no setor privado. Não foi só uma mudança de clientela. Numa obra pública, o trabalho de uma construtora geralmente se restringe à execução do projeto. Nos empreendimentos privados, a participação começa antes mesmo da elaboração do projeto. "Éramos uma empresa de fazeção ", diz Antonio Silvio Messa, vice-presidente de construção da Método. "Viramos uma empresa de pensação." Em outras palavras, a Método deixou de ser uma simples construtora. "Somos hoje uma empresa de engenharia que atua em toda a cadeia de valor do setor de construção", diz Marques da Rosa.

A mudança de foco foi acompanhada de um novo modelo de gestão. Ainda na década de 80, a Método introduziu técnicas de planejamento e gestão típicas de atividades industriais. Nos anos 90, o modelo evoluiu para a criação de células de produção com focos especializados, o chamado Sistema Método de Competências Integradas. As mudanças na empresa sempre tiveram características de pioneirismo e inovação. "Sempre tivemos um inconformismo com o status quo", diz Foroni. "Gostamos de fazer coisas diferentes."

O espírito inovador se manifesta nas várias tecnologias que a Método introduziu no país e que hoje são largamente utilizadas no setor de construção, como os painéis pré-moldados nas fachadas de edifícios, uma técnica que reduz o tempo de execução da obra e, assim, gera uma economia nos custos indiretos. Segundo o engenheiro Frederico Bonnardi, diretor de incorporações da Brascan, a Método foi pioneira na aplicação de conceitos que embelezam e valorizam o empreendimento, como o piso elevado no térreo. "O piso elevado deixa a obra tão bonita que se torna a quinta fachada do edifício", diz Bonnardi.

A predileção pelo novo se materializará também no maior centro empresarial em construção no Brasil, o Rochaverá Plaza. Com 240 000 metros quadrados, o complexo na marginal Pinheiros será o primeiro empreendimento no país a aplicar vários conceitos de green building (edifício verde), como um sistema alternativo de geração de energia para garantir a auto-suficiência e um sistema de reutilização de água. A primeira etapa da obra deve ser entregue em meados de 2004.

Enquanto aposta no novo, a Método reforça sua atuação nos nichos que considera promissores. "A Método sempre escolhe os segmentos de mercado em que pode ser a líder ou estar entre as primeiras", diz Marques da Rosa. Como parte dessa estratégia, criou neste ano uma divisão para cuidar das obras de cultura e lazer, dois segmentos em que já tem larga tradição -- restaurou o Teatro Municipal de São Paulo, reformou a sede do Itaú Cultural e construiu o Instituto Tomie Ohtake, entre outros empreendimentos. A primeira obra da nova unidade de negócios será a reforma do Tuca, o teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Outro segmento em que a Método está investindo é o de fast construction, obras rápidas realizadas em série para grandes clientes, como bancos e postos de combustíveis. Essa unidade de negócios deve representar neste ano mais de 20% da produção física da Método.

O setor de construção civil costuma responder mais que proporcionalmente aos estímulos da economia. Levando isso em conta, e a atual posição da Método no mercado, Foroni traça o seguinte cenário para a empresa nos próximos anos: "Se a economia do país piorar, vamos sobreviver. Se melhorar, vamos explodir".

Obras a granel

Só neste ano a Método está entregando 336 000 metros quadrados de construção.

Veja quanto representa essa área*:

3 estádios do Morumbi, ou

3 edifícios Copan, ou

5 pavilhões de exposição do Anhembi, ou

12 edifícios Matarazzo, ou

22 Credicard Hall, ou

59 catedrais da Sé

*Não considera os diferentes graus

de complexidade das construções

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