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Expansão global expõe Santander e BBVA a riscos internacionais

O impeachment no Brasil, a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e a eleição de Donald Trump nos EUA impactaram os mercados dos dois bancos

Santander: três maiores mercados internacionais do banco - Brasil, Reino Unido e México - foram sacudidos neste ano por acontecimentos políticos (Gustavo Kahil/Site Exame)

Luísa Granato

Publicado em 21 de novembro de 2016 às 17h52.

Madri - A expansão internacional que ajudou os dois maiores bancos da Espanha a suportar a crise imobiliária do país agora os deixou vulneráveis aos choques políticos que reverberam em todo o planeta.

Considere o Banco Santander . Seus três maiores mercados internacionais -- Brasil, Reino Unido e México -- foram sacudidos neste ano por acontecimentos como o impeachment da presidente brasileira, a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e a eleição de Donald Trump nos EUA. Esses países representam quase metade dos lucros do Santander.

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O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria , o segundo maior banco da Espanha, obtém cerca de dois quintos de seus resultados do México, onde o peso caiu por causa da vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA.

Trump abalou as relações com o vizinho sulista dos EUA prometendo renegociar o tratado de livre comércio que ajudou a transformar o México em potência exportadora.

“De repente, parece que os efeitos positivos da globalização com que esses bancos contavam serão menores”, disse Karim Bertoni, que ajuda a administrar 6,9 bilhões de francos suíços (US$ 6,8 bilhões) na Bellevue Asset Management na Suíça.

“Os mercados estão contando sua própria história.”

Especulação

A vitória de Trump provocou uma forte queda nos ativos de mercados emergentes por causa da especulação de que seu governo aumentará o estímulo fiscal no ano que vem e alimentará a inflação.

A presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, disse na quinta-feira que agora o banco central está prestes a aumentar o custo do crédito.

Sob o comando de seu falecido presidente, Emilio Botín, o Santander realizou uma série de aquisições e passou de ser o sexto maior banco da Espanha ao segundo maior da zona do euro segundo o valor de mercado, com mais de 1,3 trilhão de euros (US$ 1,4 trilhão) em ativos.

Na década de 1990, o banco acrescentou vários credores, da Argentina ao México, e fortaleceu sua presença no Brasil em 2000 com a aquisição do Banespa, com sede em São Paulo.

O BBVA, que adotou sua forma atual após uma fusão em 1999, também se desenvolveu na América Latina com aquisições no Peru, na Colômbia e na Argentina antes de assumir o controle do Bancomer, no México, em 2000.

O presidente Francisco González pagou US$ 9,6 bilhões pela Compass Bancshares nos EUA em 2007 e acumulou uma participação de 40 por cento no Turkiye Garanti Bankasi desde 2010.

Além da forte queda nos mercados emergentes, o principal desafio do Santander é o Brexit. Os lucros no Reino Unido caíram 24 por cento no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, afetados pela desvalorização da libra.

Embora executivos do Santander afirmem que é muito cedo para ver qualquer impacto do Brexit, o banco diminuiu a meta de rentabilidade da unidade britânica para 2018 por causa das expectativas de desaceleração do crescimento econômico.

“A diversificação geográfica faz sentido, mas traz riscos econômicos e políticos”, disse Gemma Hurtado, que administra cerca de 350 milhões de euros, inclusive ações do BBVA, na Mirabaud Asset Management na Espanha.

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