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EUA ordena que Boeing faça modificações no modelo 737 MAX após acidente

Pelo menos mais oito países suspenderam as operações da aeronave que deixou 157 mortos após cair na Etiópia

Aeronave: nas duas quedas recentes, modelo de avião era o mesmo (Thomas Mukoya/Reuters)

Aeronave: nas duas quedas recentes, modelo de avião era o mesmo (Thomas Mukoya/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de março de 2019 às 07h10.

Os Estados Unidos vão determinar que a Boeing faça modificações nos modelos 737 MAX 8 e 737 MAX 9, inclusive no sistema de controle MCAS, depois do acidente fatal de domingo na Etiópia, informou nesta segunda-feira a Agência Federal de Aviação (FAA).

A fabricante de aeronaves americanas deve cumprir a demanda "no mais tardar em abril", assegurou a FAA, que decidiu não deixar em solo a frota de 737 MAX 8. A Etiópia, China, Indonésia e Mongólia, entre outros países, também relataram a suspensão das operações deste modelo de aeronave, assim como companhias aéreas brasileiras, mexicanas e argentinas. Decisão ocorre depois do segundo acidente com o modelo em cinco meses.

Os pilotos das Aerolíneas Argentinas anunciaram através de seu sindicato que se negarão a voar no modelo até receberem "informação e garantias suficientes da ausência de risco nas operações com tais aeronaves".

A FAA notificou outras autoridades internacionais de aviação civil de que em breve poderá compartilhar informação de segurança sobre o 737 MAX 8 da Boeing.

Um destes aparelhos, que realizava o voo ET302 da Ethiopian Airlines, caiu no domingo a sudeste de Adis Abeba minutos após a decolagem, matando as 157 pessoas a bordo.

O mesmo modelo de aeronave - uma versão mais eficiente em economia de combustível do 737 - caiu no final de outubro na costa da Indonésia, também após a decolagem, deixando 189 mortos.

Uma equipe da FAA está na Etiópia participando da investigação sobre o acidente de domingo ao lado de inspetores da Junta Nacional de Segurança do Transporte dos Estados Unidos.

Os investigadores já encontraram as caixas-pretas do aparelho, que se dirigia para Nairóbi.

Os Estados Unidos vão determinar que a Boeing faça modificações nos modelos 737 MAX 8 e 737 MAX 9, inclusive no sistema de controle MCAS, depois do acidente fatal de domingo na Etiópia, informou nesta segunda-feira a Agência Federal de Aviação (FAA).

"O piloto mencionou que ele tinha dificuldades e queria voltar. Ele recebeu permissão para dar a volta", disse o diretor-executivo da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, a jornalistas em Addis Abeba.

As condições meteorológicas na capital etíope eram boas no momento do voo.

Coincidência

Enquanto o especialista do Teal Group, Richard Aboulafia, diz que é "muito cedo para fazer qualquer tipo de comentário significativo", outro analista destacou as semelhanças entre os dois incidentes.

"É o mesmo avião. Assim como a Lion Air, o acidente (da Ethiopia Airlines) aconteceu logo após a decolagem e os pilotos disseram que estavam tendo problemas, então o avião caiu. As semelhanças são claras", acrescentou o especialista aeroespacial que pediu para não ser identificado.

Mas o especialista em aviação Michel Merluzeau observou que "estas são as únicas semelhanças, e a comparação para aí, já que não temos nenhuma outra informação confiável neste momento".

Desde o acidente da Lion Air, o 737 MAX enfrentou um crescente ceticismo da comunidade aeroespacial. O programa já apresentara problemas durante o seu desenvolvimento.

Em maio de 2017, a Boeing interrompeu os testes de voo do 737 MAX devido a problemas de qualidade com o motor produzido pela CFM International, uma empresa de propriedade conjunta da Safran Aircraft Engines da França e da GE Aviation.

O acidente de domingo é um grande golpe para a Boeing, cujos aviões MAX são a versão mais recente do 737, a aeronave mais vendida de todos os tempos e com mais de 10.000 aparelhos produzidos.

A ação da Boeing desabou em Wall Street, afetada pela decisão de não utilização das aeronaves 737 MAX 8 na China e na Indonésia. Os papéis fecharam em queda de 5,36%, a 399,89 dólares, após mergulharem 13,5% no início do pregão.

"O MAX é uma linha muito importante para a Boeing na próxima década, representando 64% da produção da empresa até 2032, e tem margens operacionais significativas", disse Merluzeau.

Ele acrescentou que as próximas 24 horas serão fundamentais para a Boeing lidar com a crise com viajantes e investidores preocupados com a confiabilidade de suas aeronaves.

A Boeing disse estar "profundamente entristecida" com o acidente da Ethiopian Airlines, acrescentando que uma equipe técnica fornecerá assistência aos investigadores.

O especialista, que pediu anonimato, disse que a Boeing provavelmente enfrentará uma reação negativa nos mercados, mas que o prejuízo será limitado para o grupo.

Austrália

As autoridades da Austrália também anunciaram nesta terça-feira a suspensão temporária dos voos operados com o avião Boeing 737 MAX.

A medida afeta tanto aos voos dentro do país como os procedentes de outras nações, diz o comunicado divulgado pela Autoridade Australiana de Aviação Civil.

Shane Carmody, diretor-executivo da agência, diz que a suspensão durará enquanto "estiver acontecendo a coleta de informações e avaliação dos riscos" na segurança da aeronave.

Embora nenhuma companhia aérea australiana tenha essas aeronaves em sua frota, empresas como a SilkAir, de Singapura, e Fiji Airways, de Fiji, cobrem o trajeto até território australiano com estes aviões.

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