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Estre cria empresa para vender energia

Companhia se associou à portuguesa Enc Energy para criar a Estre Energia Renovável, empresa que vai gerar eletricidade a partir do biogás de aterros sanitários

Biogás: usina aguarda autorização da Aneel para se tornar comercial, mas já vende energia (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 10h36.

São Paulo - A gestora de resíduos sólidos Estre Ambiental - fundada pelo empresário Wilson Quintela Filho e com sócios como o BTG Pactual , do banqueiro André Esteves - vai estrear na área de energia.

A companhia se associou à portuguesa Enc Energy para criar a Estre Energia Renovável, empresa que vai gerar eletricidade a partir do biogás de seus aterros sanitários. Serão investidos R$ 300 milhões no novo negócio, que, em três anos, deve faturar R$ 200 milhões.

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Esse já é um plano antigo de Quintela. Mas, só em maio deste ano, a primeira usina entrou em operação (em caráter experimental) no aterro de Guatapará, interior de São Paulo. Para lá, são levadas diariamente 2,2 mil toneladas de resíduos , vindos de municípios como Araraquara e Ribeirão Preto.

A usina ainda aguarda autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica ( Aneel ) para se tornar comercial, mas já pode vender energia no mercado, por estar em fase de testes. Por enquanto, ela tem capacidade para gerar 4,2 megawatt (MW), quantidade suficiente para abastecer 18 mil pessoas.

"Estamos fazendo um esforço para ampliar essa iniciativa e estender o projeto a 10 dos 23 aterros da Estre", diz Alexandre Alvim, diretor de novos negócios da empresa. "A meta é, em três anos, atingir uma capacidade instalada de 100 MW e ser o maior player do setor."

A Estre não está sozinha nesse mercado, tampouco está no grupo dos pioneiros. As usinas de biogás mais antigas do país estão na capital paulista. A primeira foi instalada no aterro desativado Bandeirantes, na Zona Oeste da cidade, em 2004. A outra entrou em operação em 2007, no também desativado aterro São João. O sistema é administrado pela Biogás Energia Ambiental.

Os projetos seguintes demoraram a aparecer porque era difícil fechar a equação para ganhar dinheiro com biogás no país. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sancionado em agosto de 2010, e considerado o marco regulatório do setor, impulsionou alguns projetos.

Em outubro, o governo federal fará o primeiro leilão de energia para empreendimentos de biogás - oito projetos estão inscritos. "Era um investimento muito caro e o mercado não considerava as empresas de resíduo como fornecedores", diz Carlos Silva Filho, diretor executivo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Em 2011, o Grupo Solví, que atua em 171 cidades no Brasil e em 16 municípios no Peru, inaugurou uma termelétrica no aterro municipal São Cristóvão, em Salvador. A empresa investiu R$ 50 milhões no projeto, que tem capacidade de 19,7 MW, capaz de abastecer 50 mil residências.

O grupo está construindo uma usina no Rio Grande do Sul, prevista para entrar em operação em agosto do ano que vem, com capacidade de 8 MW. A paranaense J. Malucelli também tem usinas de biogás.

A própria parceira da Estra no negócio de energia já operava no Brasil. Com oito aterros sanitários sob gestão em Portugal, a Enc Energy fez uma parceria com a Vital Ambiental, do grupo Queiroz Galvão, em 2012, para gerar biogás no aterro de Juiz de Fora.

Parceria. A sociedade com a Estra é uma joint venture, em que a Enc Energy detém 10% do negócio. Três executivos portugueses já estão no Brasil para implementar as novas usinas.

"O histórico brasileiro em biogás não é muito positivo, por isso buscamos uma empresa que já entendia desse negócio para desenvolver os projetos", dia Alvim.

A empresa não informa quanto faturou e por que preço vendeu sua energia nesses primeiros meses. Diz apenas que 80% do que foi produzido já está contratado. Os 20% restantes poderão ser comercializados futuramente no mercado à vista, onde o preço da energia superou nesta semana R$ 650 o Mwh.

O negócio ainda é pequeno para Estra, que faturou no ano passado R$ 1,9 bilhão e teve prejuízo de R$ 458 milhões. A empresa busca alternativas para se tornar mais rentável. Depois de uma série de cinco aquisições, a Estra tenta equacionar uma dívida de R$ 1,8 bilhão. Desde o fim do ano passado, a companhia vem passando por uma reestruturação operacional.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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