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Esteves não volta à presidência do BTG mesmo se absolvido

Embora a direção do banco espere que Esteves seja inocentado em breve pela Justiça, o ex-presidente não será realçado ao cargo

André Esteves do BTG Pactual (Nacho Doce/ Reuters/Reuters)

Karin Salomão

Publicado em 10 de novembro de 2017 às 14h47.

André Esteves não reassumirá a presidência do Banco BTG Pactual mesmo que seja absolvido de acusações de corrupção.

Embora a direção do banco espere que Esteves seja inocentado em breve pela Justiça, o ex-presidente não será realçado ao cargo, disse Roberto Sallouti, o atual presidente, na quinta-feira durante uma conferência em São Paulo. A prisão repentina de Esteves em 2015 abalou a instituição financeira, pondo em risco sua sobrevivência.

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“O risco de pessoa-chave que tínhamos naquele momento não era apropriado”, disse Sallouti. “A governança que temos atualmente funciona muito bem para o banco.” E com Esteves de volta como sócio sênior, “não queremos mexer no cargo de presidente do conselho ou de CEO, mesmo com a evolução do caso dele”, disse Sallouti.

O Ministério Público afirmou em 1º de setembro que não há provas suficientes contra Esteves, 49 anos, e recomendou que ele seja absolvido. Sallouti diz que espera que o caso se resolva em breve. Esteves, que sempre negou as acusações, não foi encontrado fora do horário comercial para comentar as afirmações de Sallouti.

Jovem bilionário

Esteves fundou o BTG Pactual e se tornou um dos personagens mais importantes do setor bancário brasileiro. Ele ganhou proeminência há uma década — e tornou-se o brasileiro mais jovem a ficar bilionário por conta própria — quando vendeu o Pactual ao UBS por US$ 2,6 bilhões.

Ele e vários sócios recompraram a instituição três anos depois e iniciaram um processo de expansão que incluiu a compra da unidade suíça de private banking da Assicurazioni Generali. O BTG abriu o capital em 2012.

Em 2015, Esteves passou três semanas preso em Bangu, no Rio de Janeiro, acusado de participação em um esquema de obstrução de Justiça no âmbito da operação Lava-Jato. A defesa de Esteves sempre negou as acusações.

Na palestra, Sallouti fez um relato emocionante sobre a prisão de seu amigo de longa data e dos dias difíceis que se seguiram, em meio a tentativas de acalmar os investidores e garantir liquidez ao banco.

“Eu estava correndo na esteira quando meu telefone começou a tocar sem parar e tudo mudou”, ele lembrou. Clientes fugiram e a ação desabou. Ele e sócios como Marcelo Kalim assumiram o controle do banco ao dar a Esteves ações sem direito a voto em troca das ações com direito a voto que ele detinha.

O estatuto da sociedade do banco permitia troca de controle caso Esteves não pudesse trabalhar, mas Sallouti achava que essa cláusula só seria invocada em uma situação de emergência médica.

Apoio da esposa

Os executivos do banco adotaram uma regra informal: não deixar o telefone tocar mais de três vezes. Se um cliente quisesse conversar com alguém mais sênior, era permitido. A instituição vendeu mais de US$ 3,5 bilhões em ativos e demitiu pessoal em Nova York, Londres e América Latina, além de reduzir o quadro de funcionários no Brasil em mais de 20 por cento.

“O dia das demissões foi o único em que eu chorei”, afirmou Sallouti.

O BTG, que Esteves uma vez brincou que significava “Better Than Goldman”, se referindo ao rival americano Goldman Sachs Group, o recebeu de volta como sócio sênior dois dias após ele ter sido liberado da prisão domiciliar, em abril de 2016. Kalim hoje preside o conselho do banco.

Sallouti disse que sua esposa teve papel importante em sua perseverança e lembrou de quando ela lhe deu duas páginas repletas de frases motivacionais -- que acabaram sendo usadas em reuniões no banco. A que ele se recorda em especial é: “Tempos duros não duram para sempre, mas pessoas duronas sim.”

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