Esteves: Ibovespa pode bater 150 mil pontos com vacina contra coronavírus
Para o sócio sênior do banco BTG Pactual, retomada depende do sucesso em implementar reformas econômicas
Denyse Godoy
Publicado em 23 de novembro de 2020 às 15h00.
Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 18h21.
A pandemia do novo coronavírus paralisou a economia mundial neste ano, achatou as margens de lucro das empresas e assustou os investidores. Mas, agora, já é possível ver a luz no fim do túnel — e a saída da crise pode ser grandiosa, na opinião de André Esteves , sócio sênior do banco de investimentos BTG Pactual e um dos controladores da EXAME.
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"A vacina é uma pré-condição [ para a retomada da bolsa de valores ], mas já está dada. Existem hoje cinco ou seis vacinas em testes avançados. O cenário base é de ampla vacinação global ao longo do primeiro trimestre ou do primeiro semestre de 2021. Esse capítulo temos de fechar. Aí, nada impede o Ibovespa de atingir novos patamares e chegar aos 120.000 ou mesmo 150.000 pontos. Não tem limite para o sucesso. Só depende da gente", disse Esteves nesta segunda-feira, 23, durante a abertura da Money Week, um fórum virtual de investimentos organizado pelo escritório de agentes autônomos EQI em parceria com o BTG que vai até o dia 27 de novembro.
Quando afirma que "só depende da gente", Esteves se refere ao esforço coletivo que os brasileiros devem fazer para defender o processo de reforma e modernização econômica que vem sendo implementada no país.
"Não podemos deixar que disputas políticas e ideologias pessoais dominem o debate. A agenda tem de ser a melhor para a sociedade", disse Esteves. Dessa agenda, em sua opinião, fazem parte a reforma da Previdência Social, iniciada durante o governo Michel Temer, em 2016, e a reforma administrativa, proposta pelo presidente Jair Bolsonaro neste ano para desinchar o quadro do funcionalismo público.
Para o empresário, é necessário bom senso para avançar com as medidas. A rejeição, em todo o mundo, de posturas radicais deve facilitar o curso desse projeto.
"Acabamos de passar pelo primeiro turno das eleições municipais e vamos ter o segundo na semana que vem. O que vimos até agora foi a volta do centro ao protagonismo político. Os extremos foram derrotados. Podemos ler também as eleiçõe dos Estados Unidos como uma volta ao centro", afirmou Esteves. "A boa notícia é que o nosso Congresso Nacional é de centro. Existe um amplo entendimento sobre qual direção o país deve tomar."
Na avaliação de Esteves, programas de distribuição de renda como o empregado pelo governo federal durante a pandemia são efetivos e "trazem o resgate social e moral de que o Brasil precisa".
Para o empresário, é possível até estender os auxílios sem furar o teto de gastos com uma revisão dos programas sociais e dos subsídios empresariais que são ineficientes.
"É muito saudável e representa uma evolução institucional do Brasil as discussões em torno do teto de gastos. Existe espaço para ampliar os programas de transferência de renda e ser responsável fiscalmente", afirmou.