Essa empresa vende em até 10 vezes sem juros artigos de luxos – que podem render mais do que ações
A administradora Lilian Marques criou no Brasil o “Front Row, e-commerce de peças de marca que neste ano chega nos Estados Unidos; entenda como esses artigos exclusivos podem ser um investimento
Repórter
Publicado em 18 de junho de 2024 às 08h30.
Última atualização em 18 de junho de 2024 às 12h11.
Inspirada por modelos internacionais de boutiques de luxo durante seus estudos de mestrado em negócios em Paris e em Milão, a administradora Lilian Marques decidiu criar em 2017 a “Front Row”, e-commerce de moda de luxo que nasceu no Brasil e que agora está ganhando o espaço nos Estados Unidos.
“A Front Row nasceu como um brechó de luxo, mas evoluiu para uma revendedora de peças de marcas exclusivas”, diz a executiva.
Na migração, o tíquete médio da compra que era de 2.500 reais subiu para 25 mil reais, mas o perfil do público continua o mesmo: 95% do público é feminino, que busca neste serviço a exclusividade que muitas vezes não encontram no varejo.
“O nome da empresa significa ‘a primeira fileira de um desfile’, para reforçar a exclusividade que nossas clientes têm ao acessar o estoque da nossa empresa”, diz a empresária. “Elas não querem simplesmente a peça pelo custo-benefício, mas também o acesso à peça que não está disponível no varejo tradicional”.
A exclusividade em parcelas
No mundo das marcas de luxo, a exclusividade tem não apenas um alto preço, mas também pontuação.
“Algumas bolsas ou roupas, por exemplos, por mais que você tenha dinheiro, você não consegue acessar em uma loja convencional. Conforme você compra esses produtos, você acumula pontos e dependendo, pode ter acesso a peças exclusivas”, diz Marques.
Sabendo as limitações que muitas clientes ainda possuem com essas peças superexclusivas, Marques decidiu criar relações comerciais com as próprias clientes, ao invés de negociar com as marcas. O sistema funciona da seguinte forma: a Front Row atua como intermediária entre colecionadoras e consumidoras, ofertando e recebendo em seu centro de distribuição em São Paulo bolsas, joias e relógios de marcas como Hermès, Cartier, Chanel, Tiffany, Rolex e Bvlgari.
“Para esses produtos superexclusivos, há uma fila que pode chegar de dois a cinco anos nas lojas, mas muitas consumidoras acabam comprando e depois encontram na Front Row a possibilidade de revender.Trouxemos para o Brasil a pauta de investimentos em artigos de luxo, negócio que em 2022 rendeu mais do que ações”, diz Marques que reforça que o outro diferencial da sua fashiontech é o pagamento em até 10 vezes sem juros. “No varejo, o pagamento normalmente é feito á vista”.
A aposta da IA não é um luxo
Para se manter ainda mais atrativa neste mercado, a executiva apostou em um site com inteligência artificial e realidade aumentada em 2021 para aprimorar a experiência de compra online, com segurança, comodidade à distância e sem ter problema com relação ao tamanho da peça.
“A tecnologia que nós utilizamos é a mesma que a Bvlgari usa no mercado internacional. Você coloca, por exemplo, o seu tamanho e as suas medidas e aí o nosso site providencia um avatar para você ver o tamanho da bolsa em você”, diz a empresária. “A outra forma é com a realidade aumentada. Você tira foto da sua mão e o sistema escaneia e mostra como o anel vai ficar no seu dedo.”
A distribuição dos produtos é feita do centro de distribuição de São Paulo para diferentes países. “Recebemos a peça das colecionadoras e fazemos a curadoria da peça e o contrato de consignação. Na hora da venda, contamos com parceiros logísticos, como a transportadora DHL, para fazer o transporte nacional e internacional”, afirma Marques.
Do Brasil para os Estados Unidos
Com vendas online desde o primeiro dia, a empresa tem um centro de distribuição e uma loja em São Paulo, que só recebe clientes com agendamento. O segundo espaço físico também será inaugurado ainda este ano e será o primeiro espaço internacional da companhia: o destino será Miami, nos Estados Unidos, e em breve Cascais, em Portugal, receberá a terceira loja física.
“Vamos abrir em breve o nosso primeiro espaço físico internacional nos EUA e esperamos um crescimento de 12% com as vendas americanas e um crescimento global de 35% neste ano”, diz Marques que reforça que um possível M&A poderá acontecer nos próximos dois anos.