Há pouca esperança de acordo entre Estados Unidos e União Européia (UE) sobre os subsídios à indústria aeronáutica. Segundo reportagem desta quinta-feira (7/4) do americano The Wall Street Journal, uma "guerra transatlântica de palavras" minou as chances de sucesso de negociações iniciadas em 11 de janeiro e previstas para terminar na próxima segunda-feira.

O comissário europeu de comércio, Peter Mandelson (que substitui Pascal Lamy), diz que os negociadores americanos estão fazendo o jogo da Boeing, com "mandato da empresa" para eliminar subsídios europeus à Airbus o mais rápido possível, (leia reportagem de EXAME sobre a disputa comercial entre as duas gigantes). Já o subsecretário de Estado americano, Robert Zoellick (ex-representante comercial), criticou Mandelson por expor os argumentos da UE em um artigo no jornal Washington Post, em vez de tratar do tema diretamente com ele, e aproveitou para alfinetar o colega dizendo que Pascal Lamy jamais recorreria a tais táticas.

Depois de segunda-feira (11/4), qualquer das partes poderia em tese solicitar a intervenção da Organização Mundial do Comércio (OMC). Neste caso, embora o resultado do julgamento seja imprevisível, é certo que bilhões de dólares de ajuda governamental tanto para a Boeing quanto para a Airbus estarão em risco. Por isso mesmo, diz o jornal americano, aparentemente nem um dos dois litigantes deseja tomar tão corajosa iniciativa neste momento.

A UE alega que tanto o governo federal dos Estados Unidos quanto governos estaduais já concederam à Boeing 23 bilhões de dólares em subsídios desde 1992, e que só o estado de Washington vai conceder à companhia incentivos fiscais avaliados em 3,2 bilhões de dólares nos próximos 20 anos. Os Estados Unidos, por sua vez, acusam a Airbus de ter recebido 15 bilhões de dólares nos últimos anos em incentivos para o desenvolvimento de uma nova linha de aeronaves, e que o A380, sozinho, está recebendo mais de 6 bilhões de dólares em apoio ao desenvolvimento e produção.