Escola de tecnologia de tricampeão brasileiro de robótica capta mais de R$ 23 milhões
O investimento em rodada semente foi liderada pelas VOX Capital e G2A Investment Partners, com a participação da Solum Capital
Marcos Bonfim
Publicado em 17 de dezembro de 2022 às 08h03.
Última atualização em 19 de dezembro de 2022 às 14h48.
Escola de tecnologia fundada em Salvador, na Bahia, a Cubos Academy recebeu aporte de R$23,2 milhões. O investimento em rodada semente foi liderada pelas VOX Capital e G2A Investment Partners, com a participação da Solum Capital.
A edtech foi fundada em 2020, nos meses pré-pandemia, para oferecer cursos de formação nas áreas de tecnologia diante da demanda crescente no país e no mundo por profissionais do setor. A primeira turma foi presencial e as próximas já tiveram que ser no ambiente virtual, um caminho projetado desde a estruturação da empresa.
“A pandemia acelerou e obrigou a ter que aceitar um modelo diferente”, afirma José Messias Junior, sócio-fundador e CEO da empresa. A Cubos tem como sócios-fundadores aindaDavi Pires,VerivaldoLobo e Guilherme Bernal,e ArielLambrechtcomo investidor-anjo.
A startup nasceu dentro da estrutura da Cubos Tecnologia, uma companhia que Júnior,Pires,Lobo e Bernalcriaram em 2012 e que desenvolve soluções tecnológicas e digital para outras empresas, além do lançamento de negócios próprios. Foi lá que surgiram a Zigpay (hoje Zig), meio de pagamentos para eventos, e aAmigo Edu, plataforma de bolsas de estudo.
A educação sempre esteve muito presente na vida de Júnior como um incentivo do pai, nascido em uma família humilde do Vale do Jequitinhonha - conhecido por ser uma das regiões mais pobres do país - e que se formou em engenharia química. Aos 13 anos, Júnior se apaixonou por tecnologia e robótica e logo estava competindo em campeonatos nacionais e mundiais. Tem no currículo a conquista de três campeonatos brasileiros na área. Aos 18 anos, começou a dar aulas de robótica, matemática e física e não parou mais.
O que faz a Cubos Academy
A edtech, hoje um negócio apartado da Cubos Tecnologia, começou como um modelo focado no público final, em pessoas com interesse em entrar no mercado de tecnologia, e tem um propósito de impactar a partir da educação, criando oportunidades de emprego. Até por isso, a entrada da Vox, fundo de investimentos de impacto, na rodada como uma das líderes.
"Desde o primeiro encontro, ficou muito claro que a história de vida, a trajetória e o propósito de fundação da Cubos estava muito alinhado à nossa tese de impacto social através da educação", afirmaLivia Brando. Ela é a gestora à frente do VOX Tech for Good Growth, terceiro fundo de venture capital da empresa e que começa com cheques a partir de R$ 10 milhões.
Uma das bases de negócios da edtech é que o chamam de “sucesso compartilhado”: o aluno faz o curso e só paga quando já estiver empregado e recebendo mais de R$ 2.000,00 – o parcelamento é distribuído ao longo de cinco anos. 80% dos estudantes atualmente adotam essa forma de financiamento – os outros 20% pagam os cursos mensalmente, que chegam a valores de até R$ 28 mil. O principal público da Cubos são pessoas das classes C, D e E.
Ao longo de 2021, a escola iniciou o braço B2B, com seleção de potenciais candidatos e desenvolvimento de projetos para companhias como o iFood e o Nubank. A unidade responde por 20% do faturamento atual e outros 80% ficam com o B2C.
Ao longo dos dois anos, passaram pela edtech cerca de 2 mil alunos, 90% dos quais estão empregados.
Outra solução que a empresa criou é a Residência de Software, uma analogia com o universo de medicina. O programa seria uma forma de ex-alunos ou recém-contratados em grandes empresas continuarem e acelerarem o aprendizado a partir de experiências práticas.
“É um produto que está crescendo super rápido no B2B porque funciona como um acelerador de talentos. Para as empresas, é uma grande dor ter que contratar um profissional júnior porque ele demora para começar a produzir. E para começar a produzir, ele toma tempo do profissional sênior, que é algo que a empresa menos tem”, afirma.
A evolução do modelo de negócios com a inclusão de novos produtos e serviços tem feito com que a startup cresça com velocidade acelerada. Sem abrir números do faturamento, Júnior diz que o resultado de 2022 será três vezes maior do que o obtido em 2021.O mesmo ritmo de expansão é esperado para 2023.
Como o investimento será utilizado
O novo capital será usado para contribuir no financiamento da operação e desenvolvimento de novos produtos a partir do entendimento de que o profissional de TI não pode parar de estudar.
“Como no mercado de medicina, quando o profissional sobe de patamar, o salário acompanha muito rapidamente”, afirma Júnior.
Outra vertente importante para a aplicação do recurso é em marketing. A estratégia será usada para tornar a Cubos mais conhecida e crescer nacionalmente. Hoje, os principais mercados da startup estão no Nordeste, puxado pela Bahia, e São Paulo, pelo tamanho do mercado.
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