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Escalada da crise dos airbags na Honda desgasta parceria

A fabricante japonesa sinalizou uma divisão em seu relacionamento com a produtora de airbags Takata Corp, que já dura mais de 50 anos


	Logo de airbag feito pela Takata: crise já matou cinco motoristas a bordo de carros da Honda
 (Toru Hanai/Reuters)

Logo de airbag feito pela Takata: crise já matou cinco motoristas a bordo de carros da Honda (Toru Hanai/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 15h39.

Southfield - A Honda Motor Co. sinalizou uma divisão crescente em seu relacionamento de mais de 50 anos com a produtora de airbags Takata Corp.

A fabricante de veículos está tendo dificuldades para conter uma crise que matou cinco motoristas a bordo de seus carros.

A Honda recorreu à Autoliv Inc., com sede em Estocolmo, para fornecer peças de substituição para os veículos do recall e está negociando com a Daicel Corp., do Japão, para tornar os componentes mais seguros.

A fabricante de veículos também se ofereceu para realizar um recall nacional nos EUA com o objetivo de substituir os dispositivos de segurança do lado do motorista, horas depois de a Takata ignorar o prazo final estabelecido pela reguladora automotiva do país para adotar uma ação similar.

Qualquer distanciamento nos laços da Takata com a Honda é significativo porque as corretoras, incluindo a Nomura Holdings Inc., preveem que a fornecedora precisará que as fabricantes de veículos assumam parte dos custos do recall, de mais de 13 milhões de veículos em todo o mundo.

Além de ser sua maior cliente, a Honda possui uma participação de 1,2 por cento na Takata e construiu o primeiro carro japonês em 1963 oferecendo seus cintos de segurança como recurso padrão.

“Para uma empresa de segurança, a confiança e a integridade são tudo”, disse Dave Sullivan, analista da AutoPacific Inc., por telefone. “No momento, a Takata não conta com nenhuma”.

É provável que as fabricantes de veículos busquem fornecedores alternativos dentro dos próximos 12 a 18 meses e que a Takata perca contratos de fornecimento de peças para futuros modelos se não promover descontos em seus produtos, disse Sullivan.

Para evitar a “morte súbita” da Takata como resultado do fato de os recalls regionais se expandirem para todo o país nos EUA, as fabricantes de veículos podem avaliar a possibilidade de dividir os custos, escreveu Shintaro Niimura, analista de crédito da Nomura, em um relatório do dia 26 de novembro.

Questão na Honda

“O debate provavelmente girará em torno da questão de se a Honda apoiará a Takata ou não”, disse Niimura, que vê um risco de os spreads dos bonds da fornecedora se ampliarem.

A Honda também está se unindo à Toyota Motor Corp. e a outras fabricantes de veículos na defesa de testes independentes, em todo o setor, para os infladores de airbags Takata, com o objetivo de complementar a investigação própria da fornecedora. A Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário dos EUA (NHTSA, na sigla em inglês) disse que os componentes podem ter um mau funcionamento se expostos à umidade, levando os dispositivos a romperem e as peças de metal a se quebrarem, podendo atingir os passageiros.

A Autoliv entregará infladores substitutos à Honda dentro de cerca de seis meses, disse a fabricante de airbags, cintos de segurança e sistemas de radar em um comunicado. A empresa disse que aumentará sua capacidade para fabricar as peças de substituição nas instalações de fabricação existentes.

Recall nacional

A Honda expandirá seu recall de infladores do lado do motorista nos EUA para uma campanha nacional de reparo, quando antes estava limitada às regiões com umidade alta e absoluta, disse Rick Schostek, vice-presidente-executivo da unidade da empresa na América do Norte, ontem, em Washington.

Mais de 8 milhões de carros americanos usam airbags Takata, a maioria deles em estados e territórios de alta umidade. A fornecedora com sede em Tóquio recusou a exigência da NHTSA para declarar um recall nacional, citando a escassez de peças de substituição e dados que, segundo a empresa, apoiam as ações regionais.

“A Takata tomou a decisão de não fazer um recall nacional e a Honda precisou fechar essa lacuna”, disse Scott Upham, presidente da Valient Market Research, em entrevista. “Eles tiveram que aceitar as circunstâncias para proteger seus clientes e evitar publicidade ruim. A Takata evitou fazer isso por causa do custo”.

A Daicel e a Autoliv poderão controlar mais da metade do mercado para infladores até 2020 com o encolhimento da participação da Takata, disse Upham, de Rochester, Nova York.

A Autoliv, maior fabricante de infladores, poderá aumentar sua fatia do mercado global pelo componente de 25 por cento para 28 por cento até 2020, e a participação da Daicel poderá dar um salto de 16 por cento para 24 por cento, segundo projeções da Valient.

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