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Erros, aumento de custos e sindicatos: os motivos por trás da demissão de executivo da Amazon

O portal Business Insider conversou com colaboradores e fontes próximas à operação, que apontam atritos entre Dave Clark, ex-executivo da companhia, e Andy Jassy, atual CEO

Amazon (AMZO34) (Reprodução/Shutterstock)

Amazon (AMZO34) (Reprodução/Shutterstock)

KS

Karina Souza

Publicado em 4 de junho de 2022 às 18h26.

O chefe da divisão de consumo da Amazon, Dave Clark, anunciou na última sexta-feira (3) que estava deixando o cargo, após uma trajetória de 23 anos na empresa. Na ocasião, a Bloomberg apontou que a saída repentina seria um sinal de que o atual CEO, Andy Jassy, estaria em busca de mudanças na divisão – que enfrentou turbulências na pandemia e deixou a companhia com excesso de espaço de armazenagem, por exemplo. De olho em explorar as razões mais a fundo, o portal Business Insider publicou uma matéria neste sábado, que mostra alguns motivos além de erros operacionais para a saída de Clark da empresa fundada por Jeff Bezos.

Ao ouvir ‘insiders’ e ex-executivos da companhia, a matéria aponta os motivos já listados pela Bloomberg, mas vai além no relacionamento entre Clark e Jassy. Uma ex-VP da Amazon destacou que o executivo era brilhante, mas tinha um jeito de trabalhar “como uma máquina, até implacável em certo sentido. Ele não tinha a parte de conexão humana”. Enquanto isso, “Jassy tem uma abordagem diferente, tentando moldar uma Amazon mais ‘gentil’ diante do momento atual da empresa”, diz a fonte.

Saindo do aspecto de ‘soft skills’ para hard skills, o que as fontes ressaltam ao portal é que Dave Clark tinha dificuldade em fazer a gestão da vertical de e-commerce diante do novo momento pelo qual a Amazon passa. O executivo colaborou para a construção da rede de entregas que a Amazon tem, principalmente durante o momento de expansão contínua da operação. 

Agora, a companhia ainda está se adaptando à realidade pós-covid e, de fato, acabou sobredimensionando a necessidade de pessoas e espaços necessários para continuar operando. Além disso, a companhia também enfrenta o ambiente macro mais hostil, com aumento da inflação, que impacta o poder de compra de clientes. Como resultado, as vendas caíram 3% no último trimestre na comparação anual, a primeira queda desde 2015.

“Adicione sindicatos, reputação de segurança da Amazon, vários processos de ação coletiva e falta de confiança do mercado por causa de ações como a Amazon Freight e provavelmente a gestão vai achar que é hora de mudar”, diz uma fonte.

Para relembrar, em abril deste ano, colaboradores da Amazon aprovaram a criação de um sindicato em Nova York, uma decisão histórica dentro da companhia – uma vez que, em tentativas anteriores, os votos para a criação da união dos trabalhadores sempre eram vencidos. A decisão veio depois de uma série de pontos negativos em relação às condições de trabalho da companhia nos Estados Unidos, como as alegações de que funcionários tinham que urinar em garrafas para ganharem tempo. 

Em junho do ano passado, o executivo chegou até a anunciar em um post de blog a intenção da Amazon de se tornar “A melhor empresa para se trabalhar da Terra”, em uma tentativa de atenuar a pressão de investidores sobre a empresa – algo que Bezos também já vinha fazendo com certa frequência a partir da divulgação das alegações de colaboradores.  

Além disso, como lembra o Washington Post, a Amazon também se tornou um frequente tema de debate em nível regulatório. Investigadores no Capitólio descobriram que a companhia estava entre um grupo de empresas de tecnologia que se engajaram em táticas anticompetitivas, em um relatório de 450 páginas sobre o assunto. 

Agora, em um tuíte no qual anuncia o fim da trajetória na companhia, Clark afirma que “é hora de se reconstruir de novo”. Ele ainda agradece a todos com quem trabalhou e compartilha, na rede social, a carta na íntegra enviada aos clientes. Por enquanto, a Amazon ainda não anunciou quem deve ocupar a cadeira do executivo na empresa. 

 

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