Oi possui uma estrutura de propriedade absurdamente complicada, diz o Financial Times (Marcelo Correa)
Diogo Max
Publicado em 8 de novembro de 2010 às 07h48.
São Paulo - A tradicional coluna Lex, do jornal Financial Times, publicou nesta segunda-feira uma análise sobre os rumos das empresas de telecomunicações no Brasil. Para os britânicos, o aumento na participação da Portugal Telecom dentro da Oi é como se fosse um “casamento forçado”, com um “estranho parceiro”.
“A Portugal Telecom está prestes a embarcar em um casamento forçado, com um estranho parceiro”, compara o Financial Times. O jornal britânico diz que os portugueses devem desembolsar 3,6 bilhões de euros para aumentar sua participação para 22% na Oi.
O valor é diferente do apresentado na última semana, pelo jornal Folha de S. Paulo. A reportagem havia publicado uma informação de a Portugal Telecom pagaria cerca de R$ 1,1 bilhão e que os portugueses deveriam adquirir as ações do BNDES, do Previ, do Petros e do Funcef.
Para a coluna Lex, a Oi possui uma “estrutura de propriedade absurdamente complicada”, controlada por grandes empresas e fundos de pensão nacionais.
“Não admira que os investidores estejam nervosos”, diz a coluna Lex. “Se a transação for concluída conforme o planejado, em março do próximo ano, a Portugal Telecom vai estar exposta a uma empresa que faz 80% de sua receita com serviços de telefonia fixa, que está em declínio”, acrescenta o Financial Times.
Mas o jornal faz uma ressalva, elogiando as habilidades do presidente-executivo da Portugal Telecom, Zeinal Bava. “Igualmente, a Portugal Telecom tem gerido o seu negócio de linha fixa em Portugal com altivez e poderia aplicar os conhecimentos para o Brasil”, diz a coluna Lex.
Oi poderia comprar a TIM
O Financial Times faz uma insinuação das mais ácidas para o setor de telecomunicações. “Ainda há uma pequena chance de que a Oi poderia considerar a compra da TIM Brasil (muito bom)”, diz a coluna Lex, que cita que a sinergia entre as duas companhias poderia chegar a mais de 3,6 bilhões de euros.
O jornal britânico ressalta ainda que poderia haver uma interferência da Anatel, por questões de concorrência, e que a Telecom Itália “sempre insistiu” que não pretende vender a TIM Brasil. “Mas, até então, a Portugal Telecom costumava dizer a mesma coisa com a Telefônica. O drama brasileiro ainda não acabou”, conclui a coluna Lex.