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Empresas devem aprender com o futuro, diz professor do MIT

Otto Scharmer falou a gestores nesta quarta-feira, em São Paulo, e defendeu também que companhias precisam pensar não só em seus públicos, mas em todo o sistema

Inovação: para Otto Scharmer, empresas devem pensar não só em si, mas em todo o sistema (Getty Images)

Luísa Melo

Publicado em 23 de maio de 2014 às 10h20.

São Paulo - Empresas que querem se destacar terão que  "aprender com o futuro" e inovar pensando não só em seus públicos, mas em todo o sistema em que estão inseridas. É o que defende Otto Scharmer, professor do Massachussets Insitute of Tecnology ( MIT ).

Ele, que também é autor do best seller "Teoria U" e do recém-lançado "Liderar a partir do futuro que emerge", esteve em São Paulo nesta quarta-feira e falou a gestores durante o 22º Seminário Internacional em Busca da Excelência, promovido pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

No evento, Scharmer discursou sobre os desafios da liderança contemporânea e defendeu que, para inovar, as organizações precisam desenvolver uma "consciência ecossistêmica".

Ela consiste em aliar seus públicos de relacionamento (como funcionários e parceiros de negócios), a todo o sistema (o governo e a sociedade, por exemplo).

"É uma consciência focada no meu bem estar e no bem estar de todos", afirmou.

Para conseguir alcançar esse espírito, de acordo com o pensador, pessoas e organizações terão de adotar uma nova forma de aprender.

Segundo ele, a maior parte das metodologias de aprendizado utilizadas ainda são baseadas em recursos e fontes do passado, em experiências anteriores.

Essa forma de absorver conhecimento, porém, não consegue resolver os problemas que as empresas precisam enfrentar (como antecipar tendências, por exemplo) e acaba se tronando um obstáculo, na visão do professor.

Ele defende, então, que para serem mais criativos e inovadores, indivíduos e organizações precisam adotar outra maneira de aprender: uma que busca referências no futuro à medida em que ele vai surgindo.

Para acessar essa "fonte de conhecimento" que se encontra no que ainda está por vir, o pensador diz que é necessário seguir uma teoria batizada de "processo U".

Ela leve esse nome porque tem como princípio ações que devem fazer uma trajetória em formato da letra U: para atingir a parte mais profunda da transformação (na parte inferior do U), é preciso descer por ele com mente, coração e vontade abertos e, depois, subir aplicando o conhecimento novo à realidade.

Cumprir esse caminho exige três passos, conforme definido pelo economista Brian Artur, colega de Scharmer :

1. Para descer pelo U

Nesta fase, conforme disse Scharmer, é necessário observar, observar e observar. É a hora de parar aquele processo de recuperar experiências antigas (que ele chama de downloading) e entrar totalmente na situação em que se vai investir.

Traduzindo para o meio corporativo, esse "mergulho" poderia ser um processo de experiência do cliente, por exemplo.

2. Na base do U

Aqui, a premissa é "recuar e refletir", para que o conhecimento interior possa aflorar. Trata-se de um desligamento da realidade para ouvir e se conectar com os seus "conhecimentos mais profundos".

"É quando você (ou a empresa) deve se perguntar: de qual história eu quero fazer parte no futuro?", afirma o professor.

3. Para subir pelo U

Essa última etapa pede que a empresa "atue no instante", ou seja, pegue uma nova ideia e haja rapidamente, construindo um protótipo e explorando essa criação ao máximo.

Dessa forma, haverá um pronto retorno de todos os públicos de relacionamento da companhia, o que permite que a ideia seja refinada e evolua.

"Tudo isso é muito diferente do que você aprende na escola, mas é o que inovadores fazem", garante Otto Scharmer.

Ele diz ainda que terceirizar o "movimento do U", contratando uma consultoria para idealizar programas de inovação, por exemplo, é a última coisa que se deve fazer, porque "essa é a a maior fonte de aprendizado".


Tudo depende do líder

De acordo com Scharmer, para que o processo de despertar a aprendizagem com base no futuro seja eficiente em uma organização, o papel do líder é fundamental.

"O sucesso de uma intervenção depende da condição interior do interventor", disse. Isso significa que o responsável pelo time precisa adotar o movimento não só na empresa, mas dentro de si.

Para isso, o professor diz que o líder deve ter três atitudes. A primeira, é estar com a mente aberta, ou seja, ser capaz de realmente suspender os antigos hábitos e prestar atenção no que é novo.

A segunda é manter o coração aberto, que nada mais é do ser empático e conseguir enxergar os problemas não só do próprio ângulo, mas do ponto de vista de todos os envolvidos.

A última, consisite em deixar a vontade aberta, o que Scharmer define como "deixar ir e deixar vir". Significa abrir mão, deixar "morrer" o se já faz para abraçar algo desconhecido.

De acordo com ele, a nível corporativo, muitos processos de fusão entre companhias fracassam porque elas não conseguem "deixar ir" seus modelos de négocios para adotar um diferente, não são capazes de se livrar da ideia de competir entre si.

Como isso se aplica nas empresas

Para colocar tudo em prática nas empresas, Scharmer diz que é preciso recriar as conversações dentro dela.

Tudo deve ser olhado do ponto de vista do outro e, só depois, do próprio. Esse processo deve ser repetido inúmeras vezes.

Além disso, ele afirma que para que um líder seja eficiente, ele precisa enxergar não só o quanto sua equipe e empresa são boas, mas também como elas podem ser melhores no futuro.

E para que toda essa teoria funcione, segundo o professor, cada pessoa dentro da organização deve se questionar e refletir sobre duas coisas: quem sou eu (considerando o eu a possibilidade a sua futura mais elevada) e qual é o meu trabalho (representado como missão, e não como ocupação).

São Paulo – Esta semana, a revista americana Time publicou a sua lista das 100 pessoas mais influentes do mundo. A seguir, listamos os oito mais influentes que fazem parte do mundo da tecnologia. A lista coloca alguns nomes mais desconhecidos no ocidente, como os chineses Pony Ma e Jack Ma, e deixa outros mais familiares, como Tim Cook, CEO da Apple, de fora. Veja todos os nomes a seguir.
  • 2. Pony Ma

    2 /10(Lam Yik Fei/Bloomberg)

  • Veja também

    Ma Huateng, também conhecido como Pony Ma é o fundador da Tencent, uma das maiores companhias de internet, comunicações e mídia da China. A empresa é dona do aplicativo WeChat e dos portais QQ. Pony Ma, com 42 anos, é o quinto homem mais rico da China, com uma fortuna estimada em 13 bilhões de dólares. Hoje ocupa o cargo de presidente do conselho da Tencent. A Time já havia colocado Pony Ma em sua lista de 100 pessoas mais influentes do mundo em 2007.
  • 3. Tony Fadell

    3 /10(David Paul Morris/Bloomberg)

  • Este ano, o nome de Tony Fadell voltou a ser falado. A causa foi a compra de sua empresa Nest pelo Google por 3,2 bilhões de dólares. Fadell foi um dos principais envolvidos na criação do iPod, sob a batuta de Steve Jobs. Depois de deixar a Apple, Fadell fundou a Nest, que desenvolve eletrônicos (como um detector de fumaça) conectados à internet. Fadell é o grande nome quando se pensa na internet das coisas e na casa conectada.
  • 4. Evan Spiegel e Bobby Murphy

    4 /10(David Paul Morris/Bloomberg)

    Evan Spiegel e Bobby Murphy (na foto ao lado) são os fundadores da rede social Snapchat. Eles mudaram a dinâmica como se pensa no compartilhamento. Tiraram a maneira pública como as relações em redes sociais se baseavam e colocaram a privacidade em primeiro lugar. Os jovens estão fugindo do Facebook e adotando o Snapchat. O Snapchat, inclusive, rejeitou uma oferta de compra de três bilhões de dólares oferecida pelo Facebook.
  • 5. Jeff Bezos

    5 /10(Getty Images)

    O criador da Amazon, Jeff Bezos, não poderia estar de fora da lista. Ele criou uma das maiores empresas de tecnologia na garagem de sua casa. A Amazon mudou (e ainda quer mudar muito) a forma como compras são feitas. Além de ainda comandar uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, Bezos busca expandir seus domínios. No segundo semestre de 2013, o americano comprou um dos maiores jornais do mundo, o Washington Post, por 250 milhões de dólares.
  • 6. Jack Ma

    6 /10(Jerome Favre/Bloomberg)

    Jack Ma é fundador da gigante virtual Alibaba. A empresa é o maior e-commerce da China. Jack Ma tem uma fortuna estimada em 7,1 bilhões de dólares. A Alibaba está se preparando para iniciar vendas públicas de suas ações. O IPO da empresa deve ser feito nos Estados Unidos. Em 2013, o empreendedor passou a investir na resolução de um grande problema na China: a poluição. Jack Ma se tornou diretor do programa de Conservação Natural da China.
  • 7. Travis Kalanick

    7 /10(David Paul Morris/Bloomberg)

    Travis Kalanick é co-fundador e CEO de uma das startups mais quentes do momento, a Uber. Kalanick criou uma nova forma de se pensar em transporte. Carros de luxo alugados com motoristas, algo bem elegante. Kalanick pegou conceitos comuns que invadiram o mercado de tecnologia nos últimos anos e deu um toque de classe neles com o Uber.
  • 8. Edward Snowden

    8 /10(Getty Images)

    Edward Snowden foi o responsável por um dos maiores debates sobre privacidade da história do mundo e dos Estados Unidos. Snowden forneceu arquivos da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos para jornalistas, mostrando como o governo vigia seus cidadãos. Hoje, Snowden vive exilado na Rússia.
  • 9. Hosain Rahman

    9 /10(Andrew Harrer/Bloomberg)

    O nome de Hosain Rahman é pouco conhecido. Ele é um dos fundadores e CEO da Jawbone, uma empresa que desenvolve computação vestível. Enquanto Google, Samsung e Apple começam a disputar o mercado de tecnologia vestível, a Jawbone já trabalha na área há muito tempo. Com um bônus: eles têm o dispositivo mais bonito e elegante do mercado. E é Rahman o responsável por tudo isso.
  • 10. Agora, veja os gadgets mais importantes da atualidade

    10 /10(Creative Commons /janitors)

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