Num país em que ter lucro ainda não é bem-visto pela maioria das pessoas, as companhias brasileiras de capital aberto bateram um recorde no ano passado. Em conjunto, o lucro líquido consolidado dessas empresas atingiu 79,312 bilhões de reais, o maior da história e 23% superior ao registrado em 2003, segundo a consultoria Economática (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre a vergonha do lucro no Brasil).

Dos 20 setores produtivos analisados pela Economática, 13 bateram seu recorde de lucros no ano passado. Pelo quarto ano consecutivo, o setor bancário liderou a lista, embora tenha registrado um recuo em sua participação percentual. No ano passado, os 13,959 bilhões de reais obtidos pelos bancos representaram 22,7% do total de lucro líquido das companhias de capital aberto. Em 2003, seu lucro foi de 12,570 bilhões, correspondentes a 29,8% do total.

Outro destaque foi a siderurgia, estimulada pelo aumento dos preços internacionais do aço. O setor aparece em segundo lugar na lista dos mais lucrativos, com 12,886 bilhões de reais, praticamente o dobro dos 6,221 bilhões obtidos no ano retrasado. Sozinhas, as siderúrgicas responderam por 21% dos lucros das empresas listadas em bolsa no Brasil em 2004.

O ramo de papel e celulose foi o destaque negativo da pesquisa. As empresas desse segmento apresentaram uma queda total de 1,28 milhão de reais em seu lucro líquido, passando de 4,337 bilhões para 3,058 bilhões. Outros segmentos que também ganharam menos em 2004 foram o de alimentos e bebidas (1,811 bilhão contra 2,897 bilhões), seguros (158 milhões contra 249 milhões), minerais não-metálicos (53 milhões contra 463 milhões), e construção civil (prejuízo líquido de 28 milhões, contra lucro líquido de 64 milhões).