Empresas britânicas pedem ajuda a políticos sobre imigração
As empresas também desejam manter o acesso a trabalhadores com ou sem qualificação do continente europeu, disseram.
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2016 às 17h34.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2017 às 17h24.
Londres - As maiores associações empresariais britânicas estão pedindo ajuda ao Partido Trabalhista britânico, de oposição, para defender a imigração no momento em que o Reino Unido se prepara para deixar a União Europeia.
A Confederação da Indústria Britânica (CIB, na sigla em inglês) e a Câmara Britânica de Comércio (BCC) exortaram o Partido Trabalhista a pressionar a primeira-ministra Theresa May a garantir que os cidadãos da UE possam permanecer no país após o Brexit, segundo dois integrantes do partido com conhecimento das discussões.
As empresas também desejam manter o acesso a trabalhadores com ou sem qualificação do continente europeu, disseram.
May foi acusada de transformar os trabalhadores da UE em moeda de troca nas iminentes negociações do Brexit ao se recusar a garantir o direito de eles morarem no Reino Unido a menos que haja um acordo recíproco para os britânicos que moram em outros países europeus.
Ao mesmo tempo, a secretária de Estado para o Interior, Amber Rudd, sugeriu uma série de propostas para frear a imigração, provocando forte reação das empresas.
A postura linha-dura de May sobre a imigração ameaça manchar a reputação do Partido Conservador como o partido das empresas e dar uma causa comum ao Partido Trabalhista e às empresas.
Isso pode ajudar a reduzir a divisão aberta quando o Partido Trabalhista se inclinou para a esquerda no espectro político com Ed Miliband e, atualmente, com Jeremy Corbyn.
“Trabalharemos com quem for, conversamos com políticos de todas as inclinações o tempo todo”, disse a BCC, em comunicado.
Um porta-voz confirmou que a organização havia se reunido com integrantes do Partido Trabalhista e que existe “terreno comum” em relação a questões migratórias, como vistos estudantis e direitos dos cidadãos da UE.
“A CBI está comprometida a trabalhar com políticos de todos os partidos para tirar o melhor do Brexit”, disse o diretor para pessoas e capacidades da confederação, Neil Carberry, em comunicado.
Trabalhadores necessários
Setores como construção e hospedagem se tornaram dependentes dos trabalhadores estrangeiros quando a UE abriu as portas aos antigos países comunistas do Leste Europeu, em 2004.
A migração líquida para o Reino Unido atualmente é de mais de 300.000 pessoas por ano.
Uma pesquisa da University College London apontou que as pessoas que se mudaram para o Reino Unido neste século contribuíram com 20 bilhões de libras (US$ 25 bilhões) para as finanças públicas entre 2001 e 2011 e o Escritório para Responsabilidade Orçamentária (OBR, na sigla em inglês) estimou na quarta-feira que a imigração menor, resultado do referendo do Brexit, aumentará os empréstimos do governo em 16 bilhões de libras nos próximos cinco anos.