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Empresas aderem à "venda" de produtos grátis no Brasil

São Paulo - O crescente poder de compra da população brasileira motivou o surgimento de lojas que já devem ter povoado o imaginário de consumidores mais ávidos por novidades. Nelas, o público tem a chance de experimentar produtos diversos antes mesmo de chegarem às prateleiras dos supermercados. E sem precisar abrir a carteira. Apoiadas em […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - O crescente poder de compra da população brasileira motivou o surgimento de lojas que já devem ter povoado o imaginário de consumidores mais ávidos por novidades.

Nelas, o público tem a chance de experimentar produtos diversos antes mesmo de chegarem às prateleiras dos supermercados. E sem precisar abrir a carteira.

Apoiadas em experiências de sucesso em países como Japão, Estados Unidos e Austrália, duas lojas de produtos "gratuitos" se estabeleceram no Brasil nos últimos meses a fim de atender a uma necessidade das próprias empresas de bens de consumo, lançando mão do perfil participativo do consumidor brasileiro.

Do lado das empresas, pesa a favor a possibilidade de ter uma pesquisa sobre seus produtos com baixo investimento, o chamado "tryvertising". Já os consumidores usufruem do direito de testar novos produtos em tamanho e versões originais, fugindo do conceito de pequenas amostras gratuitas.

No início de maio, dois empresários deram o pontapé ao inaugurar o Clube Amostra Grátis, em São Paulo. Com 130 empresas e cerca de 200 produtos disponíveis, o clube conta com mais de 14 mil pessoas cadastradas até o momento, se aproximando da meta de 20 mil usuários nos próximos meses.

A boa aceitação levou o Clube a planejar mais seis lojas ainda este ano em outras capitais, sendo que uma delas, em Curitiba, será aberta no final deste mês, segundo Luiz Gaeta, um dos sócios da companhia.

"Tivemos 91 por cento das pesquisas respondidas no primeiro mês... A aceitação da indústria foi muito maior do que esperávamos, o que mostra que isso pode se tornar uma tendência", afirmou Gaeta, acrescentando que a loja tem capacidade para cerca de 120 mil clientes por mês.

Nos mesmos moldes, a Sample Central desembarcou no Brasil em junho, como uma franquia da australiana Sample Lab, instalada no Japão em 2007. Hoje, a companhia já contabiliza 25 mil usuários na capital paulista, superando a estimativa de seus criadores de 20 mil cadastrados até o final do ano. Em cinco anos, a Sample Central espera atingir cinco outras capitais brasileiras, além de prever novas lojas em São Paulo.

O gerente-geral da Sample Central, João Pedro Borges, espera uma demanda cada vez maior por esse modelo de negócios. "O ambiente da loja e todo o diferencial em relação a lojas tradicionais de varejo são atrativos para o consumidor", disse.

Com cerca de 230 produtos disponíveis, a Sample Central está localizada perto da avenida Paulista, região central da capital, se beneficiando de um fluxo intenso de pedestres diariamente.

A curiosidade de muitos que se deparam com a fachada amarela da loja, contudo, pode ser ainda mais aguçada, dado que as visitas só podem ser realizadas após agendamento prévio via Internet.

Após a primeira visita, com um cartão magnético em mãos, o consumidor tem a liberdade de visitar a loja quantas vezes desejar, sob a condição de não poder levar para casa os produtos adquiridos em visitas anteriores.

Mas, quem espera encontrar um ambiente similar ao de um supermercado pode se surpreender. O espaço, menor, enche os olhos do visitante com cores, prateleiras forradas de lançamentos e arquitetura moderna. Para as "compras", uma cesta com capacidade bastante superior a cinco itens aos quais cada consumidor tem direito faz as vezes do carrinho convencional.


Em ambos os casos, a empresa interessada em testar seus produtos paga pelo uso das prateleiras por 15 dias e pelo acesso ao resultado das pesquisas. No caso da Sample Central, que tem o Ibope como parceiro, o valor vai de 4.800 a 5.400 reais. N do Clube Amostra Grátis, de 6.000 a 10.000 reais.

Já o consumidor desembolsa 15 reais anuais para se tornar cliente da Sample Central, enquanto o valor da anuidade pelo Clube da Amostra Grátis é de 50 reais.

Em troca dos cinco produtos a que tem direito de escolha a cada visita às lojas, os consumidores têm 15 dias, em média, para responder as pesquisas de avaliação dos mesmos.

"O investimento (para as empresas) é muito menor do que em uma pesquisa tradicional. O resultado, em poucas semanas, é imparcial, pois o consumidor não é convidado para uma ação específica de uma única empresa", assinalou Gaeta, do Clube Amostra Grátis.

Buscando melhor conhecer o perfil dos consumidores, empresas como Sadia, Cosan, AmBev e Grupo Bertin, e estrangeiras como Unilever e Kellogg's, têm apostado na ferramenta como estratégia para pré-lançamento ou reformulação de produtos.

"Além de uma ferramenta de pesquisa ágil para ampliar a atuação num mercado tão competitivo, serve de laboratório para uma pesquisa maior ou para decisões que não tenham risco alto, como nova cor de rótulo ou nova embalagem", comentou a gerente de marcas de higiene e beleza do Grupo Bertin, Lucia Rolla.

A interação com o tipo de cliente ativo, que se manifesta no caso de não aprovação de um produto após a compra, é apontada como outra vantagem do negócio.

"Essa deve ser a primeira iniciativa antes de uma expansão nacional", aposta a gerente de produto da União, pertencente à Cosan, Daniela Bolletta, que participa da Sample Central.

A Sadia, por sua vez, quantificou um aumento maior que o esperado nas vendas do produto na Sample Central, de acordo com a gerente de marketing de conveniência da empresa, que pertence à Brasil Foods, Patrícia Cattaruzzi.

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