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Empresa que paga a mensalidade atrasada de alunos a escolas levanta R$ 70 milhões

Expectativa da startup é atender 10.000 escolas em quatro anos; hoje, já oferecem produtos financeiros para 300 instituições de ensino

Caio Noronha, Leandro Scripiliti, Fabiola Overrath e Danilo Costa, da Educbank: aporte será usado para ampliar linha de crédito (Educbank/Divulgação)

Caio Noronha, Leandro Scripiliti, Fabiola Overrath e Danilo Costa, da Educbank: aporte será usado para ampliar linha de crédito (Educbank/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de agosto de 2023 às 07h00.

Um dos desafios das escolas particulares é a inadimplência ao longo do ano. A lei impede que a falta de pagamento durante o ano letivo interrompa o fornecimento do serviço ao estudante. Por consequência,há impacto no fluxo de caixa das instituições, que podem penar até para pagar salários ou garantir a manutenção das operações.

Foi olhando para esse problema que o advogado e empresário Danilo Costa criou a Educbank. A fintech oferece crédito para escolas particulares para que elas não sintam o impacto dessa inadimplência ao longo do ano. Na prática, eles pagam a mensalidade atrasada como crédito.

Agora, a startup acaba de captar 70 milhões de reais em um aporte via debênture. Esse valor será usado para ampliar a linha de crédito às escolas. Consequentemente, a empresa espera conseguir aumentar o número de clientes.

“Hoje, o nosso principal produto se chama Inadimplência Zero, mas temos todo um ecossistema criado para oferecer esse produto”, diz Costa. “Criamos uma plataforma onde a escola pode fazer a gestão financeira, acompanhar a carteira de alunos e organizar os pagamentos”.

O serviço da Educbank funciona assim: uma escola com 100 alunos tem uma inadimplência de 10%. A fintech pega o valor das mensalidades não pagas desses 10 alunos e entrega como um crédito à instituição financeira. Se, ao longo do ano, novos alunos virarem inadimplentes, a startup concede novos créditos.

“Com esses 70 milhões de reais, teremos mais dinheiro para emprestar às escolas”, afirma o executivo.

Como a Educbank nasceu

Os avós do paulista Danilo Costa eram professores. A educação sempre foi uma agenda importante na vida do empresário. Quando se formou em direito, trabalhou alguns anos no setor, principalmente no mercado financeiro, até que, em 2016, abriu uma rede de escolas de baixo custo.

“Eu queria trabalhar com educação desde pequeno, mas não tinha herança”, diz Costa. “Trabalhei em bancos de investimento até ter uma reserva que me permitiu empreender com escolas”.

Nesse negócio, chamado Vereda Educação, Costa ficou por quatro anos. Dois meses antes da pandemia estourar, o empresário vendeu o negócio. O desejo de trabalhar com educação, porém, continuou.

“Eu percebi na Vereda que as linhas de crédito para as escolas tinham taxas proibitivas”, afirma. “Foi assim que pensei em criar uma companhia dedicada em apoiar o setor de educação básica”.

Hoje, a Educbank atende 300 escolas em 25 Estados. A taxa média de juros é de 1% real ao mês mais a inflação.

Quais são os planos da Educbank

O novo aporte vai ajudar a empresa a ampliar a linha de crédito. Veja as metas da Educbank:

  • Com a ampliação da oferta de crédito, quer transacionar mais de R$ 1 bilhão em pagamentos escolares em um ano
  • Nos próximos quatro anos, quer estar atendendo 10.000 escolas
  • Lançar novos produtos, como a Linha Lilás, para dar crédito às escolas para investimentos maiores, de longo prazo

Como a startup captou 70 milhões de reais

A empresa captou os 70 milhões de reais a partir da emissão de debêntures securitizadas. A operação foi coordenada pelo Itaú BBA.

A securitizadora usa como garantia mensalidades escolares simples, não conversíveis em ações e de espécie quirografária. O prazo de vencimento será em 2026.

“O grande ponto, quando a gente olha a natureza do produto, é que essa inadimplência é sazonal”, afirma Caio Noronha, CFO da startup. “Durante o ano, como o aluno não pode ficar sem receber aula, a inadimplência continua. Depois, na época da rematricular, vão acertar. O risco é baixo”.

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