Para tirar o projeto do papel, a EAG conseguiu investimentos com a Falko (empresa de gestão de ativos focada no setor aéreo), CityJet, companhia aérea regional da Irlanda, e assinou um acordo de colaboração com a Atkins (EAG/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2021 às 16h27.
Última atualização em 28 de dezembro de 2021 às 10h33.
O Electric Aviation Group (EAG) e a Universidade de Nottingham anunciaram a criação de uma joint-venture para criar sistemas de propulsão elétrica nos próximos anos. O primeiro projeto, segundo comunicado emitido pelas empresas, será criar um avião elétrico de 90 lugares movido a hidrogênio, que deve ser entregue antes de 2030, chamado H2ERA. A aeronave deve ser tanto carbono zero quanto reduzir em 100% as emissões de óxido de nitrogênio (NOx).
Atualmente, a maior parte do hidrogênio é usada no refino de petróleo e na fabricação de produtos químicos e quase sempre é produzido a partir de gás natural ou carvão. Mas também pode ser gerado, a um custo mais elevado, com a passagem de corrente elétrica pela água. Se esse processo for movido a energia renovável, como eólica e solar, é possível usar o combustível sem produzir CO2.
Para tirar o projeto do papel, a EAG conseguiu investimentos com a Falko (empresa de gestão de ativos focada no setor aéreo), CityJet, companhia aérea regional da Irlanda, e assinou um acordo de colaboração com a Atkins, membro do grupo SNC-Lavalin. O grupo fornece serviços de engenharia, compras e construção para vários setores.
A ideia é que, assim que o projeto for concluído, a aliança entre as empresas complemente capacidades: a Universidade deve entrar com a propriedade intelectual para desenvolver e comercializar produtos e serviços de sistemas de propulsão elétrica, enquanto a EAG deve fornecer acesso a um programa de aeronaves comercialmente viável, focado na parte prática do uso dessas aeronaves -- utilizando para isso os sistemas de ponta utilizados pela parte acadêmica.
"A EAG está extremamente satisfeita por firmar esta parceria com a Universidade de Nottingham. Precisamos desenvolver tecnologias e plataformas de aeronaves no tamanho e escala certos para causar um impacto significativo no meio ambiente. O foco da joint-venture no desenvolvimento do sistema de propulsão elétrica classe 2MW é um passo na direção certa que contribuirá para resolver os desafios da descarbonização e do transporte aéreo em massa simultaneamente", afirmou Kamran Iqbal, fundador e CEO of EAG, em comunicado.
Apesar de a indústria da aviação emitir mais de 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em 2019, de acordo com a BloombergNEF, ainda existem muitos obstáculos para o desenvolvimento do primeiro avião movido a hidrogênio com emissão zero. Alguns deles são o combustível altamente inflamável, a falta de instraestrutura nos aeroportos para abastecer e o próprio custo do combustível. Ainda assim, isso não impediu outras empresas de realizarem testes com foco neste mesmo objetivo.
Outras iniciativas
Em setembro, a Airbus estabeleceu um prazo de cinco anos para desenvolver uma aeronave movida a hidrogênio comercialmente viável. A maior fabricante de aviões do mundo tem o apoio das partes interessadas — os governos francês, espanhol e alemão, que prometeram neutralidade em carbono até 2050 — e bilhões de euros em subsídios governamentais. Mesmo com a ajuda, será uma tarefa hercúlea, que exigirá reinventar o indústria de aviação de trilhões de dólares.
“O hidrogênio é o tipo de energia mais promissora que nos permite abastecer aeronaves e a aviação com energia renovável”, diz Glenn Llewellyn, engenheiro que lidera o experimento da Airbus. “A tecnologia de baterias não está evoluindo no ritmo necessário para atingirmos nossa ambição.”