Viviane Freitas Sales, Country General Manager da Incode no Brasil: proximidade vai ajudar a escalar o negócio (Incode/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de outubro de 2023 às 17h00.
Você vai criar uma conta em um banco digital e um dos primeiros passos é tirar uma foto segurando a carteira de identidade ao lado do rosto. O objetivo? A instituição financeira vai validar se você é, realmente, você. Um “cara, crachá”, como fazia o porteiro Severino, conhecido personagem do comediante Paulo Silvino em Zorra Total.
Por trás do reconhecimento da instituição financeira, porém, não tem nenhuma pessoa validando se seu rosto e sua foto de identidade são iguais. Quem faz isso agora são robôs e inteligências artificiais. Pelo menos na tecnologia da startup Incode, criada no Vale do Silício em 2015. Avaliada em 1,25 bilhão de dólares (cerca de 6,3 bilhões de reais), a empresa faz verificação de identidade e autenticação de gigantes como Citigroup e Rappi.
Agora, em uma estratégia de avançar em novos mercados, está instalando uma base no Brasil. Contratou uma Country Manager e está em processo de recrutamento de times comerciais e de marketing para entrar com força no mercado brasileiro.
“O mercado brasileiro é muito grande, com muitos potenciais clientes, do varejo a serviços financeiros”, diz Viviane Freitas Sales, Country General Manager da empresa no Brasil. “Com operação local, vamos estar mais próximos dos clientes e teremos equipes falando a língua do consumidor. Como é uma empresa muito focada em produto, conseguimos desenvolver produtos e adaptar para um mercado local”.
A empresa não abre o número de faturamento, mas quer dobrar a participação que já tem no Brasil em um ano. Até então, os clientes brasileiros eram atendidos pelo escritório da Incode no México.
A Incode foi fundada em 2015 nos Estados Unidos pelo mexicano Ricardo Amper. O principal negócio da startup é oferecer uma tecnologia para fazer validação de identidade e autenticação de pessoas. Sua tecnologia é aplicável em diferentes setores, como financeiro, bancário, fintech, cripto, varejo, turismo, saúde e entretenimento.
Entre os produtos têm a verificação de identidade a partir de bases governamentais e o “facematch”, em que a pessoa tira uma selfie e a tecnologia da Incode confere com a foto do documento e vê se é a mesma pessoa. Também tem um sistema que conhece reconhecer se o rosto da pessoa é realmente dela, ou se ela está usando uma máscara ou até mesmo deep fake, quando insere artificialmente um rosto no corpo de outra pessoa.
“Hoje, os fraudadores mais sofisticados vão imprimir a foto da pessoa, usar máscara, usar deep fake”, afirma Sales. “Às vezes, vai bater o facematch, mas a parte mais relevante da fraude é identificar que aquela pessoa é realmente uma pessoa de verdade. Temos uma tecnologia proprietária para fazer essa identificação, sem que a pessoa precise ficar se mexendo ou piscando”.
Parte dessa tecnologia com robôs é feita com inteligência artificial. Os desenvolvedores da Incode expõem aos robôs milhares de dados e fotos de pessoas e vão “ensinando” como identificar erros e acertos. Com isso, conseguem reconhecer e fazer a autenticação do rosto com mais facilidade.
Desde que nasceu, em 2015, a Incode apostou na expansão pelos Estados Unidos e México. Com isso, conseguiu chegar a outros países da América Latina, como Colômbia, por exemplo.
“A empresa já estava em um processo de expansão internacional, e o Brasil sempre foi visto como um mercado prioritário”, diz Sales. “Não só pelo tamanho e relevância econômica, mas também por ser um mercado que tem indústrias com muita exposição à fraude. Mercado financeiro e varejo online muito grande”.
O lançamento dos negócios da Incode no Brasil ocorreu na tarde desta terça-feira (3) em um evento de inteligência artificial em São Paulo. A empresa já começa no país atendendo a clientes como Nubank e Rappi. À princípio, os novos funcionários trabalharão de maneira remota, mas há ideia de construir um escritório na capital paulista. Neste momento, estão sendo contratados times de estratégia, comercial e marketing. No futuro, também haverá desenvolvedores locais.