Negócios

Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel

Fundada em Belo Horizonte, Woba aluga escritórios compartilhados, os chamados coworkings. A aposta, agora, é crescer na organização de eventos corporativos em espaços diferentões, como bares e até cinemas

Roberta Vasconcellos e Marco Crespo, da Woba: meta de 1 milhão de reservas até o final de 2024 (Montagem de Julio Gomes/EXAME/Divulgação)

Roberta Vasconcellos e Marco Crespo, da Woba: meta de 1 milhão de reservas até o final de 2024 (Montagem de Julio Gomes/EXAME/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 11h58.

Última atualização em 22 de novembro de 2024 às 14h47.

Tudo sobreCoworking
Saiba mais

O mercado brasileiro de coworkings continua em expansão. Em 2023, o número de espaços cresceu 22%, saltando de 2.443 para 2.986, segundo o Censo Coworking, realizado pela Woba, uma das empresas líderes na América Latina na locação de espaços compartilhados.

O faturamento do setor ultrapassou R$ 1 bilhão no ano passado, com projeções de que os coworkings ocuparão 30% das áreas corporativas até 2030. Para as empresas, que enfrentam aumentos nos custos fixos, esses espaços oferecem uma alternativa que pode reduzir em até 50% os gastos com aluguel e infraestrutura.

Embora muitas empresas estejam retomando o trabalho presencial, os escritórios compartilhados se tornaram uma opção estratégica, principalmente para operações híbridas. Modelos como o da Woba permitem que uma empresa alugue uma sala de reunião por um dia ou várias estações de trabalho por períodos específicos, ajustando os custos à demanda.

“Os coworkings deixaram de ser só uma solução para startups e passaram a fazer parte da estratégia de empresas maiores que buscam otimizar custos”, afirma Marco Crespo, presidente do conselho da Woba.

Uma ideia de Belo Horizonte que cresceu pelo Brasil

A Woba foi fundada em 2017, em Belo Horizonte, quando ainda se chamava BeerOrCoffee. Roberta Vasconcellos, uma das fundadoras e atual CEO (Chief Executive Officer, ou diretora-geral), teve a ideia ao observar as mudanças no mercado de trabalho e a necessidade de soluções mais econômicas e práticas para empresas de todos os portes. A proposta inicial conectava pequenos escritórios e profissionais autônomos a espaços compartilhados.

Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC Minas, Vasconcellos deu seus primeiros passos no mercado como gerente de contas e vendedora. Em 2009, ingressou na startup Sambatech, onde se envolveu no ecossistema de inovação em Belo Horizonte.

Posteriormente, foi uma das fundadoras do aplicativo Tysdo, uma rede social focada em ajudar usuários a alcançar metas pessoais, antes de criar a BeerOrCoffee. “Minha experiência me mostrou que, para crescer, é preciso entender as dores dos clientes e trazer soluções práticas para as empresas”, diz Vasconcellos.

Em 2022, a BeerOrCoffee passou por uma reformulação de marca e modelo de negócios, adotando o nome Woba e ampliando o portfólio de serviços para incluir eventos e espaços diversificados. “Não queríamos apenas oferecer mesas e cadeiras. Queríamos ajudar empresas a criar conexões mais significativas dentro de espaços bem planejados”, afirma Vasconcellos.

Diferenciais que chamam a atenção

A Woba se diferencia por oferecer mais do que estações de trabalho. A empresa incluiu espaços menos convencionais em seu portfólio, como cinemas da rede Cinépolis e bares como Pirajá e Original, ambos localizados em São Paulo. Esses locais ampliam as possibilidades para empresas que desejam realizar eventos, reuniões ou confraternizações em ambientes fora do padrão corporativo.

Desde 2022, a Woba já promoveu mais de 1.300 eventos, reunindo 42 mil pessoas. A parceria com a Cinépolis, por exemplo, oferece 56 salas de cinema para locação, que podem ser usadas tanto para apresentações quanto para reuniões. “A inclusão de cinemas e bares no portfólio permite atender empresas que buscam algo além do ambiente corporativo tradicional. É uma maneira de usar o espaço para criar novas experiências”, afirma Crespo.

Atualmente, a plataforma da Woba conta com mais de 2.000 espaços cadastrados, 11.000 estações de trabalho, 3.500 salas de reunião e 500 locais destinados a eventos. A empresa também atua na organização dos eventos, oferecendo serviços que incluem escolha de local, suporte logístico e curadoria.

Apoio de investidores e a chegada de Marco Crespo

O crescimento da Woba foi impulsionado por investidores como Kees Koolen, fundador do Booking.com, e pelos fundos Kaszek e Valor. Os aportes viabilizaram a expansão da rede e a criação de uma infraestrutura tecnológica para gerenciar as reservas de forma eficiente.

Em 2022, Marco Crespo entrou na empresa como COO (Chief Operating Officer, ou diretor de operações), responsável pela gestão do dia a dia da empresa. Formado em Engenharia pela Universidade Estadual de Campinas e com MBA pela Harvard Business School, Crespo acumulou experiência em cargos de liderança no Gympass e na Yalo.

Dois anos depois, ele assumiu um cargo no conselho da Woba. Sua chegada foi fundamental para implementar parcerias como a colaboração com a Cinépolis e para melhorar a eficiência da operação da empresa.

Desafios e próximos passos

Apesar do crescimento, a Woba enfrenta desafios. O mercado de coworkings está mais competitivo, com redes internacionais, novos entrantes e operadores locais ganhando espaço. Além disso, a empresa precisa equilibrar personalização e escala, mantendo os custos sob controle.

Os planos para o futuro incluem ampliar o portfólio de eventos corporativos, integrar novos parceiros e criar soluções específicas para pequenas e médias empresas. A meta de alcançar 1 milhão de reservas até o final de 2024 reflete o esforço da Woba para consolidar o coworking como uma alternativa viável para empresas de todos os tamanhos.

Outro projeto em estudo é a criação de serviços financeiros para clientes corporativos, aproveitando a base de dados gerada pela operação. A ideia é ajudar empresas a planejar melhor seus custos com infraestrutura e, ao mesmo tempo, fortalecer o modelo de assinatura da Woba.

“Queremos que nossos clientes encontrem o que precisam de forma simples e prática”, diz Vasconcellos. “O foco é atender melhor e continuar crescendo de maneira sustentável.”

Acompanhe tudo sobre:CoworkingCabeça de empreendedorEmpreendedorismoempreendedorismo-feminino

Mais de Negócios

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem

Como esta administradora independente já vendeu R$ 1 bilhão em consórcios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana