Embalagens dão origem a novos produtos
Kraft, Walmart e Pepsico atuam no projeto norte-americano que chega ao Brasil
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.
Rio de Janeiro - Fazer do lixo um negócio. Este é o conceito que a TerraCycle traz para o Brasil. Criada nos Estados Unidos em 2007, a empresa conta com a parceria de marcas e consumidores engajados no tema da sustentabilidade para recolher embalagens que seriam descartadas e dar origem a novos produtos. Hoje, países como Inglaterra, Canadá e México participam do projeto que, apenas nos Estados Unidos, envolveu 10 milhões de pessoas e ajudou a evitar o desperdício de cerca de um bilhão e meio de embalagens nos últimos três anos.
Há dois meses no país, a TerraCycle reúne mais de 25 mil consumidores nas chamadas Brigadas, formadas por pessoas que se reúnem para coletar e enviar embalagens para a empresa. No período, foram destinadas 11mil unidades de embalagens de Tang, da Kraft Foods, e Elma Chips, da Pepsico para a reciclagem. Os resíduos dão origem a produtos como mochilas, estojos e bolsas, e são vendidos nas lojas do Walmart.
Por enquanto, as marcas são as únicas parceiras do projeto brasileiro, que no exterior conta com a ajuda de nomes de peso como as próprias Kraft e Pepsico, além de Unilever, Nestlé, Procter & Gamble, Johnson & Johnson, Mars e Kimberly-Clark e vende os produtos em varejistas como The Home Depot, Walmart, Target, Urban Outfitters e Best Buy.
Coleta cumpre papel social
A TerraCycle não só contribui para evitar o acúmulo de lixo, como também cumpre o seu papel social. A cada embalagem coletada, a empresa destina R$ 0,02 a instituições de caridade escolhidas pelos próprios consumidores. Juntando todos os mercados em que atua, a TerraCycle doa cerca de US$ 100 mil para entidades carentes por mês. Este ano, a expectativa é de que o faturamento global chegue a US$ 15 milhões, o dobro do último ano, com a venda de uma linha com 400 produtos diferentes.
O ciclo que une empresas, consumidores e mercado faz com que a sustentabilidade seja colocada em prática de forma completa. "Nossa estratégia é oferecer o produto massificado, em grande volume. Muitas vezes, o reciclado é caro, de nicho ou tem qualidade muito ruim. A ideia é deixá-lo acessível para a população. Quem coleta vê o produto ser vendido e se engaja", explica Guilherme Brammer, responsável pela TerraCycle no Brasil.
O marketing é feito pela própria TerraCycle e se apoia, principalmente, em mídia espontânea e links patrocinados. Gisele Bündchen, por exemplo, comentou sobre o projeto em seu blog. A divulgação dos produtos feitos a partir das embalagens recicladas também aposta nos jovens engajados, redes sociais e em mídias especializadas, além de eventos e palestras.
Marcas dão base à programa
Já as marcas são responsáveis por custear toda a logística de envio de embalagens, armazenagem e limpeza. Procurados pela reportagem, o Walmart e a Pepsico preferiram não divulgar informações que consideram estratégicas. Para a Kraft, que ainda tem os produtos feitos com embalagens de Tang em fase de desenvolvimento, a parceria faz parte do reposicionamento da marca de suco em pó, que quer engajar os pequenos consumidores.
"A ideia é mostrar que ter atitudes em prol da sustentabilidade é tão simples como preparar Tang", conta Leonardo Tonini, gerente de marketing de Tang. Mundialmente, a empresa já coletou mais de 30 milhões de embalagens, envolvendo cinco milhões de consumidores. Aqui no Brasil, são mais de 400 Brigadas Tang com cerca de 15 mil pessoas que enviaram aproximadamente cinco mil embalagens para a reciclagem.
"De todas as Brigadas lançadas em 2010, a de Tang tem o maior número de participantes. É raro enviarem tantas embalagens em tão pouco tempo", acredita Tonini. A meta de longo prazo da empresa é reunir até cinco mil equipes de coleta. Para a TerraCycle, o Brasil é um mercado promissor e pode se igualar aos Estados Unidos.
"O interesse pelo projeto é enorme. O Brasil está antenado em trabalhar a sustentabilidade de forma prática. Além disso, leis obrigarão grandes emissores de resíduos a serem responsáveis pela coleta de uma parte deles. Tudo o que acontece mostra que o Brasil, se não for o número um, estará próximo dos Estados Unidos em breve", diz Brammer, da TerraCycle Brasil.
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