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Eles criaram um app para estimular o "chamego" entre as pessoas negras. E devem faturar R$ 2 mi

O Denga Love, aplicativo de relacionamento para pessoas negras, foi criado em 2022 e reúne mais de 150.000 usuários

Roger Cipó, Bárbara Brito, Tais Souza, Fillipe Dornelas, da Denga Love: queremos captar R$ 1 milhão este ano (Marcos Bonfim/Exame)

Roger Cipó, Bárbara Brito, Tais Souza, Fillipe Dornelas, da Denga Love: queremos captar R$ 1 milhão este ano (Marcos Bonfim/Exame)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de abril de 2024 às 10h45.

Última atualização em 19 de abril de 2024 às 21h06.

RIO DE JANEIRO - Assim como muitos empreendedores, Fillipe Dornelas fez de experiências ruins uma oportunidade para criar um negócio. No caso dele, a situação era ainda pior: vivenciou episódios de racismo

“Na última vez, uma pessoa me tratou mal racionalmente e eu pensei: ‘não estou aqui para isso’”, diz Dornelas. Ele é um dos fundadores da Denga Love, um aplicativo de relacionamento para pessoas negras criado em 2022 no Rio de Janeiro. 

Desenvolvedor de software, o agora empreendedor começou a criar o produto em casa e sozinho. Para colocar o projeto de pé, vendeu a moto e pôs mais de 100.000 reais. “Eu dei um all in”, diz, em referência a uma das mais conhecidas jogadas de pôquer.

Logo percebeu que precisava de mais braços. Foi assim que chegaram também os sócios Roger Cipó, influenciador e relações públicas, e Bárbara Brito, designer e diretora de criação. No dia de lançamento do app, atraíram mais de 10.000 usuários. Atualmente, estão com mais de 150.000, uma demanda impulsionada por pessoas de  São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.   

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Como funciona o Denga Love

O modelo do app é similar a outros no mercado, como Tinder, Bumble e Happn, mas procura estabelecer a conexão com as raízes africanas. O nome Denga, derivação de dengo, vem da língua quicongo ndengo e carrega o significado de doçura e do que é macio. 

O famoso “match”, palavra que virou sinônimo para os mais diversos tipos de encontros, no Denga Love foi redefinido como “Chamego”.

“Nós queremos tornar o Denga um aplicativo que seja a cara do Brasil, onde mais de 50% se identificam como pessoas negras. Fazia muito sentido o uso de palavras africanas e afroindígenas”, afirma Cipó. 

Qual é o futuro do negócio

Em 2023, o negócio fechou com faturamento acima de R$ 600.000, número que a startup prevê avançar em mais de 200% para registrar R$ 2 milhões em dezembro. A previsão é reflexo de um início de ano mais quente, com crescimento em torno de 25%.

O app aplica o modelo freemium. Quando o usuário quer utilizar mais funcionalidades, paga uma mensalidade, com valores a partir de 15.

A expansão fez a startup segurar até uma rodada de captação de R$ 800.000. “Pelo ritmo, nós podemos chegar a números maiores em julho e aumentar o valor para R$ 1 milhão”, afirma Dornelas. A Denga Love está participando do Web Summit Rio a convite da Djassi Africa, um ecossistema de venture builder e investimento-anjo fundado por dois investidores de Guiné Bissau para apoiar negócios de pessoas negras no mundo. 

Além do capital próprio dos sócios, até aqui a Denga obteve R$ 300.000 da Wow Aceleradora, em rodada pré-seed.Os novos recursos serão usados para levar a Denga para outros destinos, como países de língua portuguesa.

“O aplicativo está pronto, mas temos que botar marketing pesado para que, ao entrarem lá, os usuários encontrem outras pessoas. Além disso,precisamos de mais infraestrutura de tecnologia para apoiar a entrada deste no público”, diz o CEO.

* O jornalista viajou a convite da Stone

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