Mauricio Crivelin, da Kinsol: "2022 foi o ano da corrida do ouro" (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 8 de agosto de 2023 às 08h01.
Última atualização em 4 de setembro de 2023 às 16h08.
Mauricio Crivelin Zanatta viu a Kinsol Energias Renováveis parar no início da pandemia e ficou dois meses sem vender as suas usinas solares. De quebra, ainda perdeu o seu sócio no negócio. Mesmo assim, encontrou um caminho para pivotar para a empresa para o mercado de franquias e seguir em frente.
Em 2022, a Kinsol cresceu 1.297,68% em receita operacional líquida, chegando a um total de 38,7 milhões de reais.
A evolução da franqueadora foi atestada no ranking EXAME Negócios em Expansão 2023. A marca ficou na primeira posição na categoria 30 milhões de reais a 150 milhões de reais, quando considerada a receita líquida.
A empresa é conduzida por Zanatta desde 2018. Quando adquiriu a Kinsol, ele já tinha em mente a transformação do negócio, plano que conseguiu colocar de pé ao longo de 2021. A pandemia e o crescimento da procura por energia solar aceleraram a mudança.
"Este era um mercado muito restrito às classes A e B. Com a crise, muitas pessoas nas classes C, D e E buscaram na energia solar uma forma de reduzir custo fixo", afirma o executivo, apaixonado pelo modelo de franquias. Ele começou neste mercado como máster franqueado e, anos depois, criou a própria empresa, a Inovar Locações de Container, uma rede de aluguel e locação de containers.
Na pandemia, ele conta, criou uma "planilha de guerra" para calcular todos os custos e analisar como poderiam sobreviver. Com o aumento das vendas e da demanda em sua cidade natal, Uberaba, em Minas Gerais, a Kinsol partiu para as franquias no início de 2021, modelo de negócio que conta com mais de 280 unidades, distribuídas por todos os estados do país.
Como funciona o negócio da Kinsol:
O movimento de virada da empresa em 2021 encontrou uma tempestade perfeita em 2022. Com a aprovação do marco regulatório e o estabelecimento de uma taxa pelo governo que entrou em vigor nos primeiros dias de 2023, os pequenos e médios comércios correram para instalar usinas solares. Quem fez até 6 de janeiro deste ano, ficou isento até 2045.
A cobrança é uma forma de pagar às distribuidoras pelo uso da infraestrutura por onde circula a energia. Antes da regulação, ao instalar uma usina, os gastos com energia caíam a praticamente zero. A produção acima do consumo de eletricidade de uma residência ou comércio pode ser jogada na rede de distribuição das concessionárias de energia. O saldo serve para abater o valor da conta em meses de produção aquém do consumo.
“2022 foi o ano da corrida do ouro. Vários clientes correram para colocar o sistema solar para ficar na regra antiga”, afirma Crivelin.De acordo com levantamento da Absolar, entidade do setor, a partir de dados Aneel, o mercado avançou 77% em relação ao ano anterior, chegando a 25,4 gigawatts de potência instalada. [grifar]A combinação de fatores fez com que a Kinsol saltasse de uma receita operacional de 2,8 milhões para 38,7 milhões de reais.
Até pelo ritmo do ano passado Crivelin prevê que 2023 será de ajustes para a empresa, com o faturamento em linha com o obtido em 2022, acima dos 57 milhões de reais. Enquanto isso, a empresa trabalha na ampliação da linha de produtos diversificar a operação.
A investida faz parte de uma estratégia para evitar sofrimento com os sobressaltos regulatórios e também gerar mais valor para os franqueados - hoje, dependentes de uma agenda constante de aquisição de novos clientes. O primeiro produto que a Kinsol lançou foi na área de mobilidade, com a oferta de estações de recarga de automóveis elétricos que podem ser oferecidas pelas franquias aos seus clientes em um modelo de assinatura.
Além disso, a empresa vai começar a vender energia. Na proposta, descontos em torno de 25% e sem necessidade de investimentos. “O melhor investimento é a usina solar, com até 90% de desconto, mas tem vários casos de residências e comércios que não podem colocar a usina porque não têm telhado [com tamanho adequado] ou crédito para financiar o negócio”. Os esforços, acredita o executivo, podem contribuir para que a Kinsol bata duas metas: chegar a 350 franquias em dezembro e 20.000 clientes, 67% em relação aos 12.000 atuais.
A Kinsol foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na 1ª colocação na categoria de 30 milhões de reais a 150 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 1297,68%. Em 2021, a receita foi de 2,8 milhões de reais. Em 2022, subiu para 38,7 milhões de reais.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Os resultados vieram a público num evento para mais de 400 convidados em São Paulo.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados: