Eldorado: A empresa havia adiado em março a divulgação de seus resultados auditados de 2016 por conta dos impactos de operações da PF (Dado Galdieri/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 26 de abril de 2017 às 21h20.
São Paulo - A produtora de celulose Eldorado Brasil teve lucro líquido de 288 milhões de reais no ano passado, alta de quase 22 por cento em relação a 2015.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), porém, foi de 1,585 bilhão de reais, abaixo do montante de 1,824 bilhão de reais de 2015. A margem recuou de 58 para 54 por cento.
A empresa havia adiado em março a divulgação de seus resultados auditados de 2016 por conta dos impactos de operações da Polícia Federal realizadas na companhia duas vezes no ano passado.
O presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich, afirmou que seus advogados já apresentaram sua defesa no processo em que o Ministério Público Federal pede a saída do executivo do cargo.
O caso refere-se às investigações da operação Greenfield, que no início deste mês teve como consequência decisão da justiça federal de Brasília de afastamento do presidente do conselho de administração da Eldorado, Joesley Batista.
Grubisich não estimou quando a justiça poderá dar uma resposta a sua defesa, mas afirmou que a Eldorado não tem neste momento nenhuma discussão em andamento sobre eventual troca da administração.
"A Eldorado teve nível de performance excelente no ano passado mesmo com as investigações e a queda nos preços da celulose. Não tenho dúvida de que a empresa vai continuar progredindo independente da minha presença. Tenho confiança de que nossa defesa vai atender todas as questões levantadas pelo Ministério Público", disse Grubisich, evitando comentar detalhes da defesa apresentada.
A Eldorado teve um custo caixa de produção de 619 reais por tonelada em 2016, 8 por cento menor que em 2015. A Fibria, maior do setor, apresentou número de 649 reais no ano passado, excluindo efeitos gerados por paradas para manutenção de equipamento.
Segundo Grubisich, a Eldorado ainda tem espaço para reduzir o custo caixa de produção neste ano e também em 2018 e 2019, enquanto finaliza o projeto de expansão Vanguarda 2.0, que terá capacidade para produção de 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano.
A expectativa da Eldorado é que o Vanguarda 2.0 entre em operação na segunda metade de 2020, ante prazo anterior de 2019 que foi afetado pelas consequências das investigações da Polícia Federal.
O presidente da companhia comentou que a Eldorado está esperando o fim das investigações para definir a estruturação financeira do projeto.
"Terminamos 2016 com 1,2 bilhão de reais em caixa, estamos conseguindo refinanciar todas as nossas operações, a amortização de 2017 está segura pelo caixa e pela nossa geração de caixa. A interlocução com bancos locais e internacionais está muito construtiva", disse Grubisich.
O executivo afirmou que a Eldorado deve fazer uma parada para manutenção de 10 dias em julho e que está trabalhando em projetos de desgargalamento de produção. Em 2016, a companhia produziu 1,638 milhão de toneladas de celulose, 3 por cento acima do volume de 2015.
Mais cedo, a Eldorado anunciou novo reajuste de preços de celulose em todos os mercados a partir de 1º de maio, algo que Grubisich justificou em um mercado com demanda ainda saudável pelo insumo e oferta restrita.
A companhia vai elevar os preços da tonelada de celulose de eucalipto na Europa, América do Norte e Coreia do Sul em 40 dólares e na Ásia em 20 dólares, acompanhando reajustes anunciados nos últimos dias por Fibria e Suzano.