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Ecovix demite 3,2 mil no RS após Petrobras rescindir contrato

Com a medida, restará somente uma equipe de cerca de 500 pessoas que se encarregará da manutenção da estrutura no local

Estaleiro: (Divulgação)

Estaleiro: (Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 20h32.

Porto Alegre - A Ecovix - braço de construção naval da Engevix - acertou nesta segunda-feira, 12, a demissão de 3,2 mil trabalhadores do Estaleiro Rio Grande, que a empresa opera no Rio Grande do Sul.

Com a medida, restará somente uma equipe de cerca de 500 pessoas que se encarregará da manutenção da estrutura no local.

O desmanche do estaleiro decorre da decisão da Petrobras de rescindir o contrato para a produção dos três últimos cascos de plataformas encomendados à Ecovix.

As duas partes chegaram a um acordo que permitirá pagar as indenizações dos funcionários antes do Natal. Sem os projetos que foram cancelados, não há trabalho para o estaleiro.

De certa forma, a negociação atende a interesses tanto da Ecovix como da estatal. A primeira tem problemas financeiros sérios, com uma dívida que ronda os R$ 6 bilhões.

Há meses sofre para pagar fornecedores e colaboradores. Já a Petrobras prefere interromper o contrato, reavaliar se ainda existe demanda pelos três cascos e, dependendo da necessidade, encomendar as obras no exterior, a um custo mais baixo.

O acordo entre Ecovix e Petrobras foi selado nos últimos dias, após a entrega do casco da plataforma de petróleo P-68, que deixou Rio Grande na quinta-feira passada, 8.

Esta foi a terceira unidade feita pelo estaleiro. Originalmente, o contrato assinado com a estatal, no valor de US$ 3,5 bilhões, previa a produção de oito cascos.

Duas encomendas já haviam sido transferidas para a China, após a Lava Jato, devido aos atrasos das obras no Brasil. As últimas três agora são alvo da rescisão que veio à tona nesta segunda-feira.

"A Petrobras contratou a Ecovix para a construção de oito cascos para o projeto Replicantes em 2010. Passados seis anos, a empresa entregou três cascos e outros dois estão em fabricação na China. Os demais não foram concluídos. Foram realizadas negociações com a fornecedora com o objetivo de concluir os contratos, contudo, devido à grave situação financeira enfrentada pela Ecovix, e a situação deficitária dos contratos, a negociação culminou com um distrato amigável", afirmou a estatal, em nota enviada ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. A Petrobras ainda informou que sempre cumpriu suas obrigações contratuais.

A Ecovix, também em nota, disse que as condições dos desligamentos dos seus funcionários foram aprovadas em assembleia conduzida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande.

"A empresa mantém todos os esforços para buscar uma solução para o estaleiro Rio Grande após a entrega no dia 8 de dezembro do navio-plataforma FPSO P-68 à Petrobras. A Ecovix está em forte processo de reestruturação financeira e operacional e busca alternativas para retomada da sua operação no futuro", afirmou.

O futuro da Ecovix deve passar pela recuperação judicial. Esta seria a única saída para solucionar o problema do endividamento. O pedido deverá ser apresentado ainda este mês. A companhia, no entanto, não confirma esta informação.

Preocupação

A ameaça de demissão foi chegando aos poucos para os metalúrgicos em Rio Grande. Na quarta-feira passada, a Ecovix disse ao sindicato que estava tentando salvar o contrato, mas que talvez fosse necessário diminuir o quadro de funcionários, desligando aproximadamente 1.000 pessoas.

Um dia depois, o número previsto de desligamentos aumentou para 1.500. Na sexta-feira, veio a notícia de que a Petrobras rescindiria de fato o contrato. Então, começaram as negociações com os trabalhadores.

Segundo Benito Gonçalves, presidente do sindicato, as rescisões serão pagas no dia 19 de dezembro, com o dinheiro que a Ecovix receberá da Petrobras em forma de multa, pelo cancelamento do contrato. O acerto foi aprovado em assembleia com os trabalhadores.

A reviravolta no Estaleiro Rio Grande, da Ecovix, confere um contorno dramático à indústria naval gaúcha, que já chegou a empregar 24 mil pessoas em seu auge, entre 2013 e 2014.

No momento, há outros dois estaleiros na região realizando obras para a Petrobras, mas o maior - e o que tinha mais projetos na carteira - era o controlado pela Ecovix.

Conforme o sindicato, o estaleiro operado pelo consórcio QGI, da Queiroz Galvão, emprega atualmente 600 pessoas. Já o EBR, administrado pela brasileira Setal Óleo e Gás e a japonesa Toyo, tem 3 mil trabalhadores.

"Esta situação da Ecovix acaba com mais de três mil empregos de uma hora para outra. Estamos tentando marcar uma agenda em Brasília, com parlamentares e autoridades, para pedir socorro", disse Benito. .

O caso também mobiliza o prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, que buscará ajuda do governo estadual para levar o assunto a Brasília.

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