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Dunkin’ Donuts mudou receita para voltar ao Brasil

Em entrevista à EXAME.com, o vice-presidente de desenvolvimento internacional falou sobre os erros e as expectativas da companhia de rosquinhas

Dunkin' Donuts: em entrevista à EXAME.com, diretor falou sobre os erros e as expectativas da companhia (Divulgação/Dunkin Donuts)

Karin Salomão

Publicado em 14 de julho de 2015 às 14h52.

São Paulo – Depois de quase 10 anos fora do Brasil, a Dunkin’ Donuts voltou com tudo. Ela reformulou os ambientes de lojas, para ficarem mais aconchegantes, e planeja abrir 65 novos pontos nos próximos anos.

Em entrevista a EXAME.com, o vice-presidente de desenvolvimento internacional, Jeremy Vitaro, comentou que o retorno das rosquinhas chamou a atenção dos consumidores brasileiros.

As duas primeiras lojas abriram em maio deste ano, em Brasília. Clientes dormiram em frente às lojas antes da abertura e a fila se mantém mesmo semanas depois.

A companhia saiu do Brasil em 2005, por não ter a infraestrutura adequada para crescer, afirmou Vitaro. Agora, ao retornar ao país, a rede de rosquinhas está bastante seletiva em relação aos seus parceiros e aos pontos de venda. Confira a entrevista abaixo.

EXAME.COM - Como foi a recepção do público à abertura das duas primeiras lojas daDunkin’ Donuts no Brasil?

Jeremy Vitaro – Sabíamos que seria boa, mas foi ainda melhor do que esperávamos. Havia tanto entusiasmo, as pessoas dormiram na fila para serem as primeiras. O melhor é que, semanas depois da abertura, ainda havia fila na entrada.

EXAME.COM - Por que o senhor acha que as pessoas estão tão entusiasmadas com a volta dacompanhia ao país?

Jeremy Vitaro – Em primeiro lugar, acho que temos um ótimo café e ótimos donuts. Além disso, é uma marca icônica. Nos Estados Unidos, temos crescido bastante e atraímos vários seguidores. No Brasil, as pessoas já nos conheciam da primeira vez que viemos e algumas se sentiram conectadas à marca em viagens aos Estados Unidos.

EXAME.com - As vendas estão de acordo com as previsões da empresa?

Jeremy Vitaro – Estão até melhores! As bebidas também estão vendendo bem. Certamente os donuts são nossa atração principal, mas as bebidas são produtos que o público realmente abraçou.

EXAME.COM - Por que a companhia saiu do Brasil, em 2005?

Jeremy Vitaro – Nós realmente não tínhamos a infraestrutura adequada para sustentar o nosso crescimento por aqui. Nosso produto, o menu e o alcance também não eram adequados.

Depois que saímos, o negócio cresceu em mercados ao redor do Brasil. Temos mais de 350 lojas na América Latina e somos fortes em países como Chile, peru e Colômbia. Fomos adquirindo conhecimentos sobre o mercado e os consumidores.

EXAME.COM - Por que a Dunkin’ Donuts resolveu voltar ao Brasil, depois de tantos anos?

Jeremy Vitaro – O Brasil é uma potência econômica. Claro, está enfrentando desafios econômicos de curto prazo. Mas, no longo prazo, é um ótimo mercado. Tem uma população de mais de 200 milhões de habitantes, que está ficando mais sofisticada.

EXAME.COM - O que mudou entre a saída e a volta da Dunkin’ Donuts?

Jeremy Vitaro – Nesse período, montamos o nosso time e nos fortalecemos nos países ao redor do Brasil. Ano passado, estávamos prontos para retomar o desafio. Nos sentimos bem em relação ao que fazemos, hoje. O Brasil é uma ótima oportunidade, mas também é um grande desafio.

EXAME.COM - O que a empresa aprendeu nesse período?

Jeremy Vitaro – Aprendemos a ser bem cuidadosos com a escolha dos pontos de venda. Aprendemos que as pessoas querem sentar e aproveitar a experiência de tomar café. Agora, não somos apenas um quiosque para comprar um donut e levar, mas sim um lugar para as pessoas passarem tempo. Fizemos lojas maiores, com uma linha completa de padaria, wifi e um design moderno e confortável. Aprendemos que precisamos ter um menu mais amplo, com mais bebidas cafeinadas e sanduíches.

Anteriormente, tínhamos apenas um parceiro no Brasil, um máster franqueado . Hoje, estamos com um modelo mais regional, a partir de vários grupos. Temos o Grupo OLH em Brasília, mas estamos buscando outros em São Paulo ou Rio de Janeiro.

EXAME.COM - Quais são os principais desafios da empresa no Brasil?

Jeremy Vitaro – O Brasil é um mercado desafiador do ponto de vista de logística e da rede de fornecedores. Temos muito o que aprender para ter certeza que estamos oferecendo os melhores produtos pelos melhores preços. Temos ainda que desenvolver nossa habilidade de escolher os fornecedores, de fora ou locais.

Outro desafio é o mercado imobiliário, bastante competitivo e de custos altos, mais complicado que em outros países. Mas, ao mesmo tempo, se você encontrar a propriedade certa, consegue ter sucesso.

EXAME.COM - Há produtos específicos para o Brasil?

Jeremy Vitaro – Sim. A Dunkin’ Donuts tem produtos padronizados, para mantermos a mesma qualidade em todos os lugares. Mas há uma parte do menu que adaptamos. No Brasil, criamos mini pães de queijo exclusivamente para o país, com um “Dunkin twist”.

EXAME.COM - Qual é a estratégia para o crescimento no Brasil e quantas lojas pretendem abrir?

Jeremy Vitaro – A partir do nosso acordo com o grupo OLH, queremos abrir 65 lojas em 5, 10 anos. Mas à medida em que entramos em outros mercados, como São Paulo e Rio de Janeiro, nosso ritmo de abertura de franquias cresce. O desafio é o primeiro passo: achar um parceiro e abrir as primeiras lojas em uma nova cidade. Mas isso vai demorar, estamos bastante seletivos com esses parceiros.

São Paulo - Apesar da incerteza do cenário econômico no Brasil, algumas empresas resolveram apostar suas fichas no país. No último ano, companhias como Ralph Lauren, Microsoft e duas redes de restaurantes da Blooming Brands, dona do Outback, desembarcaram por aqui pela primeira vez. Algumas lojas servirão inclusive como vitrine para toda a América Latina, como é o caso da Apple. Confira nas imagens 12 empresas que abriram sua primeira loja no Brasil no último ano.
  • 2. Ralph Lauren

    2 /14(Divulgação)

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    A primeira loja da Ralph Lauren no Brasil foi aberta em abril deste ano. A grife é conhecida pelas camisetas polo com o logo da marca, sucesso de compras dos brasileiros em Miami, mas a peça não é vendida por aqui. No shopping Cidade Jardim, em São Paulo, estarão coleções de passarela, tanto para o público masculino quanto para o feminino.
  • 3. Under Armour

    3 /14(Reprodução/Reprodução)

  • As roupas esportivas da Under Armour já estavam disponíveis em mais de 300 pontos de venda. A rede americana prepara agora a expansão de sua própria rede. A primeira unidade foi inaugurada em um shopping de São Paulo, em março deste ano. “As lojas Under Armour serão veículos de construção de marca e contribuirão com as vendas do varejo como um todo”, afirmou Bruno Abilel, diretor de marketing da subsidiária brasileira.
  • 4. Abbracio e Fleming´s Steakhouse

    4 /14(Divulgação)

    Duas novas redes da dona do Outback anunciaram a vinda para o Brasil neste ano. A Bloomin’ Brands inaugurou o restaurante Abbraccio, de inspiração italiana. Nos Estados Unidos, o restaurante chama Carraba’s e o Brasil foi o escolhido para dar início à internacionalização da marca. Além disso, a companhia também anunciou que irá trazer uma nova rede de restaurantes para o país, baseada em carnes e vinhos: a Fleming’s Steakhouse & Wine Bar. A marca é a mais “premium” do portfólio da empresa, segundo Salim Maroun, presidente da Bloomin’ Brands Brasil, em entrevista à EXAME.com.
  • 5. Eataly

    5 /14(Divulgação)

    Com 18 pontos de alimentação, 7 restaurantes temáticos, 1 bar e restaurante a céu aberto, a rede Eataly chegou a São Paulo em maio deste ano. Cerca de 20 departamentos de mercado expõe mais de 7.000 produtos à venda no local, que fica na avenida Juscelino Kubitschek. O empreendimento une alimentação e um empório com produtos de alta qualidade, como massas, queijos, peixes, frutas e vegetais.
  • 6. Dunkin Donuts

    6 /14(Getty Images)

    As rosquinhas da Dunkin' Donuts haviam deixado o país em 2005, por causa de problemas nos negócios. No entanto, em maio deste ano, a rede celebrou sua volta ao Brasil, com uma loja em Brasília.  Quem comanda a novidade é o grupo OLH, que será franqueado master da rede por aqui. A meta é que 65 lanchonetes sejam abertas no Distrito Federal e no estado de Goiás ao longo dos próximos anos.
  • 7. Uber

    7 /14(Reuters)

    A polêmica empresa de motoristas chegou por aqui em maio de 2014. A Uber , um serviço de transporte urbano com motoristas particulares em carros chiques, começou suas atividades pelo Rio de Janeiro e chegou a São Paulo logo depois.

    Neste ano, por conta de protestos de taxistas, a Justiça chegou a pedir a suspensão do serviço. No entanto, voltou atrás logo em seguida e autorizou o funcionamento do aplicativo.
  • 8. Apple

    8 /14(Peter Steffen/AFP)

    A dona do iPhone inaugurou sua primeira loja no Brasil em 2014, no Rio de Janeiro. A segunda unidade veio logo depois, em São Paulo, no Shopping Morumbi. O objetivo da Apple é que as lojas brasileiras sejam algumas das mais movimentadas do mundo, sendo uma vitrine para toda a América Latina.  A unidade segue o modelo internacional, com local para teste de produtos, oficina e local para tirar as dúvidas.
  • 9. Microsoft

    9 /14(Divulgação)

    Na mesma linha da Apple, a Microsoft também inaugurou sua primeira loja oficial por aqui em maio. Esta é a primeira unidade da companhia na América Latina. A abertura ocorreu um ano após a aquisição da área de dispositivos da Nokia pela Microsoft. A empresa também irá remodelar mais de 50 pontos de venda distribuídos pelos 13 estados brasileiros. Além dos smartphones da família Lumia e acessórios, as novas lojas venderão outros produtos que compõem o portfólio da empresa, como licenças de Office 365, cartões Xbox Live, Live Gold e Skype, entre outros.
  • 10. Lindt

    10 /14(Gianluca Colla/Bloomberg)

    Bombons gratuitos marcaram a chegada da suíça Lindt no Brasil. A primeira unidade foi aberta em um shopping de São Paulo, em associação com o grupo CRM, proprietário da Kopenhagen. A marca chega para pegar carona no crescente mercado de chocolaterias no país, que cresce 20% ao ano.
  • 11. The Body Shop

    11 /14(Divulgação/Divulgação)

    Todas as lojas da Empório Body Store serão renomeadas e repaginadas. Elas abrigarão a The Body Shop, famosa marca inglesa de cosméticos e produtos para o corpo. A empresa chegou ao Brasil em novembro de 2015, em ação comandada pela Cristy Martins, que já possuía lojas Empório Body Store nos shoppings Eldorado e Center Norte.
  • 12. Benefit

    12 /14(Divulgação/Benefit)

    A Benefit já era uma marca descolada e amada pelas consumidoras brasileiras. Ela já era vendida há três anos nas lojas Sephora e, em abril, inaugurou sua primeira loja, em São Paulo. Chamada de boutique, irá vender produtos famosos como o primer Porefessional e a máscara de cílios They’re Real. Também vai oferecer serviços, como a depilação de sobrancelhas, que ajudou a tornar a Benefit conhecida mundo afora.
  • 13. Piaget

    13 /14(WatchTime Brasil)

    O Brasil foi a aposta da Piaget, relojoaria e joalheria suíça, para a inauguração na América Latina. O espaço de 63 metros quadrados em São Paulo, no Shopping Cidade Jardim, tem requinte, luxo e coleções exclusivas. Além de uma linha completa de joias, colecionadores e entusiastas podem encontrar lançamentos e novidades do mundo relojoeiro, como os modelos Altiplanos, equipados com o calibre 1205P, o movimento automático mais fino do mundo, com apenas 3 mm de espessura.
  • 14. Leia também

    14 /14(Divulgação)

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