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Dono da UTC confirma pagamento de propina à Petrobras e ao PT

Os donos da empresa são testemunhas de acusação no processo que envolve, além de Palocci, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e mais 13 pessoas

PT: a reportagem procurou o partido para comentar as acusações, mas não obteve resposta (Ueslei Marcelino/Reuters)

PT: a reportagem procurou o partido para comentar as acusações, mas não obteve resposta (Ueslei Marcelino/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 1 de fevereiro de 2017 às 18h47.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2017 às 18h55.

Na primeira audiência do ano da Operação Lava Jato na Justiça Federal em Curitiba, prestaram depoimento o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e o empresário Vinícius Veiga Borin, na ação penal que investiga o ex-ministro Antônio Palocci.

Pessoa e Borin são testemunhas de acusação no processo que envolve, além de Palocci, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e mais 13 pessoas. Eles são acusados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Ricardo Pessoa confirmou que pagou propina entre 2004 e 2012 em contratos da Petrobras com a UTC. As vantagens indevidas eram repassadas às diretorias de Serviços e de Abastecimento da estatal.

Ele afirmou também que pagou, por meio de João Vaccari Neto, propina ao Partido dos Trabalhadores (PT), mas negou que tenha tratado com Palocci do pagamento dessas vantagens indevidas à legenda.

Vinícius Borin, apontado como operador de offshores do chamado "Departamento da Propina" da Odebrecht, reafirmou que operava duas contas em que o beneficiário no papel seria Olívio Rodrigues Junior, mas na realidade era a empreiteira quem recebia os recursos.

De acordo com Borin, que era sócio de uma consultora e representava bancos estrangeiros no Brasil, Olívio comandava os pagamentos e a movimentação nas contas a mando da Odebrecht.

Para o advogado de Palocci e do assessor Branislav Kontic, José Roberto Batochio, a audiência foi positiva para a defesa. "Os dois não foram citados nos depoimentos. Ninguém tratou de qualquer assunto ilítico com eles. Da sorte que a defesa não poderia esperar uma audiência melhor", disse.

A reportagem da Agência Brasil procurou o PT para comentar as acusações, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Questionado sobre as conclusões dos investigadores de que Palocci seria o "italiano" - nome que aparece na planilha da Odebrecht - o advogado rebateu: "ontem me chegou às mãos um relatório da Polícia Federal no processo do Guido Mantega, em que em 80 páginas, a Polícia Federal escreve pelo menos 20 vezes que o 'italiano' é um senhor chamado Vitor Sandrí. Quem diz isso é a Polícia Federal nesse relatório. Então estou com a Polícia Federal, quando ela diz que o 'italiano' não é o Palocci", afirmou.

A princípio, foram arroladas para esta quarta-feira cinco testemunhas de acusação, mas o Ministério Público Federal (MPF) desistiu dos depoimentos do executivo da UTC, Walmir Santana, e dos empresários Marcos Pereira de Sousa Bilinski e Luiz Augusto França.

Palocci, Marcelo Odebrecht e os demais réus foram denunciados após a 35ª fase da Lava Jato, deflagrada em setembro do ano passado, que resultou na prisão do ex-ministo. Palocci e Marcelo Odebrecht estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

De acordo o MPF, Palocci e a construtora Odebrecht teriam estabelecido um "amplo e permanente esquema de corrupção" entre 2006 e 2015. O esquema envolveria o pagamento de propina ao PT. Os procuradores afirmam que o ex-ministro teria atuado de modo a garantir que a empreiteira vencesse licitação da Petrobras para a contratação de 21 sondas.

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