Loja da Luigi Bertolli, do Grupo GEP: empresa também é distribuidora exclusiva da marca norte-americana GAP no Brasil (Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 15h51.
São Paulo - Dono da marca Luigi Bertolli, o grupo GEP entrou com um pedido de recuperação judicial. Com pesadas dívidas, a empresa tem enfrentado dificuldades com a alta da taxa de juros e a desvalorização do real.
O grupo é formado pela holding Blue Bird, pelo grupo GEP (Grupo Empresarial Pasmanik), que detém as marcas Luigi Bertolli, Cori e Emme, além do outlet Offashion, pela Tudo Bem Tudo Bom e pela Oásis Empreendimento, que possui ativos agrícolas.
O grupo possui 1.600 funcionários e teve, no ano passado, faturamento de 544 milhões de reais. A TBTB é a franqueadora exclusiva da marca GAP no Brasil desde 2012.
A empresa surgiu em 1957, com a criação da marca Cori. Hoje, sua marca mais forte é a Luigi Bertolli, com 46 lojas no país. A Emme tem 18 lojas, a Cori, 16 e a GAP possui 10. São ainda 7 outlets Offashion.
Apesar de ter crescido cerca de 10% entre 2008 e 2014, a empresa afirmou, em seu pedido de recuperação judicial, que o ano de 2015 foi bastante difícil.
Além da queda de consumo e descontos excessivos, a desvalorização cambial também prejudicou a companhia, que importava grande parte de suas peças.
Por fim, a operação da GAP no Brasil sofreu com os reflexos de sua crise no exterior. Segundo o grupo brasileiro, a marca “não se atualizou ao modelo fast fashion e cometeu erros consecutivos em suas coleções”, diz a empresa no documento.
Para custear suas operações a empresa tomou diversos empréstimos de bancos e realizou uma emissão de debêntures de 130 milhões de reais.
No entanto, ela afirma que o aumento da taxa de juros tornou a dívida pesada demais. Atualmente, o seu endividamento é de 513 milhões de reais. Desse total, 186.795 são dívidas trabalhistas.
O pedido foi feito em janeiro na Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. A empresa é representada pelo escritório de advocacia Renato Mange Advogados Associados e o processo de recuperação será guiado pelo escritório Alvarez & Marsal.
Em 2013, a empresa foi denunciada por condições de trabalho análogas à escravidão em um de seus fornecedores. 28 bolivianos foram libertados de uma oficina clandestina por uma ação que uniu o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Receita Federal.
Segundo a Repórter Brasil, os costureiros tinham horas de trabalho exaustivas, recebiam salários muito baixos e ficavam em locais sem condições de segurança.
Representantes do grupo GEP assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com pagamento de 10 mil reais para cada uma das vítimas por danos morais individuais, além de mais 450 mil reais por danos morais coletivos, de acordo com o veículo.