Dona da Guinness compra tequila de George Clooney por US$ 1 bi
Com o desembolso, a inglesa Diageo incrementa seu portfólio de bebidas, que inclui a produção da Don Julio, Smirnoff e Johnnie Walker
Tatiana Vaz
Publicado em 22 de junho de 2017 às 16h35.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 16h54.
São Paulo – A inglesa Diageo, dona das marcas Smirnoff, Guinness e Johnnie Walker, concordou em pagar 1 bilhão de dólares pela marca de tequila Casamigos, criada em 2013 pelo ator americano George Clooney e dois amigos.
A operação será paga com recursos do caixa do Diageo e financiamentos já aprovados pela empresa. Serão 700 milhões de dólares à vista e outros 300 milhões de dólares pagos de acordo com o desempenho da bebida no mercado nos próximos dez anos.
O negócio ainda depende da aprovação das autoridades regulatórios e tem previsão de estar concluído até o final deste ano.
A marca foi criada por Clooney com Rande Gerber (marido de Cindy Crawford) e Mike Meldman. Eles haviam dito à imprensa na época que fizeram a bebida “caseira” para as festas em suas casas em Cabo San Lucas, no México.
Com o tempo, e a fama da tequila estendida para além das festas particulares dos amigos, eles decidiram investir juntos em uma destilaria para vender a bebida, com uma marca própria. A ideia de uma tequila “artesanal”, feita por famosos ajudou bastante.
Nos últimos dois anos, as vendas da Casamigos subiram 54% nos Estados Unidos, mesmo com os pretenciosos preços, de 45 a 55 dólares por garrafa.
De gole em gole
Mas por que uma das cinco maiores empresas do mundo, dona de uma das tequilas mais tradicionais, a Don Julio, pagará tão caro por uma pequena destilaria?
A resposta está no desempenho do setor de destilados que, de gole em gole, só aumenta.
Uma pesquisa recente da Euromonitor aponta que, dentro dos segmentos de bebidas alcoólicas, a tequila, o gim e as misturas prontas para beber serão os mais rápidos em crescimento na América Latina e no mundo, nos próximos cinco anos.
A explicação está no aumento da população mais jovem e economicamente ativa, aliado ao paladar mais requintado e gosto por coquetéis desse público.
A tequila, em especial, tem apresentado números surpreendentes no mercado americano. Segundo dados da entidade especializada Distilled Spirits Council, o volume de importação mexicana da bebida cresceu 121% desde 2002, uma média de 5,8% ao ano.
Neste cenário, da mesma forma que fabricantes de cervejas artesanais têm pressionado grandes cervejarias a pensar em bebidas premium, marcas e destilados “caseiros” têm ganhado força frente às bebidas conceituadas como Johnnie Walker e Don Julio.
A explicação para o investimento bilionário da Diageo na Casamigos é, então, bem plausível, na visão dos analistas estrangeiros de mercado. Eles questionam outra coisa: o preço.
O risco da gigante britânica no negócio é associado por eles ao porre que a Diageo pode levar se o retorno da tequila de Clooney for baixo demais nos próximos anos.