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Dona da Friboi prevê queda nos preços do gado no Brasil

Segundo presidente-executivo, fracas exportações de carne bovina a partir do país no primeiro trimestre já estão se recuperando

DR

Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2015 às 14h39.

São Paulo - A brasileira JBS, maior produtora de carnes do mundo, avalia que os preços do gado no Brasil, em patamares recordes, já começaram a arrefecer, enquanto as fracas exportações de carne bovina a partir do país no primeiro trimestre já estão se recuperando.

Segundo o presidente-executivo global da JBS, Wesley Batista, a unidade de carne bovina do Brasil teve um primeiro trimestre "bastante desafiador", com os preços "firmes" do gado e exportações caindo em uma taxa de cerca de 30 por cento nos primeiros meses do ano, com a queda do petróleo afetando economias de importantes destinos, como a Rússia.

De acordo com ele, isso gerou um "pressão nos preços internacionais" e também uma "sobreoferta" no mercado brasileiro.

Mas Batista vê uma mudança de cenário nos próximos meses, ante uma condição da arroba bovina em níveis recordes de cerca de 150 reais em São Paulo, com preços impulsionados, em parte, pela baixa disponibilidade de gado pronto para o abate, após o tempo seco afetar as pastagens.

"Temos visto um arrefecimento nos preços de gado e recuperação nas exportações... Está mais positivo, em que pese não é crescimento, é uma queda menor nas exportações, e isso é positivo", disse Batista, durante teleconferência de resultados.

A JBS teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da unidade Mercosul, na qual está inserida o Brasil, 36,8 por cento menor no primeiro trimestre contra um ano antes, para 376,4 milhões de reais.

Já o lucro líquido consolidado, incluindo operações nos Estados Unidos, Austrália, Argentina, entre outros países, atingiu 1,4 bilhão de reais, enquanto a receita líquida disparou para 33,8 bilhões de reais de janeiro a março.

O empresário lembrou que o lucro "líquido reflete estratégia correta de hedge cambial", que a companhia vem adotando desde o início do ano passado, a qual capturou ganhos com derivativos.

Segundo ele, com a perspectiva de aumento de juros nos EUA e os desafios na economia brasileira, "a JBS entende que não é a melhor política ter exposição à moeda norte-americana".

"Continuamos com a mesma visão de que o risco à exposição da moeda norte-americana não vale a pena."

A ação da JBS avançava pouco mais de 1 por cento às 12h19, após subir cerca de 3 por cento nos primeiros negócios na bolsa paulista nesta manhã. O Ibovespa tinha ganho de 0,58 por cento.

Abertura dos EUA ao Brasil 

Batista também comentou sobre a provável abertura do mercado de carne in natura dos EUA ao produto brasileiro, que ele avalia que poderá ocorrer efetivamente no segundo semestre.

O mercado acredita em um acordo ao final de junho, durante encontro de presidentes de Brasil e EUA.

O presidente-executivo da JBS não crê que o impacto possa ser tão expressivo para o setor no Brasil.

"Os mercados são globais, não é como no passado, que poderia ser um evento transformacional, é um evento que colabora, mas não é transformacional para a indústria brasileira", disse ele.

Executivos da JBS também acreditam em uma melhora na disponibilidade de gado pronto para abate em 2016 nos EUA, onde está grande parte da operação do grupo.

Isso deve se dar após a recuperação do rebanho, que acontece enquanto os preços altos do gado e da carne norte-americana estimulam pecuaristas a reter vacas, por conta da boa margem no momento.

Segundo Batista, a meta da JBS para o futuro é se consolidar como empresa global de alimentos, acrescentando que a companhia também está focada na melhora do perfil do endividamento e na entrega de resultados aos acionistas.

A JBS encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de 33,2 bilhões de reais, após a aquisição do Grupo Primo, da Big Frango e do pagamento de dividendos extraordinários da Pilgrim's Pride, que totalizam um valor de cerca de 5,5 bilhões de reais.

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