Christian Dior (Wing: Wikimedia Commons/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 24 de abril de 2023 às 10h47.
Última atualização em 24 de abril de 2023 às 10h56.
A LVMH, dona de marcas de luxo como Dior, Tiffany & Co. e Louis Vuitton, se tornou a primeira empresa da Europa a superar o montante de 500 bilhões de dólares em valor de mercado. O recorde acontece em um momento em que a companhia se beneficia tanto de eventos internos quanto externos, como a reabertura chinesa e o aumento do valor do euro.
Internamente, a LVMH apresentou um forte crescimento no primeiro trimestre do ano, registrando receitas de 21 bilhões de euros - alta de 17% em relação ao ano anterior. Os dados foram impulsionados por vendas fortes na Europa e no Japão, além de ter mantido o ciclo de expansão nos Estados Unidos.
A reabertura chinesa, após ondas de fechamentos por conta da pandemia de Covid-19, também contribuiu para impulsionar os números e mostrar a apetite por produtos e artigos de luxo.
O resultado fez com que a empresa entrasse recentemente para o clube das 10 maiores empresas do mundo em valor de mercado, ranking liderado por empresas como Apple, US$ 2,533 trilhões; Microsoft, US$ 2,110 trilhões; e Saudi Arabian Oil, US$ 1,918 trilhão.
E, na manhã desta segunda-feira conquistasse a nova posição. Às 10h30, as ações da LVMH eram negociadas 902,90 euros, alta de 0,20%, na Bolsa de Paris, elevando o valor da empresa a 456,94 bilhões de euros. Em dólar, equivale a mais de 502 bilhões.
A LVMH é comandada por Bernard Arnault, que detém 50% da operação. Atualmente, ele é o homem mais rico do mundo com um patrimônio estimado em US$ 243,2 bilhões, de acordo com o índice de bilionário da Forbes. Logo após a divulgação do balanço do primeiro tri, o francês viu a sua fortuna aumentar US$ 11, 7 bilhões em apenas um dia.
Conhecido por sua gana de vencer e estratégia agressiva nos negócios, Arnault ganhou alguns apelidos que ajudam revelar a jornada construída pelo atual dono do posto de homem mais rico do mundo. Entre eles, “O Exterminador do futuro”, “Lobo de Cashmere”, “Sun Tzu do Luxo” e o “Maquiavel das Finanças”.
O primeiro, “O Exterminador do Futuro”, surgiu logo que entrou no mercado de luxo, na década de 1980. Ele disputou a licitação pelo Boussac, conglomerado que detinha a marca Christian Dior, e pouco tempo depois de assumir o negócio, demitiu nove mil funcionários e se desfez da maior parte dos ativos da empresa, mantendo a marca Dior.
A conquista do comando da LVMH veio como resultado de uma outra batalha travada pelo executivo, quando ganhou denominações como “o lobo do cashmere” e “Maquiavel das Finanças”, referência a Nicolau Maquiavel, autor do clássico “O Príncipe”.
Em 1989, ele assumiu empresa, resultado da fusão entre a empresa de moda Louis Vuitton e o produtor de bebidas Moët Hennessy, em 1987. Arnault tinha investido no negócio e passou a discordar da gestão de Henry Racamier, conhecido por vitalizar a Louis Vuitton. Por dentro, mexeu as peças, tirou Racamier do poder e o expulsou do conselho.
A última jogada em que a estratégia de Arnault pode ser acompanhada de perto foi na aquisição da Tiffany & Co. Após a LVMH e a joalheria americana anunciarem um acordo para a transação, veio a pandemia, perda de valor de mercado e trocas públicas de acusações entre as duas companhias.
A discussão rendeu a economia de alguns milhões de dólares para a LVMH e os seus acionistas – US$ 420 milhões, precisamente.
Além da fama de negociador ferrenho, Arnault também se notabilizou por seu empenho à filantropia e às causas ligadas ao meio ambiente.
Em 2019, ele doou aproximadamente US$ 11 milhões para ajudar no combate às queimadas na Amazônia. Na pandemia de Covid-19, o bilionário francês transformou parte de algumas de algumas instalações de fabricação de perfumes para a produção de 12 toneladas de álcool em gel, doadas a hospitais de Paris.