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Dólar caro pode corroer 44% do lucro de empresas

A alta da moeda americana provocou em 104 empresas com ações negociadas em Bolsa um aumento de custos equivalente a esse percentual


	Dólar: no período em que o cálculo foi feito, o câmbio valorizou 8,23%
 (Getty Images)

Dólar: no período em que o cálculo foi feito, o câmbio valorizou 8,23% (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2013 às 09h00.

Brasília - A alta do dólar provocou em 104 empresas com ações negociadas em Bolsa um aumento de custos equivalente a 44% do lucro efetivo obtido no segundo trimestre deste ano. O retrato da despesa financeira, com a corrosão causada pelo câmbio, é parte de levantamento feito pela consultoria Economática a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. Entre 30 de junho e 19 de agosto - período em que o cálculo foi feito com base nos balanços divulgados -, o câmbio valorizou 8,23%.

Embora tenha havido um aumento potencial de R$ 8,17 bilhões na parcela da dívida em moeda estrangeira dessa listagem, a maioria das empresas consultadas afirma ter contratado proteção em mercados futuros (hedge) para neutralizar essa variação cambial.

A Oi, por exemplo, afirma ter "99% da dívida bruta" com proteção cambial. A Fibria informa ter "93% da dívida em dólar", mas receita na moeda americana e 80% dos custos em reais. A Suzano alega ter 55,1% da dívida em dólar, mas um "hedge natural" porque 50% das receitas são exportações.

A Eletrobras afirma ter dívida de R$ 10 bilhões em dólar, mas R$ 12,4 bilhões em "recebíveis indexados ao dólar" por créditos concedidos à Itaipu. A JBS disse que faz proteção "acima de 80%" e que "se prejudica a dívida, favorece as exportações e traz mais reais para o balanço". Consultada, a BRF informou não dispor de um porta-voz para o tema.

Quando incluída a Petrobrás na conta, essa variação potencial da dívida roubaria 75% do chamado Ebit, índice que mede o lucro antes de juros e tributos, como Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).


Somada a parcela da Petrobrás, a elevação desse endividamento chegaria a R$ 22,54 bilhões. A estatal informa que "cerca de 70% do total das dívidas líquidas expostas à variação cambial, protegendo cerca de 20% das exportações, por um período de sete anos".

A amostragem aponta que a dívida total em moeda estrangeira de 103 empresas da lista teria passado de R$ 99,3 bilhões, no fim de junho, para R$ 107,5 bilhões, em 19 de agosto. Com a Petrobras, a conta aumenta. Sozinha, a estatal somaria R$ 188,8 bilhões em agosto. O levantamento inclui só as empresas que informaram ter dívidas em moeda estrangeira de curto e longo prazos.

"A despesa financeira por causa da alta do dólar poderá corroer 43% do lucro Ebit de todas essas empresas. Na Petrobras, poderia até levar a um prejuízo. Com ela na conta, 75% do lucro poderá ser corroído pela despesa financeira devido à variação cambial", avalia o gerente de Relações Institucionais da Economática, Einar Rivero.

"Isso se as empresas não tiverem feito hedge, a dívida da moeda não tiver sido modificada, com pagamentos ou novas dívidas, ou se toda dívida for mesmo em dólares, já que pode haver uma cesta de moedas." Para fazer a conta, a consultoria converteu a dívida em moeda estrangeira pelo dólar de 30 de junho e reconverteu pelo dólar de 19 de agosto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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