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Discurso de Roberto Civita em MELHORES E MAIORES 2005

Pronunciamento de Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, na 32ª Edição Anual de MELHORES E MAIORES

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2013 às 08h29.

Durante a abertura da cerimônia de premiação das MELHORES E MAIORES de EXAME, na noite de terça-feira (28/6), Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, destacou a necessidade de aproveitar o atual momento de crise política para eliminar as causas estruturais da "corrupção endêmica" que atrapalha o país. Civita também ressaltou as reformas macroeconômicas que o Poder Executivo deve realizar, a fim de assegurar a continuidade do crescimento do país. Leia, a seguir, a íntegra de seu discurso:

Boa noite e bem-vindos à trigésima segunda edição dos MELHORES E MAIORES de EXAME. Em nome da Editora Abril e dos editores da revista, é mais uma vez um grande prazer e uma honra contar com a presença de todos nesta festa anual de premiação das vinte e nove empresas que não apenas lideram seus respectivos setores em crescimento, produtividade e rentabilidade, mas também mostram que a estratégia correta e a sua execução eficiente continuam sendo o melhor, se não o único, caminho para o sucesso sustentável.

A presença do Ministro da Fazenda Antonio Palocci aqui, hoje à noite, é um eloqüente depoimento de que o Brasil que produz, realiza e progride conta com a simpatia e apoio do governo. E que não existe qualquer conflito entre o setor privado e o setor público brasileiro. Pelo contrário, o que estamos verificando com alívio, nesses dias conturbados na frente política, é que o país confia na estabilidade de suas instituições, na determinação do presidente Lula e toda a sua equipe econômica, tão habilmente liderada pelo nosso ministro Palocci, na determinação do governo de manter a rota da estabilidade macroeconômica e no amadurecimento dos mercados que apesar de preocupados praticamente não se abalam diante de graves turbulências no cenário político.

Como os chineses reconhecem há milênios, tanto que incluíram o conceito nos dois ideogramas que compõe a própria palavra, toda crise é composta tanto por perigo como por oportunidade.

Deixando de lado os perigos que todos conhecem, temos, mais uma vez, ao nosso alcance fazer tanto a faxina tão necessária, como também as mudanças indispensáveis para eliminar as causas estruturais da corrupção endêmica que infesta os governos e a sociedade brasileira desde sempre.

A oportunidade mais evidente é a reforma política tão essencial, tão debatida, e tão adiada há tanto tempo. Como se sabe, a atual legislação eleitoral e partidária é o caldo de cultura da corrupção. Não podemos perder a oportunidade que a crise nos oferece para mudá-la, começando pelos mecanismos de financiamento de campanhas e, se possível, incorporando também a regulamentação da fidelidade partidária, a manutenção da atual cláusula de barreira que impede a proliferação dos partidos de aluguel e a proibição de coligações espúrias.

Pode ser ingênuo esperar que, num momento desses e a apenas 15 meses das próximas eleições, o governo e o Congresso Nacional resolvam finalmente se empenhar em fazer essas reformas. Mas as crises profundas freqüentemente oferecem essa oportunidade, e, se todos nos empenharmos nisso para valer, não há porque não aproveitar o momento para também eliminar os principais gargalos e obstáculos ao nosso desenvolvimento econômico.

Na frente legislativa, o Congresso prestaria um enorme serviço ao país se, além de conduzir as CPIs e julgamentos já em marcha com celeridade e rigor, também conseguisse finalmente enfrentar mais duas mudanças fundamentais: alterar a nossa cara, complexa e arcaica legislação trabalhista e racionalizar o emaranhado sistema tributário visando reduzir custos, simplificar a fiscalização e melhorar a arrecadação, ao mesmo tempo em que reduz alíquotas.

Sendo realistas, entretanto, suponhamos que o Congresso não venha a ter apetite ou vontade para fazer nada disso antes das eleições gerais de 2006.

O que é que o Executivo pode fazer sozinho? Pode, depois da indispensável faxina e enquanto insiste na punição dos responsáveis, se empenhar em criar as condições para que o país passe a crescer de forma acelerada e sustentada. Para isto, precisamos criar mecanismos para incentivar e estimular a inovação, precisamos simplificar as regras para a criação de empresas e empregos, precisamos atrair investimentos para ampliar e modernizar as nossas combalidas infra-estruturas e, não menos importante, precisamos tomar as medidas necessárias para a construção de um mercado de capitais que amplie a oferta e, finalmente, reduza o absurdo custo do capital no Brasil de hoje.

Fácil de elencar e dificílimo de fazer. Mas, acredito, factível e mais que oportuno num momento desses. Pois sinalizaria que o país tem um rumo e que o governo retomou a iniciativa, ao mesmo tempo em que criaria uma nova bandeira do crescimento enérgico e sustentável, que certamente mobilizaria os brasileiros em torno de um objetivo ambicioso, mas alcançável e altamente benéfico para todos.

Nessa conspiração, tenho certeza que estaremos todos empenhados!

Muito obrigado

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