Negócios

Diretores do Panamericano adquiriram empresas fantasmas

Empresas, criadas com capital de R$ 100, podem facilitar lavagem de dinheiro

Silvio Santos, proprietário do Panamericano: diretoria passada comprava empresas fantasmas (Thiago Bernardes/Contigo)

Silvio Santos, proprietário do Panamericano: diretoria passada comprava empresas fantasmas (Thiago Bernardes/Contigo)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2010 às 08h57.

São Paulo - Pouco depois da venda de 49% do capital votante do Panamericano para a Caixa Econômica Federal, em 2009, membros da antiga diretoria do banco - demitida na última terça-feira - passaram a “comprar” empresas fantasmas de participação com capital de 100 reais. A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo.

Um dia após a compra de parte do Panamericano pela Caixa, pouco antes que a crise envolvendo o banco viesse à tona, o então diretor jurídico da instituição, Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno, e Joyce de Paulo, sua sócia, adquiriram a Antillas Empreendimentos, que foi registrada na Junta Comercial de São Paulo com capital de 100 reais. Já o ex-diretor de novos negócios, Elinton Bobrik tornou-se dono da Razak Empreendimentos.

Ainda segundo o jornal, as duas empresas atuavam como holding de instituições não financeiras, ou seja, foram criadas de modo a controlar as decisões políticas e administrativas de várias empresas. Companhias desse tipo costumam facilitar a lavagem de dinheiro por meio de empresas situadas em paraísos fiscais.

Tanto a Antillas quanto a Razak foram criadas por Ivan dos Santos Freire e Valdison Amorim dos Santos. A dupla possui cerca de 50 empresas com capital de 100 reais registradas nos últimos três anos.

Fraude

Na semana passada, o Grupo Silvio Santos fechou um acordo com o Banco Central para ter acesso a um empréstimo de 2,5 bilhões de reais para “salvar” o Panamericano, após serem constatadas inconsistências contábeis no balanço da instituição. Em troca, o Grupo Silvio Santos ofereceu como garantia os bens do patrimônio empresarial - que incluem o STB e o Baú da Felicidade. A fraude sofrida pelo banco foi detectada há pouco mais de cinco semanas por técnicos do BC.

O problema foi percebido durante a análise das operações de crédito vendidas pela financeira do Grupo Silvio Santos aos grandes bancos de varejo. Na análise feita pelo BC, foi constatado que essas instituições haviam adquirido operações do PanAmericano em número menor que o declarado pela financeira do empresário Silvio Santos. É como se o comprador declarasse a aquisição de 10 carteiras, mas o vendedor registrava a venda de 50 operações. Ao reconhecer a falha, Silvio Santos tomou a frente das negociações para recuperar a saúde financeira da instituição financeira.

Diretoria

A antiga diretoria do Panamericano era encabeçada por Rafael Palladino, casado com a irmã da mulher do empresário e apresentador Silvio Santos, controlador do banco. Palladino é apontado como um dos responsáveis pela fraude.

O banqueiro já trabalhou com atividades bem diversificadas, para dizer o mínimo. Estudou Educação Física, foi professor, personal trainer, administrador de academias e dono de uma rede de postos de gasolina. Em 1990, foi convidado por Silvio Santos para se tornar assessor da área de imóveis do grupo. Em vinte anos de trabalho para o homem do baú, atingiu o maior cargo diretivo de seu grupo.

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