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Depois de vender empresas para a Magalu, executivo aposta em PMEs — e quer faturar R$ 200 milhões

O empresário Ricardo Rocha começou como prestador de serviços de tecnologia. Hoje, uma de suas apostas é no aluguel e venda de equipamentos para pequenas e médias empresas

Ricardo Rocha, fundador da Blips: "O bloqueio de equipamentos a distância garante a sustentabilidade do negócio" (Blips/Divulgação)
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 13h55.

Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 13h18.

O empresário Ricardo Rocha deixou no último ano a liderança da plataforma de vendedores do Magazine Luiza, depois de quase cinco anos no cargo. Responsável pelo desenvolvimento do marketplace da companhia, o empresário vendeu três de suas empresas de tecnologia (Softbox, Kelex e Solução Certa) para a gigante do varejo em uma transação de nove dígitos. Hoje, aplataforma conta com mais de 300 mil varejistas cadastrados.

"Nosso diferencial sempre foi a especialização dos serviços oferecidos para o varejo. O Magalu comprou a tecnologia e um time especializado em uma tacada só", diz o empresário.

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Agora, Rocha se dedica de forma integral a aceleradora InPulse. A tese de desenvolvimento de novos negócios parte da ideia de oferecer ao mercado soluções tecnológicas para antigas dores.

Fundada em 2019, a Blips é uma das empresas em destaque no portfólio da aceleradora. Com foco em pequenas e médias empresas, a companhia oferece soluções financeiras para o aluguel ou compra de equipamentos. Em 2023, o faturamento foi de R$ 85 milhões, alta de 4150%. Para este ano a expectativa é avançar 135% e terminar o ano com faturamento de R$ 200 milhões.

O grande diferencial é a tecnologia de gerenciamento remoto acoplada na placa mãe dos equipamentos, o que facilita o acesso das PMEs aos aparelhos ao mesmo tempo que reduz os riscos de prejuízo da companhia.

"O risco de inadimplência é reduzido praticamente a zero. É do interesse do empreendedor fazer o negócio dele prosperar e ter acesso aos aparelhos", diz o investidor.

Quem é o empresário

O mineiro começou sua trajetória profissional como prestador de serviços -- assim como muitos pequenos empreendedores. No colegial, teve acesso ao ensino técnico de administração e depois se formou em Ciência da Computação. Antes mesmo de concluir os estudos, Rocha já atendia empresas de Uberlândia, onde morava na época com a família.

De boca em boca, ele foi ganhando espaço e atraindo novos clientes. Ministrou aulas de informática para alunos e professores no começo dos anos 2000 até conquistar seus primeiros clientes no varejo. Foi quando ele criou a Rocha Sistemas, que futuramente passou a ser a Softbox, especializada em prestação de serviços em tecnologia.

"Muitas empresas estavam digitalizando seus negócios, desde pagamentos até desenvolvimento de mobile. Uma empresa indicava para outra e começamos a atender varejistas cada vez maiores", diz o empresário.

No portfólio de clientes estão empresas como: Martins Atacado, Lojas Mig, American Express e a rede de lojas da Ricardo Eletro.

Em 2008, com o boom do e-commerce, outras marcas passaram a buscar a empresa para desenvolver suas plataformas online e a empresa começou a se tornar referência na área.

A maior demanda por serviços especializados levou Rocha e seus sócios desdobraram o negócio em novas empresas: a Kelex, responsável pela integração de marketplaces e a Solução Certa, que oferecia uma plataforma para a oferta de serviços financeiros, seguros e afinidade. Ambas vendidas em 2018 para o Magalu desenvolver seu próprio marketplace.

O foco em PMEs

As pequenas e médias empresas são a maioria dos negócios no Brasil. Perto de 30% do PIB vem daí.  Em outubro,a marca de 1,78 milhão de novos empregos gerados desde o início do ano. Desse universo, quase 71% foram criados pelas micro e pequenas empresas, o que corresponde a aproximadamente 1,26 milhão de novos postos de trabalho.

Apesar disso, os empreendedores ainda sentem (no bolso) dificuldades para conseguir crédito e financiar seus empreendimentos. Rocha explica que, no segmento em que ele atua, o maior risco é de perda do aparelho. "No geral, os equipamentos não tem número de rastreio. Com a nossa tecnologia, cada aparelho passa a ter uma certidão de nascimento", explica.

Para reduzir os riscos de inadimplência, os aparelhos alugados e vendidos pela Blips contam com geolocalização e telemetria de uso para acompanhar o desempenho do equipamento. De forma simples, a empresa consegue ligar e desligar aparelhos a distância, tornando o ambiente de negócio mais favorável para a concessão de crédito para PMEs.

Operando desde 2019, a companhia já tem 2500 máquinas em operação. Boa parte delas está concentrada no mercado de estética, como aparelhos de depilação a laser e remoção de tatuagem.

Em 2024, o plano é avançar em novos mercados como de confecção, construção civil e academias de ginástica. "Concedamos crédito para empreendedores que normalmente são rejeitados pelo mercado tradicional. Isso só é possível graças a nossa tecnologia própria".

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