Estácio: segundo a empresa, as demissões fazem parte de um remanejamento interno (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 08h27.
Rio de Janeiro - A decisão da Universidade Estácio de Sá de demitir 1,2 mil professores para contratar profissionais por um salário menor para o ano letivo de 2018 já está no radar do Ministério Público do Trabalho.
A universidade explicou ao Ministério Público que os salários estavam inviabilizando a atividade da empresa, e que as demissões fazem parte de um remanejamento interno.
"Se a Estácio pagar tudo o que deve aos professores demitidos e contratar (os novos profissionais) pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não tem problema algum, mas o MPT está atento", disse a assessoria do órgão.
Na avaliação do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região, as demissões vão prosseguir e devem atingir 1,5 mil professores, dos 10 mil no País inteiro.
Após a primeira reunião nesta quinta-feira, 7, com professores e coordenadores demitidos, o sindicato decidiu promover hoje uma manifestação na sede da universidade no Estácio, no centro do Rio, primeira unidade da empresa na cidade.
O objetivo é a readmissão de todo os professores, disse o diretor do sindicato Hélio Maia, que acusa a Estácio de ter esperado a reforma trabalhista entrar em vigor para iniciar as demissões.
Ele informou que cerca de cem professores estiveram presentes na reunião e que a indignação é geral. Todos foram pegos de surpresa, disse Maia, e alguns no meio da aula.
Os professores demitidos têm entre 10 anos e 31 anos na Estácio. "O que nos assusta é a qualidade dos professores demitidos, esse grupo foi o que levou a Estácio à segunda posição no ranking do ensino no Brasil, com certeza a qualidade agora vai cair", afirmou.
Uma das principais empresas de ensino no Brasil, a Estácio negocia ações na Bolsa de Valores de São Paulo e tem chamado a atenção pelo crescimento e bons resultados.
A empresa tem investido no Ensino a Distância (Ead) e este ano foi alvo do interesse da principal empresa brasileira do setor, a Kroton.
A compra não foi adiante por impedimento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), alegando que haveria concentração de mercado.
O professor José Antonio Barros, de 66 anos, ou apenas Barros, como é conhecido há 18 anos pelos alunos da Estácio, foi um dos surpreendidos pela demissão.
Responsável por cinco cursos de graduação na área de gestão de Recursos Humanos e de dois na pós-graduações na área de saúde na universidade, Barros vem recebendo mensagens diárias de alunos perdidos por não saber como será a continuidade dos cursos.
"Nunca tive tanta desconsideração na minha carreira, todos os demitidos foram os que formaram a eficiência da Estácio. A qualidade da universidade vai cair, eles só pensam no lucro. A intenção é reduzir cada vez mais a participação do professor", afirmou.
A Estácio negou que esteja se aproveitando da nova lei trabalhista para realizar a sua reestruturação, já que as contratações se darão pelo mesmo regime de trabalho dos professores que estão sendo desligados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.