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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
A segunda maior fabricante mundial de computadores, a americana Dell, anunciou no fim da tarde desta quinta-feira (30/08) aumento de 46% em seu lucro líquido - correspondente a 733 milhões de dólares - e de 4,8% na receita do seu segundo trimestre fiscal, encerrado em 03 de agosto - o equivalente, em vendas, a 14,77 bilhões de dólares. Os valores ficaram acima do esperado pelos analistas e foram suficientes para que já se fale numa "virada" da situação turbulenta que a empresa vem enfrentando, desde 2006, segundo o jornal americano Wall Street Journal.
A crise da Dell começou em agosto do ano passado, quando uma comissão de auditoria iniciou uma investigação interna para apurar a situação financeira da companhia e descobriu que executivos do alto escalão ajudaram a manipular os balanços da empresa para adequá-los artificialmente às metas trimestrais. Depois do caso a Dell, teve que refazer os cálculos financeiros de quatro anos de operações e reduziu em 50 milhões de dólares o lucro anunciado durante esse período. Somada à crise de governança veio a perda da posição de líder mundial do seu setor em vendas fora dos Estados Unidos, posto assumido pela Hewlett-Packard.
Ainda hoje, a empresa segue sob a mira de uma investigação independente da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que fiscaliza o mercado de ações nos EUA), mas o crescimento acelerado de vendas foi um sinal para o mercado de que a empresa começa a retomar a rota que vinha trilhando antes desses problemas.
"É um passo adiante na ';virada'; da Dell, o que nos traz mais confiança nas mudanças pelas quais a empresa vem passando", afirmou ao WSJ o analista do banco de investimentos Pacific Crest Securities, Brent Bracelin.
Bom momento, mas preocupações à vista
A resposta também foi positiva na bolsa nova-iorquina Nasdaq: as ações da Dell valorizaram-se 1,4%, na abertura do pregão, nesta sexta-feira (31/08). Segundo o WSJ, alguns consultores encaram o desempenho positivo como um primeiro resultado do retorno de Michael Dell à posição de executivo-chefe de operações, em janeiro desse ano.
Esse aumento dos lucros da companhia foi ancorado, em boa medida, no reforço das vendas de servidores, que apresentaram elevação de 14%, e sistemas de armazenamento de dados, com vendas 20% maior, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados refletem a nova estratégia da empresa de vender seus produtos não apenas pelo telefone ou pela internet, mas também em lojas populares, como os supermercados Wal-Mart. Também colaborou a queda nos preços de componentes como chips de memória.
A recuperação da Dell, no entanto, ainda pode esbarrar justamente nesse último fator. Segundo a própria empresa, o próximo resultado pode ser menos favorável por causa da desaceleração no "barateamento" dessas peças.