Para a Boeing, a compra pela controladora da British Airways foi uma surpreendente demonstração de confiança no Max (Boeing/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2019 às 13h00.
Última atualização em 15 de julho de 2019 às 13h00.
O presidente da IAG, Willie Walsh, admitiu que a decepção com a Airbus devido a entregas atrasadas influenciou a decisão dele de fazer uma encomenda à Boeing de US$ 24 bilhões em jatos 737 Max, que estão proibidos de voar.
O custo e a estratégia de formar uma frota mista de aviões de fuselagem estreita não foram as únicas considerações. Segundo Walsh, a IAG enfrentou atraso médio de 70 dias nas estregas do modelo A320, que compete com o Max.
O acerto preliminar para compra de 200 unidades do modelo 737, revelado no mês passado durante o Salão Aéreo de Paris, “deve ser uma indicação não só para a Airbus, mas para todos, de que estamos insatisfeitos com a performance dela”, afirmou o executivo durante entrevista realizada em Bruxelas. “Sei que todo mundo interpreta isso como uma questão de preço e não é.”
Atrasos
A Airbus tem lutado para cumprir os prazos de entrega do A320 após repetidos atrasos na produção e no design das turbinas, e mais recentemente, na fabricação de cabines sob medida. Um porta-voz disse que a empresa, sediada em Toulouse, na França, está trabalhando com clientes para combinar revisões de datas.
Embora a Airbus tenha prometido mais esforços para conquistar a encomenda da IAG — que foi anunciada na forma de carta de intenção e ainda não faz parte oficialmente do cronograma de pedidos da Boeing —, Walsh adiantou que está totalmente empenhado em assinar o acordo e que não vai abordar a fabricante europeia, acrescentando que não quer “depender unicamente” de uma companhia para toda a frota de aeronaves de fuselagem estreita.
Confiança
Para a Boeing, a compra pela controladora da British Airways foi uma surpreendente demonstração de confiança no Max, por parte de uma compradora respeitada. O jato está impedido de voar desde março, após dois acidentes fatais em um período de cinco meses. Walsh, que já foi piloto de 737, disse que a bateria sem precedentes de testes no avião para que volte a voar deve restaurar a confiança dos passageiros no modelo.
“Quando o Max voltar a voar, terá passado pelo exame mais completo já feito em uma aeronave”, disse Walsh. "Por isso eu acho que as pessoas terão confiança no avião.” Ele disse à Bloomberg TV que também confia nos reguladores de segurança. E acrescentou: “Este é um bom processo."
As entregas dos jatos de fuselagem larga da Airbus também estão atrasadas, mas não tanto. Walsh disse que ainda está conversando sobre outros modelos, incluindo o A330. Em Paris, ele também fez encomendas do A321 XLR, o avião de corredor único com maior autonomia de voo do mundo.
Paralelamente, a Boeing informou na quinta-feira que o líder do programa 737, Eric Lindblad, vai se aposentar após apenas um ano no cargo. O desafio logístico de colocar o Max nos ares novamente após a autorização dos órgãos reguladores agora será responsabilidade de Mark Jenks, que estava comandando o novo programa de aviões médios da empresa.