Irineu Weihermann, da Oxford: nós iremos fugir das commodities (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de novembro de 2023 às 08h00.
Última atualização em 25 de novembro de 2023 às 08h29.
O mercado internacional já foi o principal negócio da Oxford, a empresa de louças e porcelanas criada há 70 anos em Santa Catarina, na cidade de São Bento do Sul. No final do século passado, 70% das vendas eram geradas fora do Brasil, mas o negócio não era vantajoso.
“A Oxford mandava a louça com uma nota de dólar junto”, brinca Décio da Silva, presidente do conselho de administração da WEG e da holding que controla a Oxford desde 2003. Na mudança de gestão, a empresa procurou uma nova rota e focou a operação para o mercado interno, responsável pelo faturamento de 90% dos resultados do grupo.
Passados 20 anos, a Oxford prepara uma nova imersão internacional. A companhia deve inaugurar em 2024 um centro de distribuição de produtos nos Estados Unidos. O plano é usar o espaço como entreposto para varejistas americanos, europeus e até mesmo asiáticos serem reabastecidos em questão de dias.
Num primeiro momento, o espaço deve receber os itens de maior valor agregado, até como um caminho para evitar a competição bater de frente com a competição de produtos asiáticos. “Nós temos de fugir das commodities”, diz Irineu Weihermann, diretor-presidente da companhia desde 2012.
“Iremos com produtos de formatos diferenciados, decorações mais elaboradas e esmaltes que permitem que o gosto dos alimentos seja preservado.” Nos planos está ainda a abertura de uma loja virtual para venda dos produtos diretamente ao consumidor americano.
“Temos uma oportunidade muito boa para crescer na área internacional”, diz Décio da Silva, um dos responsáveis pela ambição global da WEG a partir dos anos 1990. No gigante dos componentes elétricos, a expansão envolveu três passos sucessivos: importação de produtos do Brasil, criação de cadeias de distribuição própria no exterior e construção de fábricas pelo mundo. Agora, portanto, a Oxford, está dando o segundo passo. “Quando a segunda etapa amadurecer, teremos a terceira, que é onde a WEG está”, diz.
A estratégia coincide com o novo momento da companhia, hoje com a estrutura de um grupo dividido em três marcas: a própria Oxford, a Biona, com produtos mais acessíveis, e a Strauss, com taças e peças de cristal.
O portfólio também avançou ao longo dos anos, acompanhando tendências e demandas de mercado. Carro-chefe nos números da empresa, os pratos contam com formatos diversos, entre modelos quadrados, retangulares e até mesmo orgânicos, nome dado às peças sem um formato geométrico definido. Além disso, novos itens entraram no portfólio, como panelas de cerâmica, refratários, chaleiras, assadeiras, tábuas e potes.
Em 2022, o negócio faturou R$ 449 milhões, montante que representa avanço de mais de 50% em relação aos resultados gerados em 2019. A pandemia, com o aumento do interesse repentino em utensílios domésticos das pessoas quando estavam em quarentena, impulsionou as vendas do negócio.
Com a ressaca do mercado de varejo local após o fim da crise sanitária, a entrada de outros mercados será um dos caminhos da companhia para manter o ritmo de expansão e alcançar novas ambições. No radar, a Oxford quer dobrar de tamanho em 5 anos e beirar o faturamento de R$ 1 bilhão.
A EXAME preparou uma reportagem que conta a história e os momentos de virada na trajetória da companhia. O artigo apresenta dados sobre a Oxford e o mercado de louças e porcelanas. Leia aqui: Resistente a quedas: após crescer 50% na pandemia, a catarinense Oxford avança para outros mercados