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CSN vai ao BNDES para tentar levar ativos da Thyssen

O desafio do empresário Benjamin Steinbruch de tocar a negociação e convencer velhos desafetos a ajudá-lo na compra da CSA havia sido antecipado pela EXAME

O objetivo da CSN é apresentar ao BNDES o acordo articulado nas últimas semanas com a Thyssen, que envolve uma combinação entre desembolso de dinheiro e troca de ativos (Bia Parreiras/EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2013 às 19h05.

Rio de Janeiro - A Companhia Siderúrgica Nacional ( CSN ), do empresário Benjamin Steinbruch, baterá, novamente, à porta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em busca de apoio financeiro na compra de ativos da ThyssenKrupp.

O objetivo é apresentar ao BNDES o acordo articulado nas últimas semanas com o grupo alemão, que envolve uma combinação entre desembolso de dinheiro e troca de ativos.

No novo modelo desenhado, Steinbruch deve reivindicar parceria financeira do banco para a compra da usina do Alabama, nos Estados Unidos, provavelmente dentro do programa de apoio à internacionalização de empresas brasileiras.

Nesta sexta-feira, a siderúrgica alemã divulgou comunicado informando estar em "negociações intensas" sobre a Steel Americas, grupo que engloba duas usinas integradas, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), fabricante de placas sediada no Rio, e a laminadora instalada no Alabama, construída para receber as chapas produzidas na capital fluminense.

Os detalhes do acordo são guardados a sete chaves. O banco, até agora, mantém descartada a participação na proposta da CSN pelos ativos da Thyssen. Inicialmente, a siderúrgica de Steinbruch tentava conseguir a parceria do BNDES numa proposta de US$ 3,8 bilhões para a compra da CSA. Sem o banco, a proposta financeira teria de ficar em patamar bem mais baixo.

Nesse redesenho, o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a Thyssen não venderia toda a fatia acionária na CSA, como planejava, inicialmente. Também pode entrar no acordo uma cláusula de desempenho, o que aumentaria, eventualmente, o valor final a ser pago.

A resistência do BNDES em financiar a operação teria motivado a CSN a buscar uma solução alternativa para continuar na disputa. Nos bastidores, o BNDES sempre deixou claro que o impasse ao financiamento estava nas garantias a serem oferecidas. A instituição financeira exigia da CSN ativos de maior peso, como a mina de Casa de Pedra e a Namisa para assegurar o negócio.

Steinbruch havia apresentado uma proposta na qual separava os ativos minerários dos siderúrgicos. Com isso, o BNDES deixaria de participar da fatia atualmente mais rentável do grupo. No comunicado desta sexta-feira, a Thyssen citou a sócia Vale e o próprio banco, que é credor da CSA. Os dois terão de ratificar qualquer acordo firmado pela direção da companhia alemã.


"Essas negociações incluem conversas com o nosso parceiro envolvido Vale S.A. (Vale), que detém cerca de 27% da participação na fábrica no Brasil que está à venda, o banco de desenvolvimento brasileiro BNDES, assim como círculos do governo brasileiro", disse a empresa.

Em 2007, o BNDES aprovou financiamento no valor de R$ 1,48 bilhão para a instalação do complexo siderúrgico, que correspondia a 18% do investimento total do projeto, de R$ 8 bilhões. CSN e Thyssen apostam no apelo nacionalista do negócio, com a ampliação da siderurgia brasileira nos EUA.

Além do BNDES, o acordo que é negociado entre a CSN e a Thyssen precisa também agradar à Vale. Na operação desenhada pela equipe Steinbruch, a mineradora teria um papel mais relevante do que, simplesmente, dar aval ao negócio.

Desde que a Thyssen pôs a fatia na CSA à venda, a Vale tem deixado claro que exigirá a garantia de manutenção dos atuais direitos contratuais na empresa. Além de estar no bloco de controle, a companhia fechou, em 2006, contrato de fornecimento de minério no prazo de 15 anos e não pretende abrir mão disso. O que é desfavorável à CSN, também produtora de minério.

A cartada apresentada por Steinbruch à Thyssen nessa reta final tirou de cena a concorrente Ternium, que chegou a fazer uma oferta pela CSA. Esta semana, o grupo argentino anunciou, oficialmente, a desistência do negócio. O Broadcast apurou que a intenção da Thyssen é concluir as negociações até junho.

O interesse dos alemães em pôr um ponto-final nessa novela faz sentido. Em 2012, o grupo precisou fazer uma baixa contábil de 3,6 bilhões de euros por conta do fraco desempenho das operações na divisão de aço da companhia no Brasil e no Alabama.

Com 26,87% do capital da CSA, a Vale também amargou perdas com o investimento na siderúrgica e contabilizou uma US$ 583 milhões no balanço de 2012. Desde que entrou no projeto a Vale só tem dor de cabeça com o ativo.


Ainda na fase de construção, a mineradora precisou aumentar a fatia no bloco de controle para viabilizar o projeto prejudicado pela delicada situação financeira vivida pela Thyssen. Desde a crise internacional de 2008, que reduziu a demanda mundial por produtos siderúrgicos, a sócia alemã tenta se ajustar à nova realidade do setor.

Com a nova cartada, Steinbruch vai ao encontro dos interesses do governo de aumentar a nacionalização no setor siderúrgico. A dúvida é saber se a proposta, realmente, sensibilizará, o BNDES.

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O objetivo é apresentar ao BNDES o acordo articulado nas últimas semanas com o grupo alemão, que envolve uma combinação entre desembolso de dinheiro e troca de ativos.

No novo modelo desenhado, Steinbruch deve reivindicar parceria financeira do banco para a compra da usina do Alabama, nos Estados Unidos, provavelmente dentro do programa de apoio à internacionalização de empresas brasileiras.

Nesta sexta-feira, a siderúrgica alemã divulgou comunicado informando estar em "negociações intensas" sobre a Steel Americas, grupo que engloba duas usinas integradas, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), fabricante de placas sediada no Rio, e a laminadora instalada no Alabama, construída para receber as chapas produzidas na capital fluminense.

Os detalhes do acordo são guardados a sete chaves. O banco, até agora, mantém descartada a participação na proposta da CSN pelos ativos da Thyssen. Inicialmente, a siderúrgica de Steinbruch tentava conseguir a parceria do BNDES numa proposta de US$ 3,8 bilhões para a compra da CSA. Sem o banco, a proposta financeira teria de ficar em patamar bem mais baixo.

Nesse redesenho, o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a Thyssen não venderia toda a fatia acionária na CSA, como planejava, inicialmente. Também pode entrar no acordo uma cláusula de desempenho, o que aumentaria, eventualmente, o valor final a ser pago.

A resistência do BNDES em financiar a operação teria motivado a CSN a buscar uma solução alternativa para continuar na disputa. Nos bastidores, o BNDES sempre deixou claro que o impasse ao financiamento estava nas garantias a serem oferecidas. A instituição financeira exigia da CSN ativos de maior peso, como a mina de Casa de Pedra e a Namisa para assegurar o negócio.

Steinbruch havia apresentado uma proposta na qual separava os ativos minerários dos siderúrgicos. Com isso, o BNDES deixaria de participar da fatia atualmente mais rentável do grupo. No comunicado desta sexta-feira, a Thyssen citou a sócia Vale e o próprio banco, que é credor da CSA. Os dois terão de ratificar qualquer acordo firmado pela direção da companhia alemã.


"Essas negociações incluem conversas com o nosso parceiro envolvido Vale S.A. (Vale), que detém cerca de 27% da participação na fábrica no Brasil que está à venda, o banco de desenvolvimento brasileiro BNDES, assim como círculos do governo brasileiro", disse a empresa.

Em 2007, o BNDES aprovou financiamento no valor de R$ 1,48 bilhão para a instalação do complexo siderúrgico, que correspondia a 18% do investimento total do projeto, de R$ 8 bilhões. CSN e Thyssen apostam no apelo nacionalista do negócio, com a ampliação da siderurgia brasileira nos EUA.

Além do BNDES, o acordo que é negociado entre a CSN e a Thyssen precisa também agradar à Vale. Na operação desenhada pela equipe Steinbruch, a mineradora teria um papel mais relevante do que, simplesmente, dar aval ao negócio.

Desde que a Thyssen pôs a fatia na CSA à venda, a Vale tem deixado claro que exigirá a garantia de manutenção dos atuais direitos contratuais na empresa. Além de estar no bloco de controle, a companhia fechou, em 2006, contrato de fornecimento de minério no prazo de 15 anos e não pretende abrir mão disso. O que é desfavorável à CSN, também produtora de minério.

A cartada apresentada por Steinbruch à Thyssen nessa reta final tirou de cena a concorrente Ternium, que chegou a fazer uma oferta pela CSA. Esta semana, o grupo argentino anunciou, oficialmente, a desistência do negócio. O Broadcast apurou que a intenção da Thyssen é concluir as negociações até junho.

O interesse dos alemães em pôr um ponto-final nessa novela faz sentido. Em 2012, o grupo precisou fazer uma baixa contábil de 3,6 bilhões de euros por conta do fraco desempenho das operações na divisão de aço da companhia no Brasil e no Alabama.

Com 26,87% do capital da CSA, a Vale também amargou perdas com o investimento na siderúrgica e contabilizou uma US$ 583 milhões no balanço de 2012. Desde que entrou no projeto a Vale só tem dor de cabeça com o ativo.


Ainda na fase de construção, a mineradora precisou aumentar a fatia no bloco de controle para viabilizar o projeto prejudicado pela delicada situação financeira vivida pela Thyssen. Desde a crise internacional de 2008, que reduziu a demanda mundial por produtos siderúrgicos, a sócia alemã tenta se ajustar à nova realidade do setor.

Com a nova cartada, Steinbruch vai ao encontro dos interesses do governo de aumentar a nacionalização no setor siderúrgico. A dúvida é saber se a proposta, realmente, sensibilizará, o BNDES.

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